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    Arquivo: Edição de 28-02-2007

    SECÇÃO: Opinião


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    O “sorriso” do rio Leça

    Foi na década de sessenta que o pesadelo começou para Ermesinde. Até aí considerada a "Sintra do Norte", começou então a assistir-se ao "boom" da construção que veio a alterar completamente a face da então freguesia de Ermesinde. Foram anos de crescimento desordenado que fizeram desta terra, num curto espaço de tempo, um dos maiores dormitórios do Grande Porto. Sem estruturas básicas – abastecimento de água, saneamento, arruamentos – e sem Plano Director Municipal, Ermesinde foi durante algum tempo uma terra sem rei nem roque …

    É claro que o rio Leça sofreu com tudo isto. Esgotos canalizados para o rio, instalação nas suas margens de indústrias poluidoras e inexistência de qualquer tipo de vigilância, transformaram, num ápice, uma paisagem agradável em autêntico caixote do lixo.

    A terra, entretanto, virou definitivamente as costas ao seu rio. De lá para cá foram anos e anos de degradação das suas margens e poluição das suas águas. O Leça e grande parte dos seus afluentes passaram a ser, no Grande Porto, cursos de água poluídos a somar a tantos outros. Ao longo de todos estes anos foram aparecendo vozes indignadas contra a situação e reclamando medidas para a sua requalificação. Podemos dizer que, ao longo de trinta anos de poder local democrático, todos os partidos fizeram incluir no seu programa eleitoral referências à situação do rio Leça e, com propostas para a sua recuperação.

    O PLANO

    DA BACIA HIDROGRÁFICA

    DO RIO LEÇA

    Tantos anos se passaram e nada! É verdade, absolutamente nada foi feito para melhorar, ambientalmente, as margens e a qualidade da água do rio Leça. Pontualmente, às vezes de uma forma tímida, esboçaram-se iniciativas que, de uma forma integrada, poderiam contribuir para alterar uma situação tão degradante. Refiro-me à tentativa do Ministério do Ambiente, em 2002, que apontava no sentido da criação de um Plano da Bacia Hidrográfica do rio Leça – intervenção participada e integrada – envolvendo os agentes económicos, técnicos, ambientais e institucionais e os municípios de Santo Tirso, Valongo, Maia e Matosinhos. A ideia não passou do papel! As verbas do Quadro Comunitário foram-se e o Rio Leça continuou na mesma.

    Nos últimos tempos, porém, a situação do Rio Leça voltou à ribalta.

    A Comissão Política Concelhia do PS/Valongo promoveu um debate temático sobre o Ambiente, onde a questão do Rio Leça foi tema forte e onde foram dadas indicações aos autarcas e deputados para se empenharem politicamente na procura de uma solução, para combater a sua degradação.

    No mês passado foi a Junta Metropolitana do Porto que veio, publicamente, defender a elaboração de um projecto integrado, envolvendo os municípios referidos, visando a requalificação das margens e a despoluição do Rio. Eis uma iniciativa que, à partida, nos parecia válida, na medida em que o sucesso da limpeza e despoluição do Rio Leça só seria possível com a colaboração e empenhamento de todos os municípios interessados, desde a nascente até à sua foz.

    Agora foi a notícia de um programa lançado pela Câmara Municipal de Valongo e, aparentemente, com o mesmo objectivo.

    Apresentado certamente por razões de agenda política e com pompa, o Plano de Requalificação mereceria, à partida, o nosso apoio, não fora a circunstância de, o mesmo, só ter viabilidade se fizer integrar o conjunto de parcerias subscritoras do documento e, também, as Câmaras Municipais da bacia do Leça.

    A não ser assim estamos perante uma falácia pois, o cidadão comum perceberá que é impossível obter melhorias na qualidade das águas do Rio sem que haja a colaboração a montante e a jusante do seu curso; e também ninguém entenderá que se recuperem, somente, as margens sem cuidar das águas, O próximo Quadro Comunitário vai no sentido de estimular o associativismo municipal na apresentação de candidaturas aos fundos comunitários. Valongo parece seguir outra opção! Originalidades …

    Daí o sorriso (desconfiado) do Rio Leça.

    Por: Afonso Lobão

     

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