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    Arquivo: Edição de 30-07-2007

    SECÇÃO: Editorial


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    Cacique e caciquismo

    No actual contexto da nossa sociedade a palavra cacique deixou de se usar, não porque o caciquismo tenha sido irradiado; em sua substituição, usam-se palavras mais suaves, cujo conteúdo ou significação é mais abrangente, deixando sempre em aberto uma dupla leitura que em última instância atenua o comportamento dos autores.

    Sempre tive uma certa relutância em relação à ambiguidade, ao morno, ao cinzento, àqueles de quem se diz, pura e simplesmente, que não eram más pessoas…

    Quando era miúda ouvia, lá por casa, dizer que essa era a frase que se aplicava a quem nunca tinha feito nada de jeito…

    Nessa altura não percebia muito bem porque diziam isso. Se não era má pessoa, é porque era boa pessoa?...

    Hoje entendo e estou de acordo.

    Quem pauta a sua vida assente em princípios e valores, compreende que, muitas vezes, tem que assumir posições, não podemos usar uma venda, esquecer tudo, fazer tábua rasa, nem que essas posições nos sejam incómodas, nos marquem, nos identifiquem em situações que nos são desfavoráveis.

    Tenho um grande respeito pelas pessoas coerentes, nem que sejam meus adversários, aliás gosto do confronto de ideais, aprendo sempre, e ajuda-me a consolidar conceitos e a reflectir sobre outros.

    No entanto, nos últimos tempos, temos sido confrontados com situações tão bizarras e confusas que dei comigo agarrada ao dicionário a verificar o verdadeiro significado de algumas palavras.

    Nunca consegui conjugar a palavra democracia com caciquismo, são de tal maneira antagónicas que me parece extremamente perigoso que o excesso de zelo de determinadas pessoas, a boa vontade e a necessidade de mostrar serviço, não transformem muitos eleitos democraticamente em verdadeiros caciques e, senão vejamos o que é um cacique: «chefe político que dispõe de votos dos eleitores de uma localidade e que exerce o poder de forma arbitrária; pessoa com muita influência em determinado local; manda chuva».

    Não estamos cheios deles por este país fora?

    Quanto ao caciquismo, diz--se «daquele que utiliza a influência política ou predomínio dos caciques; atitudes típicas de um cacique; arbitrariedade».

    A Política não pode ser confundida com politiquice, a Política é a ciência ou arte de governar, como não podemos confundir um militante com um politiqueiro.

    Um militante é alguém que toma parte activa na defesa de um partido ou causa, que defende activamente uma causa ou um movimento.

    No entanto, hoje em dia, existem também os lobbies ou grupos de pressão que frequentam as antecâmaras dos parlamentos para influenciarem os deputados para votar em acordo com os seus interesses.

    Às vezes penso que tudo isto anda demasiado misturado e que leva a grandes equívocos e injustiças na análise que fazemos de determinadas pessoas no calor dos nossos entusiasmos, sejam eles políticos, de interesses sociais, familiares ou de grupo.

    Na vida como em tudo, “ é preciso não perder o tino”.

    Por: Fernanda Lage

     

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