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    Arquivo: Edição de 15-05-2007

    SECÇÃO: Destaque


    Limpeza do rio Leça: só os resultados podem responder aos cépticos

    Arrancou no terreno, no passado dia 28 de Abril, a primeira acção de limpeza das margens do rio Leça, que teve lugar em Ermesinde, entre a ponte da Travagem e o local para onde está prevista a implantação de um projecto imobiliário, nos terrenos da antiga Resineira.

    Entre outros estiveram presentes vários autarcas, como José Luís Pinto, o vereador do pelouro, os presidentes de Junta de Ermesinde, Artur Pais, e de Alfena, Arnaldo Soares, a presidente da Assembleia Municipal Sofia de Freitas, muitos voluntários da Quercus e da população escolar do concelho, trabalhadores e técnicos da Câmara e das Águas de Valongo (como Nuno Matos Silva), elementos ligados às várias instituições parceiras do projecto, como as Faculdades de Ciências e Engenharia, e ainda militantes social-democratas, como o presidente da Concelhia João Paulo Baltazar.

    Fotos URSULA ZANGGER
    Fotos URSULA ZANGGER
    Depois de anos de promessas, de avanços e recuos, e de jogadas eleitorais para inglês ver, não são poucos aqueles que torcem o nariz à recente iniciativa da Câmara de Valongo que se propõe realizar a limpeza da bacia do Leça no troço respeitante ao concelho.

    Sendo esta precisamente uma questão polémica, já que um município isolado não pode só por si resolver nada, em definitivo, do que respeita à recuperação deste martirizado rio, há quem considere urgente o alargamento desta intervenção.

    Atendendo às diferentes cores partidárias dos municípios da bacia do Leça, desde a nascente à foz, não se afigura fácil que qualquer acordo possa abranger os adversos Matosinhos ou Santo Tirso, já que os interesses partidários sempre se têm sobreposto ao interesse público, seja qual for o partido maioritário em cada um dos concelhos da bacia.

    O facto de haver agora um importante empreendimento imobiliário pode vir dar um empurrão à necessidade de avançar, começando precisamente aqui e restituindo ao Leça alguma dignidade, que não, evidentemente, o bucolismo lírico de outrora.

    Afadigado, Artur Pais, presidente da Junta de Freguesia de Ermesinde, que estava acompanhado por Américo Silva, tesoureiro da Junta, era um dos muitos voluntários que resolveram neste dia de arranque, meter mãos à obra. E sublinhava aliás, isso precisamente, para além dos discursos que todos queriam e sabiam fazer.

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    Sofia de Freitas, a presidente da Assembleia Municipal de Valongo estava também presente, considerando este um momento importante, em que começava a devolver-se o rio à população de Alfena e Ermesinde.

    Nuno Matos Silva, das Águas de Valongo, considerava importantíssima qualquer acção pedagógica em relação à população do concelho, estando mesmo a considerar a possibilidade de lançar uma forte campanha de sensibilização para a preservação do rio, pois muitas vezes os causadores da poluição não chegam a ter consciência de que são poluidores e de que os seus esgotos vão, finalmente, acabar clandestinamente no rio.

    Sobre isto, José Luís Pinto, entusiasmado com os resultados que logo naquela manhã se estava a ter, com a descoberta de algumas fontes poluidores encobertas pela vegetação das margens, esclarecia que os resultados finais só daqui a dois ou três anos poderiam começar-se a sentir, pois sendo agora preciso identificar as fontes da poluição, era necessário dar uma oportunidade às pessoas para resolverem o assunto, só numa fase posterior, se avançando para um eventual sancionamento dos prevaricadores.

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    José Luís Pinto anunciava também que a zona em intervenção iria ficar devidamente sinalizada, enquanto prosseguiam os trabalhos.

    Ricardo Marques, jovem voluntário da Quercus não estava muito certo de que os cuidados de limpeza das margens não fossem de tal modo brutais e evasivos que não pudessem provocar danos à fauna e flora fluviais.

    Ele era um dos muitos jovens que, desde a manhãzinha, recolhiam sacos de plástico, varetas metálicas, trastes velhos, entulho e toda a sorte de detritos indesejáveis ao leito do rio.

    Muitos tinham acampado junto ao rio, próximo do moinho que irá futuramente ser entregue ao Centro Social, e desde muito cedo participavam nos trabalhos de remoção do lixo e de limpeza da margem.

    Quem assistia com muita curiosidade a tudo isto, triste por as suas pernas já não a deixarem fazer o que sempre fez para manter o rio em condições era a senhora Isaura, também ali vizinha e residente há décadas.

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    Grande aparato, muita gente, muitas instituições envolvidas, não são garante, para os mais cépticos, de que o barco chegue a bom porto, mas vendo a coisa pelo outro lado, não deixa de ser importante que no projecto “Corrente Rio Leça” se envolvam instituições com a responsabilidade da CCDRN, que tem que assumir claramente as suas responsabilidades e envolver as demais autarquias da bacia, e como a Quercus, a Amileça, mesmo a Deco, que sob pena de caírem no ridículo, têm que acompanhar e fazer respeitar as orientações científicas dos investigadores das Faculdades de Ciências e de Engenharia, os outros pilares do projecto, com responsabilidade públicas superiores.

    Do cimo da ponte da Travagem muitos mirones observavam o trabalho, entre a curiosidade e a indiferença.

    De facto deixaram chegar o Leça a tal ponto que ele já dificilmente galvaniza as energias de alguém.

    Que haja agora, nem que seja um pequeno sopro, no sentido contrário, só por si já pode ser positivo.

    O que seria necessário era que a memória dos homens fosse exigente e implacável, a julgar a demagogia e o espectáculo, mas ao mesmo tempo mais do que indulgente, fosse colaborante, na altura de se darem alguns passos reais que vão para além do mero interesse de negócios.

    Por: LC

     

     

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