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    Arquivo: Edição de 30-01-2007

    SECÇÃO: Destaque


    Um debate aceso na Faculdade de Engenharia

    Foto URSULA ZANGGER
    Foto URSULA ZANGGER
    Organizado por um grupo de alunos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, este foi mais um dos inúmeros debates sobre a interrupção voluntária da gravidez, onde foi possível ouvir as duas partes em confronto. Não sendo o propósito de “A Voz de Ermesinde” a reportagem deste debate, aqui fica, contudo, uma breve nota sobre ele. O painel de convidados era constituído, por parte do NÃO, pelo professor catedrático Manuel Pestana, por Inês Graça, advogada, ligada ao movimento Norte pela Vida e por Rodrigo Pimentel, estudante de Medicina, ligado ao Movimento Vida Norte. Da parte do SIM, presentes estavam Ana Bastos, estudante de Física, dos Jovens pelo Sim,. Jorge Pacheco, jurista, da Juventude Socialista, e Albino Aroso, médico ginecologista. A moderar a jornalista Bárbara Oliveira e Pinto.

    Debate longo e vivo, que se prolongou por quase quatro horas, com intervenções cruzadas dos convidados, questões colocadas pela moderadora, outras introduzidas pela plateia e, por fim, uma intervenção final de cada um dos convidados.

    Manuel Pestana defendeu o papel civilizacional de Portugal, rebatendo o atraso referido por Albino Aroso em intervenção de abertura. «Quem primeiro aboliu a pena de morte?», questionou. «A defesa da vida está acima de qualquer problema», comentou ainda. Definir 10 semanas como momento limite para uma escolha é «uma completa arbitrariedade». E acrescentou: «A verdadeira despenalização o PS não a quis fazer, o que se pretende não é a despenalização, mas sim a liberalização». E adiantando: «Já se vai falando de eutanásia». Sobre o papel dos homens: «Ignora-se o direito do pai ter uma palavra». E finalmente: «Ninguém é livre de decidir da vida do outro».

    Ana Bastos defendeu que o problema do aborto não se resolve no âmbito da Justiça. E identificou a Associação de Planeamento Familiar como a instituição que mais tem feito em Portugal pelo Planeamento Familiar. Rodrigo Pimentel contrapôs: «O facto de ser crime diminui a ocorrência do acto». E defendeu o Planeamento Familiar, a Educação Sexual e o Apoio à Maternidade. Inês Graça comentou ainda que a Associação de Planeamento Familiar era subsidiada em grande parte pela IPPF, instituição americana conhecida pelo elevado número de abortos em que está envolvida. Tratar-se-ia pois, fundamentalmente, de negócio. «O modelo português [proposto] é mais liberal que o alemão». E apontou estar a recuar-se na Europa, em muitos países, no que respeita à legislação permissiva do aborto.

    A jurista insistiu igualmente que «era indiscutível que existe uma vida humana, só lhe basta crescer». A legalização do aborto vai fazer com que as mulheres fiquem mais frágeis diante do patrão ou do marido, defendeu ainda. E, finalmente, comentando uma opinião de Albino Aroso: «Ser moderno é adoptar valores de apoio à vida e à maternidade».

    Manuel Pestana defendeu também a Educação Sexual e as políticas de apoio à vida. «O aborto é sempre um mal», concluiu.

    Albino Aroso esclareceu que nas primeiras semanas, o aborto poderia ser provocado com a ingestão de uns meros comprimidos, em resposta a intervenções que punham em causa a intervenção do sistema nacional de saúde.

    E sobre as políticas de apoio à maternidade no mundo de hoje, questionou que houvesse universidades em que as jovens mães pudessem recorrer a infantários ao serviço da criança. Era natural que houvesse uma decisão de adiamento da maternidade. Assim como se conhecia que mesmo os melhores contraceptivos por vezes falhavam.

    E para precisar a evolução das mentalidades no domínio da saúde, recordou que entre 1800 e a época em que vivemos, a esperança de vida duplicou.

    As intervenções do público foram, em grande parte, acaloradas e emotivas, sendo Albino Aroso em grande parte, o alvo das críticas. «Todas as mulheres sabem que o que têm no seu ventre é uma vida humana, é um bebé, não é uma “coisa” humana, afirmou uma das intervenientes. Uma outra, que se identificou como funcionária da Faculdade, afirmou: «Sou católica praticante, nunca na minha vida faria um aborto, mas vou votar SIM, há situações que só as próprias mulheres, com dor e sofrimento, é que sabem. E ainda por cima isso é crime?».

    Por: LC

     

     

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