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    Arquivo: Edição de 15-04-2007

    SECÇÃO: Opinião


    Um terreno fértil para a bandidagem

    Nunca tive, por um só momento, a ideia de que a designada edificação da União Europeia, mormente quando o problema se colocou ao redor da nossa entrada, trouxesse grandes benefícios para a generalidade dos portugueses.

    A uma primeira vista, estas palavras poderão causar estranheza, mas a mesma logo se dissipará com algumas explicações mais pormenorizadas.

    É claro que o tempo que imediatamente se seguiu a essa adesão foi magnífico, porque o Governo passou a dispor de dinheiro a fundo perdido e sem um adequado controlo no modo como foi sendo aplicado. O resultado, que agora já todos reconhecem, é o que se vê.

    Dizia-se, por igual, que da circulação de pessoas e bens adviria um extraordinário êxito para toda a nossa vida social, com uns a virem para cá e outros de cá a irem para lá. Mas não foi isso que se deu, antes a entrada de cidadãos de partes diversas do Mundo no território português, mas já hoje com o regresso da emigração aos próprios portugueses. Uma emigração que é a consequência rápida do empobrecimento da nossa população, e se vê até acompanhada de um idêntico crescimento do número de crianças portuguesas dadas para adopção por essa União Europeia fora.

    O que se deu, isso sim, foi um nivelamento por baixo, sobretudo, na sequência da globalização, que veio potenciar as mais desumanas características do modelo neoliberal.

    À medida que o tempo tem passado, e que o comércio se foi globalizando, o que se deu foi que quem era pobre e subdesenvolvido assim continuou e quem era rico e tinha conseguido alguma prosperidade, começou a declinar. Portugal situava-se no primeiro grupo, mas depois de um arranque conseguido com o tal dinheiro dado a fundo perdido, voltou, no plano relativo, à sua situação anterior, para mais prejudicado pelas consequências da adopção do modelo neoliberal.

    Não se adivinham

    dias melhores

    Hoje, se quisermos ser honestos, se procurarmos não nos enganarmos a nós mesmos, facilmente percebemos que uma enorme parte dos portugueses simplesmente não tem futuro. Não se adivinham dias melhores, seja com este Governo ou com qualquer outro, desde que daquele trio que conduziu o País, ao longo destes trinta e três anos, ao estado em que se encontra.

    Não sendo, contudo, a primeira vez, a verdade é que este recente episódio dos portugueses escravizados em Navarra, a tão católica cidade, com a sua universidade da Opus Dei, vem mostrar muita coisa só ligeiramente aflorada. Mostra, desde logo, que desde sempre se soube do que se passava, com protestos sucessivos, mas a que as autoridades antepuseram ouvidos surdos.

    Mostra, por igual, a completa inoperância da Justiça, seja a portuguesa, seja a espanhola, seja a comunitária. O que ali se foi tolerando, com toda a gente a saber do que se passava, voltará a passar-se num destes dias. A fiscalização simplesmente não existe.

    MUITO ESTRANHO...

    Também mostra que as nossas autoridades, mais uma vez, se deixaram ultrapassar pela bandidagem, que até recrutava portugueses em albergues de Lisboa e Porto! E então? Não há responsáveis? Ninguém sabia de nada nem nunca viu nada?

    Por fim, uma pergunta: e as empresas, de construção ou agrícolas, onde aqueles portugueses viviam sob regime de escravidão? Pagavam o que deviam? E a quem? E de quem são? Tudo, pois, muitíssimo estranho...

    Até com reminiscências muito longínquas, já do tempo imediatamente anterior à nossa televisão a cores...

    A União Europeia destes dias é o falhanço que agora se pôde ver, para lá daquela imensidão de outros desde há muito conhecidos: uma verdadeira miragem, riquíssima para uns poucos, mas danada para a grande maioria. E o futuro...?

    Por: Hélio Bernardo Lopes

     

     

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