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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 30-10-2006

    SECÇÃO: Opinião


    Aluno e professor

    (texto publicado no jornal “Alcoa”)

    O aluno – António (de Oliveira Agostinho, de BI). O professor – Hildebrando (Sodré Borges, de BI).

    O primeiro nasceu e viveu no Casal Pardo, de onde se afastou apenas para desempenhar um relevante cargo na que era então a maior empresa do país – a CUF do Barreiro. O segundo, que ministrou o ensino básico ao primeiro, esteve na povoação um período relativamente curto, mas o suficiente para levar no coração a terra, as pessoas, e sobretudo, os seus amigos.

    Entre estas duas figuras humanas, de uma notória exemplaridade, foi estabelecida uma relação que duraria vida fora. Essa relação foi interrompida pelo passamento de ambos, por coincidência, em datas próximas, apesar da significativa diferença de idades.

    Ao António pudemos deixar as nossas últimas despedidas. Ao querido professor, nosso e de tantos amigos que ainda vivem no Casal Pardo e em aldeias da proximidade, não tivemos esse privilégio, pois só recentemente a notícia nos foi confirmada.

    O António foi um cidadão exemplar. Grande bairrista, muito se empenhou na valorização da sua terra e das suas gentes. Notável impulsionador e dirigente do Centro Social e Desportivo, acalentava outros projectos e aspirações. Estava já vinculado como gestor e dinamizador do Lar para Maiores a erguer na povoação, em terreno graciosamente cedido pelo aluno que também foi de Hildebrando, José Nazário, hoje um empresário de reconhecida notoriedade nos Estados Unidos.

    Ao António já tinham sido expendidas justas palavras homenageantes aqui n’O Alcoa, por D. Maria da Glória. Nós que também assimilamos os primeiros conhecimentos escolares no Casal Pardo, lugar a que muito nos afeiçoámos, e tínhamos em grande estima o António, com quem nos divertíamos na juventude e convivemos vida fora, decidimos fazer-lhe aqui, porque merecida, uma referência, associando ao mesmo tempo a sua personalidade à do professor Hildebrando, pela relação que ambos cultivaram em vida, querendo o destino, por capricho, subtrair-no-los da nossa convivência logo em simultâneo.

    Em anos não longínquos, reuniram-nos, alunos e professores, num almoço no restaurante Mosteiro, pertencente a um membro da família Rebelo Alves, em Alcobaça. A convivência foi magnífica e as recordações que a memória e a palavra evocaram, emocionantes.

    O professor Hildebrando mantinha um carinho muito especial pelo Casal Prado e pela família Rebelo Alves, que o acolheu de forma cativante enquanto ali leccionou. Sempre que tínhamos oportunidade de um contacto, referenciava, invariavelmente, particularmente o seu aluno José Rebelo.

    Cada qual tem as suas características peculiares. António, o homem prático, executante, realizador. Hildebrando, o pedagogo, sensível e humano, capaz de valorizar a criança e enriquecê-la para a vida. Paladino intransigente da pureza da língua pátria, mantinha um espaço no jornal A Voz de Ermesinde, dedicado exclusivamente à boa grafia do Português.

    Dois homens que cultivaram valores, que amaram o Casal Pardo, e ali deixaram marca. Dois homens de elevada estatura humana, que figurarão para sempre na memória de todos nós.

    Por: Ilídio Rufino

     

     

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