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Edição de 29-02-2024
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    Arquivo: Edição de 20-09-2007

    SECÇÃO: Crónicas


    Darfur escalda e grita

    A situação política e humanitária que se vive no Sudão, em especial no sul do país e na região do Darfur é extremamente dramática. Drama, que desde que se instalou a guerra civil em 2003, nunca mais viu o fim. A guerra civil redundou numa vingança irracional em que os janjawis, árabes favorecidos pelo governo de Cartum, passam bem armados pelas aldeias e num instante destroem casas, exploram, violam e matam os habitantes. O Engenheiro António Guterres, Alto Comissário das Nações Unidas para os refugiados desde 15 de Junho de 2005, numa entrevista colectiva concedida às publicações da MISSÃO PRESS, fala de 4 milhões de famintos que são "alimentados por dinheiro internacional" e pela solidariedade inventiva de algumas entidades.

    A tragédia cifra-se para além de um incontrolável número de mortos, em muitos milhares de desaparecidos, de feridos, de mutilados, de deslocados de guerra, de refugiados, todos eles a precisarem de ajuda humanitária. Assim rezam mais concretamente os números: mais de 200 mil pessoas mortas, 2,5 milhões de deslocados e 4 milhões carecem de ajuda e cerca de 1500 aldeias apagadas do mapa.

    A tragédia sudanesa tem no geral, sido votada ao silêncio vergonhoso dos meios de comunicação. Será um silêncio cobarde, racista? Pelo menos é profundamente desumano e escandaloso. Estive em França e Espanha e tive a oportunidade de ver na TV reportagens pormenorizadas e longas sobre o drama do Darfur, como poderiam ver também em Portugal os nossos alguns amigos que têm acesso televisivo para além dos "4 canais Tv dos pobres". Cito por exemplo, a TV 5, com grandes reportagens. Os bispos franceses fizeram um apelo internacional veemente para ajuda humanitária ao Darfur. Em Portugal é notícia de vez em quando em alguns jornais. De louvar as revistas missionárias que nos meses de Junho e Julho publicaram uma longa entrevista com o Engenheiro Guterres. Entrevista que aborda, as questões postas por representantes das publicações missionárias da MISSÃOPRESS, unidos numa campanha pelo drama do Darfur. As revistas missionárias deram relevo ao drama do Darfur que roça o genocídio.

    Esperamos e desejamos sinceramente que a opinião pública vire as antenas para os grandes problemas e desafios do mundo real em que vivemos. Como dizia Guterres: "A Europa não tem assumido as suas responsabilidades em relação ao continente africano".

    A Presidência portuguesa da União Europeia deverá dar um grande passo para assumir essa responsabilidade em cooperação leal e mutuamente proveitosa. "No Darfur continua a existir uma situação de insegurança generalizada, com violação dramática dos direitos humanos para a população em geral", continua o Eng. Guterres.

    Outro problema gravíssimo no continente africano é o da sida. Também mais ou menos silenciado ou relevado para somenos importância. No entanto, poderá fazer desaparecer a população africana, segundo afirma numa entrevista Jesús Romero, responsável de Missões de Paz da Comunidade de Santo Egídio, que já levam uma década trabalhando pela erradicação da Sida em Moçambique donde estendeu seu trabalho a outros países africanos: é preciso "garantir a sobrevivência deste continente, porque se não se conseguir curar os enfermos e que nasçam crianças saudáveis - atacando a sida - a África desaparecerá". A Sida é um desafio a vencer, mas é preciso vencer o tremendo escândalo da miséria.

    O clamor dos africanos, dos que ainda têm força para gritar, não pode ficar silenciado por mais tempo ou o mundo em que vivemos passará na realidade a ser o já tão chamado "mundo cão".

    Por: Armando Soares

     

     

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