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    Arquivo: Edição de 30-12-2005

    SECÇÃO: Editorial


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    A festa das compras

    Fazer do acto da compra uma festa sempre foi uma das preocupações do ser humano.

    Desde as feiras nos centros das grandes cidades às das vilas ou aldeias, elas eram um pretexto para “feirar” e “feirar” contém muito de lazer para além do prazer de quem vende ou de quem compra, é ponto de encontro, de troca de informação sobre familiares e amigos.

    As grandes feiras anuais como as de S. Miguel, a de Santos, de São Martinho, das Nozes, dos Capões, são quase sempre associadas a grandes festas ou romarias.

    São vários os autores que referem as feiras realizadas na cidade do Porto e na transformação da cidade nesses dias.

    A feira da Erva, a feira da Palha, das Estacas, do Carvão da Lenha, da Madeira, dos Tamancos, das Caixas, das Arcas ou Baús, do Gado, das Hortaliças, dos Moços, são algumas que, neste momento, me vêm à memória e que marcaram a vida da capital do Norte.

    Foto URSULA ZANGGER
    Foto URSULA ZANGGER
    Em dia de feira a cidade animava-se e, em especial, a “Rua do Ouro”, assim se chamava à rua das Flores, uma das principais artérias da cidade. Aí se localizavam as principais ourivesarias e as filhas dos lavradores ricos das redondezas aproveitavam para fazer as suas compras.

    Com a construção dos mercados dos Anjos, em 1839, e do Bolhão, em 1841, muitas destas actividades foram transferidas para esses locais: é o caso das hortaliças, das flores, das galinhas, patos e perus, dos ovos, toucinho e chouriços, do peixe, milho e feijões...

    A revolução industrial trouxe consigo as grandes feiras internacionais, as grandes exposições mundiais organizadas com toda a pompa e circunstância.

    Apareceram, também nessa altura, os grandes armazéns festivamente decorados onde os clientes têm, num único edifício, acesso a uma grande variedade de produtos ligados essencialmente à moda, ao vestuário, à perfumaria, aos objectos de adorno, aos produtos para a casa.

    Hoje os armazéns transformaram-se em grandes centros comerciais, onde existe de tudo, são verdadeiras cidades dentro das cidades. São lugares híbridos, onde as barreiras entre privado e público são muito difíceis de estabelecer. É nestes palácios de encantar que hoje em dia as pessoas se passeiam, se admiram, se esquecem do frio, da fome, da miséria em que vive uma grande maioria da população. Ali entre espelhos, luzes, bons sofás e música de embalar, muitos procuram alguns momentos de ilusão de um bem-estar aparente.

    Os produtos brilham nas suas embalagens atractivas, oferecem-se e é difícil resistir-lhes. Jogam-se todos os efeitos de encantamento: luzes, cores, funcionários escolhidos e vestidos com primor, onde não há lugar à diferença, e como máquinas estandardizadas, produzem gestos e sorrisos estereotipados.

    Tudo está programado para um cliente muito atarefado, que já não compra o produto mas a sua imagem, onde num curto espaço de tempo se tem acesso ao maior número de compras possíveis.

    Sempre em festa aproveita-se o tempo do almoço, do jantar, do convívio e até das orações, para mais umas comprinhas …

    Por: Fernanda Lage

     

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