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    Arquivo: Edição de 30-10-2006

    SECÇÃO: Cultura


    As aventuras e desventuras de Serafim Ponte Grande relatadas em Alfena

    O Fórum Cultural de Alfena teve a honra de no passado dia 7 de Outubro presenciar as aventuras e desventuras de Serafim Ponte Grande, um comum brasileiro, funcionário de uma repartição pública, que certo dia resolve fazer uma viagem pelo mundo deixando para trás família e emprego para aproveitar os prazeres da vida. Tratou-se de uma peça adaptada, encenada e interpretada por Júnior Sampaio (ENTREtanto Teatro) baseada na obra (Serafim Ponte Grande) do escritor brasileiro Oswald de Andrade, publicada em 1933.

    Foto MIGUEL BARROS
    Foto MIGUEL BARROS
    Em noite de futebol na televisão (jogava a Selecção Nacional) foram cerca de vinte os espectadores – o único senão desta noite teatral – que se deslocaram ao espaço cultural alfenense a fim de presenciar “Serafim Ponte Grande”, um romance de Oswald de Andrade “transferido” nesta ocasião para teatro pelo cunho pessoal de Júnior Sampaio.

    Com uma narração rica, desenvolvida na maior parte do tempo sob um manto de frases poéticas, esta peça conta-nos a história de Serafim Ponte Grande, um simples funcionário de uma repartição pública que um certo dia decide dar um novo rumo à sua simples vidinha resolvendo fazer uma viagem pela Europa e Oriente deixando para trás a família e o emprego. A peça apresenta-nos uma quase simultaneidade de acções, ou seja, tão depressa Serafim está a falar da sua formação enquanto homem ao longo dos anos, como de repente aborda o seu casamento com Dona Lalá e passa num instante para uma “famosa” Revolução de São Paulo ocorrida na década de 20 do século passado, com narrações que num ápice passam da primeira para a terceira pessoa fazendo desaparecer e reaparecer de um momento para o outro determinadas personagens. Toda esta acção desenrola-se sob uma narração curta mas de uma riqueza linguística enorme. A narrativa comporta igualmente uma enorme carga de erotismo, principalmente quando a acção decorre na Europa, onde Serafim Ponte Grande desenvolve uma série de acalorados romances com nativas de Portugal, Espanha França e Suíça. No regresso desta viagem o brasileiro é morto por um raio, ficando o protagonismo da história, por assim dizer, entregue ao seu secretário, o Pinto Calcudo, que toma conta do navio que havia trazido Serafim da Europa e cria uma nova sociedade utópica num Brasil dominado, na altura, pelo conformismo do povo e hipocrisia da classe média-alta.

    A interpretar, teatralmente, a obra de Oswald de Andrade esteve, como já vimos, Júnior Sampaio que em nosso entender esteve magnífico na condução da peça. Não só na interpretação da personagem – ou personagens – como também no facto de ter imprimido ao espectáculo o seu cunho pessoal, ou seja, por diversas vezes desviou-se da peça para encetar divertidos diálogos com o público sobre variados e comuns assuntos. De uma forma intencional, ou talvez não, Júnior Sampaio fez com que o público fizesse parte do espectáculo, conferindo desta forma à peça um brilho ainda maior.

    Por: Miguel Barros

     

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