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    Arquivo: Edição de 15-05-2006

    SECÇÃO: Editorial


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    A massificação das sociedades contemporâneas

    Por vezes tenho dificuldade em estabelecer barreiras muito definidas entre o direito à liberdade e democracia e um poder que não é democrático mas veste a sua pele, ajustando-se como uma luva à massificação das sociedades contemporâneas.

    Como diria Manuel Vila Verde Cabral, «A sociedade de massas é um sistema de valores e práticas tão diferenciado e complexo que já nenhuma elite – nem tão pouco o conjunto de elites e contra-elites – pode ter um poder completo sobre tal sistema».

    NiKlas Luhmann, teórico alemão, refere-se a esta sociedade como «uma sociedade sem um ponto fixo sobre o qual aplicar com segurança a alavanca da mudança social».

    É verdade que não podemos negar a importância positiva da alfabetização de massas que integrou uma grande camada da população no chamado sistema político representativo.

    Hoje competimos com todas as elites na legitimidade do voto, e é esta legitimidade que, por vezes, leva a confundir massificação com democracia.

    Alguns autores referem-se à sociedade de massas como a sociedade do espectáculo, com uma tendência crescente para a indiferença das massas perante a regressão democrática, «a era do vazio», como lhe chamou Gilles Lipovetsky.

    Tudo se tornou rotineiro, mesmo os procedimentos democráticos, estou a pensar nas eleições, nesse acto supremo da liberdade de votar, tudo entrou nesta normalidade em que a “mediatização é o estado supremo da massificação”.

    Pensar dá trabalho, exige conhecimento, discernimento, prudência, competência, disponibilidade de espírito, tudo coisas cada vez mais difíceis de encontrar…

    Os media invadem as nossas casas e as nossas mentes, o homem cada vez tem mais dificuldade em distinguir o mundo real da ficção, tudo nos é ditado: costumes, gostos, hábitos, crenças, e rapidamente o homem transforma-se num ser apático, vazio, incapaz de ter uma opinião fundamentada, de desenvolver um sentido crítico e independente, enfim de ser criativo.

    Dizem que o séc. XXI tem que desenvolver a criatividade, a inovação; como poderá isso ser possível numa sociedade tão igual, tão monocórdica?

    Fala-se muito em crise de valores, mas que valores?

    Os do senso comum? A esse nível todos temos uma opinião, especialmente aquela que nos foi fornecida no último programa televisivo.

    Não tenho nada contra a televisão mas não ignoro o que ela tem de perverso, de sedutor, essa força que me prende ao ecrã independentemente, muitas das vezes, do meu querer.

    Nós, portugueses, temos duas grandes preocupações: a casa e o trabalho, e neste caso o trabalho só como meio de sustento, quanto ao resto… aquilo a que chamamos ”tempos livres”, vem por arrasto…

    Por: Fernanda Lage

     

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