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    Arquivo: Edição de 30-05-2007

    SECÇÃO: Destaque


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    ÁGORARTE - II CONFERÊNCIAS DE ERMESINDE

    D. António Ferreira Gomes - o bispo da Liberdade

    Não pode reduzir-se a acção de D. António Ferreira Gomes, bispo do Porto, apenas aos aspectos da sua vida civica. Mas não foi por acaso que, com este título, um dos alunos da Escola Básica D. António Ferreira Gomes se lhe referiu num dos muitos desenhos que os estudantes desta escola de Ermesinde lhe dedicaram, e que estiveram expostos no Fórum Cultural de Ermesinde, na altura da Conferência organizada pela associação cultural Ágorarte.

    De facto, foi ao ilustre bispo do Porto que foram dedicadas as II Conferências de Ermesinde (as primeiras tiveram Eça como tema), tendo participado activamente na evocação de D. António Ferreira Gomes, quer os alunos da escola local que leva o seu nome (com trabalhos de desenho, declamação de um poema de Sophia e exibições musicais), quer várias personalidades que o conheceram e com ele conviveram bem de perto, caso do director do Colégio de Ermesinde, padre Sebastião Brás, que usou da palavra para um breve testemunho muito sentido, quer o principal orador desta noite de 25 de Maio passado, o bispo auxiliar do Patriarcado de Lisboa, D. Carlos Azevedo.

    A sessão, na qual foi ainda projectado o documentário “D. António Ferreira Gomes (1906-1989) Bispo do Porto ao Serviço da Liberdade”, teve na Mesa de Honra além do já referido ilustre conferencista, o presidente da Câmara Fernando Melo, o presidente da Direcção do Ágora, Carlos José Faria, a presidente do Conselho Executivo da Escola D. António Ferreira Gomes, Helena Ferreira, e o pároco de Ermesinde, João Peixoto.

    Fotos MANUEL VALDREZ
    Fotos MANUEL VALDREZ
    Nascido a 10 de Maio de 1906, na freguesia de S. Martinho de Milhundós, concelho de Penafiel, D. António Ferreira Gomes foi um dos nove filhos de Manuel Ferreira Gomes e de Albina Rosa de Jesus Ferreira Gomes, sendo também sobrinho do cónego Joaquim Ferreira Gomes, que foi reitor do Seminário de Vilar, no Porto. É ordenado presbítero em 1928, e cumpre funções docentes no já referido seminário, onde virá a ser prefeito, vice-reitor e reitor. Com 30 anos é nomeado cónego capitular da Sé do Porto, e eleito bispo titular de Rando e coadjutor de Portalegre e Castelo Branco.

    Em 1952 torna-se enfim bispo do Porto.

    Em entrevista ao “Comércio do Porto”, de 2 de Junho de 1968, confessa D. António: «Quem faz o bispo é a sua própria diocese. Eu fui para Portalegre e, com surpresa minha, encontrei--me a falar de democracia e coisas parecidas». Em Castelo Branco, na Festa de Jesus Operário, «sem o ter pensado, sem o ter projectado, encontrei-me a dizer: em democracia, o número é a força e vós sois o número; portanto, em democracia, sois a força. Pensai bem nas responsabilidades que isto acarreta» ( in " D. António Ferreira Gomes - Antologia do seu Pensamento"; I volume).

    Por estas e outras, o regime salazarista começa a conspirar para o afastar da diocese. O que nunca conseguirá, apesar de ter forçado o ilustre prelado ao exílio. Mas até a sua proximidade de Portugal, em Vigo ou Santiago de Compostela, lhe desagradava.

    D. António só voltará do desterro com a Primavera marcelista, que cedeu sob os pedidos continuados e massivos da comunidade católica e a vontade da ala mais liberal do regime.

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    Estes e/ou outros aspectos foram evocados por Carlos José Faria na breve biografia que na abertura da Conferência traçou de D. António Ferreira Gomes.

    D. Carlos Azevedo, actual secretário da Conferência Episcopal, Portuguesa e presidente da Fundação SPES (criada pelo próprio D. António Ferreira Gomes) disse dele: «É um Bispo [que] está em comunhão com o Evangelho, está em comunhão com a Igreja e, por isso, não pode deixar de falar em determinadas circunstâncias e fazer a denúncia crítica daquilo que, dizendo-se católico, não é segundo a Doutrina Social da Igreja (DSI). Ora, o corporativismo do Estado Novo, apesar de ser considerado por muitos como de influência católica, foi denunciado por D. António como contrário à DSI, a sua grande luta nos anos 50 até ao exílio».

    D. Carlos Azevedo traçou não só este perfil como homem livre que era, mas também a acção pastoral, a sua vida no exílio, desde o Vaticano à Espanha e Alemanha, e mesmo a sua intervenção após o 25 de Abril, sempre em defesa dos valores da liberdade. Mas dado ter sido já projectado antes o documentário sobre D. António, aligeirou um pouco a conferência para dar mais um testemunho pessoal da sua vivência junto do ilustre prelado.

    No hall de entrada do Fórum Cultural estavam expostos (e ficaram durante mais uns dias), os trabalhos dos alunos da Escola D. António Ferreira Gomes, que teve um importante papel nesta homenagem. Dirigidos pelo professor José Manuel Carvalho, os alunos de várias turmas do 6º Ano da EB 2,3 da Travagem executaram e acompanharam (com a ajuda de viola e xilofone), duas peças musicais para flauta, e Marlon Nuno Carneiro, aluno do 9º Ano, declamou o Poema de Sophia de Mello Breyner que também aqui nestas páginas reproduzimos.

    Seguiu-se a exibição do documentário já referido, a apresentação da conferência pelo presidente da Direcção do Ágora, o testemunho do padre Sebastião Brás, director do Colégio de Ermesinde que conheceu muito bem, D. António Ferreira Gomes, a quem chegou a visitar no exílio, e com quem conversou e conviveu muito.

    O momento alto da Conferência surgiu então com a comunicação de D. Carlos Azevedo, que fugindo de um registo demasiado solene, adoptou para os presentes um modo mais coloquial.

    D. Carlos Azevedo apresentou o bispo do Porto como prelado sempre firme e fiel ao seu lema "De joelhos diante de Deus, de pé diante dos homens".

    Foi assim que D. António assumiu sempre as suas posições de Homem de Igreja.

    A Conferência teve como seus organizadores o cónego João Peixoto, pároco de Ermesinde, os presidente, vice-presidente e secretário da Direcção do Ágora, respectivamente Carlos José Faria, Manuel Valdrez e Álvaro Mendonça, e Mário Neves, professor da Escola EB 2,3 D. António Ferreira Gomes.

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    Por sua vez fizeram parte da Comissão de Honra da Conferência o bispo do Porto, D. Manuel Clemente, o bispo emérito de Setúbal, D. Manuel Martins, o presidente da Câmara de Valongo, Fernando Melo, a presidente da Assembleia Municipal, Sofia de Freitas, a governadora civil do Porto Isabel Oneto, o presidente da Junta de Freguesia de Ermesinde, Artur Pais, o presidente da Assembleia de Freguesia de Ermesinde, Antonino Leite, o director do Colégio de Ermesinde, cónego Sebastião Brás, a directora da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Fernando Pessoa, Maria do Carmo Sequeira, o presidente do Conselho Executivo da Escola Secundária de Ermesinde, Álvaro Pereira, a presidente do Conselho Executivo da Escola D. António Ferreira Gomes, Helena Ferreira, a directora do jornal “A Voz de Ermesinde”, Fernanda Lage, o presidente da Direcção dos Bombeiros Voluntários de Ermesinde, Artur Carneiro, o presidente do Rotary Club de Ermesinde, Vicente Gonçalves, e o presidente do Centro Social de Ermesinde, Alberto Carvalho.

    Por: LC

     

     

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