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    Arquivo: Edição de 15-04-2007

    SECÇÃO: Cultura


    DAS ARTES E DAS LETRAS

    AVE Jovem

    O amor é o lugar inalcançável onde os sonhos se tornam eternos e inquebráveis. Onde as mãos não fogem envergonhadas e onde os corpos fazem danças delicadas e sentidas. E onde eu te olho amor e me estremeço até ao fim das arteríolas e das pontas do corpo. Não se aprende a amar e esse dom que nasce contigo desperta das mais profundas entranhas do ser e mergulha na alma do ser que amas e olhas com a dor mais bela que se sente no mundo. E eu procuro acalmar essa ansiedade de mostrar tudo o que sentes no peito. E fecho os teus lábios de onde saem palavras e ditos que não me interessam. Pois parecem deixar fugir o amor pelo ar à volta. E fazem-me chorar infinitamente por me sentir amada por alguém, por me aquecer o coração e me amolecer os membros. Oh amor, embarca por mim o receio de dissipar todo este sentir de uma vez e não te dar mais por onde beber. De parar de correr este trago finito e frágil e mergulhar-nos na solidão. De te dar o que depois deixará de existir…

    O amor é a dor que corre pelos que amam sós. E é a morte de quem ama sem ninguém a quem dar o sentir. É a escrita dos eternamente apaixonados e a ficção dos que acreditam amar só uma vez em toda a eternidade. Onde os corpos dançam acertadamente no escuro e os beijos não são arrancados, mas espasmos de prazer. O lugar onde as tempestades ocorrem sem parar e a vida se torna maior e mais bela. O ar é sugado na paz dos olhos abertos em sorrisos imparáveis e tudo parece fazer sentido, antes de se cair nos abismos.

    O amor é o que nos une a todos e nos dá vontade de viver e acordar todos os dias embora o sol esteja cinzento e a cabeça pese mais do que o resto do corpo. O que nos move o corpo por entre melodias e vozes bonitas ao nosso rosto. É a marca da amizade e o que nos lança nas teias que construímos por toda a nossa existência.

    Por: Daniela Ramalho

    Os olhos despertam e nascem nas pálpebras fechadas. Os pés suspensos balançam ao mesmo tempo que o vento cá de cima. Os lábios bebem o que de melhor o céu tem…Bebem as estrelas e a cor azul…e os braços encostados à cabeça lembram o volume que já envolveram…o corpo balançante e bonito, cheio de luz. A lua lembra as noites em que os pezinhos saíam fora da cama e iam procurar as tuas mãos…iam procurá-las na noite. E os pés rodopiavam e dançavam como se não existisse o escuro. E quando eles te encontravam, sorriam com um sorriso de pés, e as minhas mãos sorriam com aquele sorriso de mãos, e agarravam as tuas. Os meus lábios diziam para vires dançar comigo lá fora, onde as estrelas brilhavam, e os teus lábios cegos de doçura diziam que sim, e as tuas mãos sorriam com as minhas e uniam-se num eclipse do sorriso. Lembro, os meus pés a dançar no escuro, e a deixar estrelinhas por onde pousavam, para os teus pés te guiarem, para não te perderes da minha dança. E eu dizia, vem, vem comigo dançar, as estrelas ainda voam tão alto, e a lua está à nossa espera, mas já vamos atrasados. E então corríamos mais do que os pés conseguiam correr, tanto ou mais que os nossos sonhos. Quando chegávamos, esperávamos pela resposta da lua. Atrasados dois minutos. Sempre atrasados. Os nossos pés perdiam-se uns nos outros. Não faz mal amor, a lua espera sempre por nós. E a lua lá do alto, dizia-nos sempre que sim, porque para nós a lua estava sempre lá, mesmo quando ela estava escondida atrás das nuvens. E as estrelas juntavam-se todas numa nuvem e vinham buscar-nos aos dois. E subíamos, subíamos, subíamos, observando atentamente os mil andares do céu. E a lua lá no alto, tornava-se mais aqui perto, e quando chegávamos sorriamos com os olhares estrelados, e as cabeças aluadas. Primeiro sentavas-te tu e eu a seguir a ti, na curvinha da lua. Quem acordasse àquela hora e olhasse pela janela, via dois pontinhos escuros na lua, e pensavam, olha as crateras da lua…éramos nós. Ficávamos a dançar, e a inventar músicas nossas, a juntar as mãos e braços com ombros. Ficávamos até a noite nos dizer que as estrelas iam partir. Depois as estrelas juntavam-se outra vez e levavam-nos de novo para baixo. E de dia suspirávamos pela lua e pelos nossos pés a dançar. E de noite voltávamos lá. E sabia bem amor. Já não se vêem os nossos pontinhos na lua, e os meus pés deixaram de dançar. Somos amor em sonhos…

    Por: Sofia Nunes

     

     

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