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    Arquivo: Edição de 30-04-2006

    SECÇÃO: Editorial


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    Na estrada da vida

    Nesta caminhada que é a vida de todos nós, há momentos de tal forma marcantes que nunca os esqueceremos mesmo quando essa caminhada é dura e cheia de percalços.

    O 25 de Abril é para alguns portugueses um desses marcos, por isso nós dizemos antes e depois. Nesse dia a liberdade desceu à rua e o povo recebeu-a em festa.

    Hoje, passados mais de trinta anos e no meio de tantas contradições, eu continuo a minha caminhada, «(...) A vida é como uma estrada / Que vai sendo traçada / Sem nunca arrepiar caminho (...)»1, lutando pela liberdade que nunca é demais nem de menos, ou então não é liberdade.

    Ao contrário de muita gente, não tenho nada contra as utopias, porque acredito que são elas que são capazes «(...) Pr’a levar de vencida / Uma razão de viver (...)»1. Acredito profundamente «(...) que o sonho comanda a vida (...)»2 e sem sonho nem poesia, sem utopias, a vida não era esta estrada por onde caminhamos lado a lado com a certeza de que nunca estamos sozinhos, ao contrário de outros, que «(...) À custa das nossas utopias / Usurpam regalias / P’ra consumir sozinho (...)1».

    Recordar Abril apenas como uma passagem de regime é importante, mas é muito pouco, Abril é a alegria de acreditar na utopia, é lutar pela igualdade, é descobrir um caminho e segui-lo por mais dura que seja a caminhada, é ter consciência do outro, é continuar a acreditar na força colectiva, é estar atento/a ao que nos cerca, é denunciar a injustiça, é combater a guerra e a fome, é lutar por um mundo melhor.

    Mas nesta sociedade cada vez mais egotista, consumista e narcisista torna-se cada vez mais difícil as pessoas responsabilizarem-se nas suas obrigações para com os mais fracos, que têm de mudar hábitos e processos de produção, que têm de pensar no mundo de amanhã.

    Vivemos um momento muito difícil, quer no nosso país quer internacionalmente, mas que essas dificuldades nunca sirvam de motivo ou de desculpa para tirar as liberdades fundamentais ao ser humano.

    Hoje ainda não vivemos como sonhamos, mas temos de continuar a sonhar, os sonhos transformam-se muitas vezes em realidade.

    O 25 de Abril foi um sonho que se tornou realidade para muitos de nós, e muitos outros sonhos se têm realizado, esta caminhada ainda é curta, temos de continuar, com a certeza de que não estamos sós e como diz a canção:

    «(...) Há princípios e valores

    Há sonhos e há amores

    Que sempre irão abrir caminho

    E quem viver abraçado

    À vida que há ao lado

    Não vai morrer sozinho»1.

    1 José Mário Branco (“Do que um Homem é Capaz”)

    2 António Gedeão (“Pedra Filosofal”).

     

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