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    Arquivo: Edição de 15-03-2008

    SECÇÃO: Cultura


    Cerejeira - Prunus avium

    foto
    A cerejeira é uma árvore originária da Ásia que, em Portugal, encontrou nas regiões frias e chuvosas de Trás-os-Montes, Douro e Cova da Beira um clima que lhe é muito favorável.

    Pertencente ao género prunus, sub-género rosaceae, existem algumas centenas de variedades que podemos dividir em três grandes grupos: aquelas cujos frutos são amplamente utilizadas em cru, em compotas, cristalizadas, secas, em xaropes e licores; as que são cultivadas pela sua boa madeira; as que são apenas ornamentais.

    Aproxima-se a Primavera e, com ela, as cerejeiras em flor, tão belas e delicadas como as das amendoeiras.

    Era uma vez uma cerejeira …

    Foto LUÍS LAGE
    Foto LUÍS LAGE
    A cerejeira da Maria adiantou-se à Primavera, queria estar presente quando a árvore se encher de flores, queria receber os passarinhos que precisam dos seus braços para cantar.

    As abelhinhas andavam numa azáfama a arrumar a casa, porque sabiam que a cerejeira da Maria estava a começar a rebentar e queriam fazer o melhor mel do ano.

    As joaninhas também por lá andaram, a comer pequenos insectos para proteger as flores.

    Um ratinho que morava no tronco do castanheiro comentou com a toupeira:

    - Não faças buracos na terra junto das raízes da cerejeira, ela ainda é muito pequenina, temos que a tratar muito bem!...

    Até o Tiago, nas suas arrumações, passou a respeitar aquele espaço, o espaço da mana, muito varrido, para receber as pétalas das flores.

    A vizinha, ao ver todos aqueles cuidados, perguntou:

    - Que se passa?

    E logo apareceu a raposa, esperta, fina, um pouco metediça.

    - Então não sabes?

    Nasceu uma cerejeira!

    - Uma cerejeira? – Perguntou o gaio.

    E o melro que por ali andava repetiu: Uma cerejeira!...

    - Boa novidade! Quer dizer que vamos ter cerejas!

    A dona coruja ainda muito ensonada: é o que faz andar em noitadas… - atalhou logo: É uma “princesa da árvore de flores abertas” chama-se “Sakura”

    O mocho muito senhor do seu nariz, com um ar muito doutoral, explicou:

    Uma princesa desceu do céu e caiu sobre uma árvore que se cobriu de flores na Primavera a que os Japoneses chamam “Sakura” e que é o seu símbolo. Se guardarmos as flores conservadas em sal as pétalas transformam-se no chá, o “sakura-yu”, um chá muito especial que é servido em cerimónias como o casamento.

    - Já cá faltava o doutor! Mas fique sabendo que eu também conhecia a “Sakura”, e já ouvi falar de “hanami” e piqueniques organizados na altura de contemplar as cerejeiras floridas.

    Com a chegada da noite os animais foram indo para as suas casas, apenas ficaram por ali a coruja e o mocho, muito ocupados com as suas actividades nocturnas, e a cerejeira sentiu-se só e um pouco assustada com o grunhir do javali, mas olhou para o céu e logo se sentiu acompanhada por uma infinidade de estrelinhas muito brilhante. Uma delas tinha um brilho muito intenso e disse-lhe:

    Princesa não tenhas medo! Eu sou a tua estrela, também fui menino e estou aqui para te proteger, eu serei sempre a tua guia…

    E assim foi. Todos os anos a cerejeira crescia, cobria-se de flores, de cerejas, de folhas verdes, que no Outono ficavam vermelhas e amarelas, no Inverno caíam, uma a uma, para ficar mais leve durante o soninho do Inverno.

    E foi sempre assim até que um dia a Maria trepou à árvore para apanhar cerejas vermelhas, carnudas, brilhantes, sedutoras, encantatórias e ouviu uma voz que lhe disse:

    - Faz uns brincos de princesa com as minhas cerejas, e a Maria assim fez

    - Olá avô! Estou linda?

    Por: Fernanda Lage

     

     

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