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    Arquivo: Edição de 30-11-2005

    SECÇÃO: Arte Nona


    “Batman - Ano Um” (F. Miller e D. Mazzucchelli)

    Editado em Portugal sob chancela da Devir (Maio 2005), “Batman – Ano Um”, de Frank Miller e David Mazzucchelli, com cor de Richmond Lewis, editada originalmente na DC Comics, em 1988, é um dos muitos exercícios em torno do fascinante universo de Batman, que valem pela recriação da personagem, extraída da vulgaridade da criação industrial em série para uma abordagem humanizada que foge ao estereotipo dos bons e maus.

    Vinhetas DAVID MAZZUCCHELLI
    Vinhetas DAVID MAZZUCCHELLI
    Super-herói, entre todos, mais próximo e contraditório, a sua personagem prestava-se desde logo a muitos destes exercícios, alguns magníficos, como o presente, de destruição e reconstrução do mito.

    Frank Miller foi um dos primeiros autores – o precursor – que se embrenhou nesse trabalho de definição de Batman., com “Dark Knight Returns”, para a DC Comics (1985). E é comummente aceite que esta obra, por sua vez, está na base, como poderosa influência da de outros autores que vieram a explorar o mesmo filão, como “Batman: The Killing Joke (“Batman – Piada Mortal”), de Alan Moore e Brian Bolland, ou “Asilo Arkham”, de Grant Morrison e Dave McKean, entre vários outros dando uma distinta visão do herói ou dos seus opositores.

    Na presente obra, com argumento de Frank Miller, mas desenho de David Mazzuchelli, o argumentista concentra-se no início da actividade de Batman enquanto vigilante e na relação que ele vai estabelecer com a personagem do tenente Jim Gordon, polícia honesto e corajoso rodeado pela cúpula policial corrupta de Gotham City. Isto “justifica”, assim, o papel vingador e marginal de Batman.

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    Mas a grande novidade de “Batman – Ano Um” é que esta obra quase deixa Batman na sombra, fazendo de Jim Gordon o verdadeiro herói. Ambos são de carne e osso. Um (Jim) apaixona-se. O outro (Bruce Wayne) é frágil e fere-se num confronto. Ele tem consciência das suas limitações físicas.

    Extremamente bem urdido, o argumento vai fazendo deslindar o novelo, ao mesmo tempo que se mantém tenso e numa atmosfera secreta e de mistério. O desenho de David Mazzuchelli serve perfeitamente este propósito e dá-nos uma interessante visão da atmosfera de Gotham City.

    Já gostámos menos da coloração de Richmond Lewis, embora não possa esquecer-se – e disso, a cuidada edição da Devir (e da DC Comics 2005) nos alerta – que os comics eram impressos em papel de jornal, com uma escassa paleta de sessenta cores, que o colorista usou “genialmente”.

    Mesmo sabendo isso, gostámos mais dos desenhos crus de Mazzuchelli, que podemos apreciar nesta muito refinada edição que, além da obra propriamente dita, e das palavras de abertura do editor português e do argumentista, insere ainda, em posfácio, vários exemplos do trabalho de Mazzuchelli.

    Vinhetas, pranchas – como aquelas em que explica o seu fascínio pela personagem de Batman ou a sua leitura de alguns dos traços da sus personalidade –, páginas de teste, desenhos promocionais, esboços, como aqueles em que nos mostra que se inspirou no rosto de Gregory Peck para o seu Batman, cópias de páginas do argumento de Miller e as páginas do layout correspondente de Mazzuchelli, as páginas já em arte final a preto e branco e coloridas (tal como foram impressas), por Richmond, capas da DC Comics e cartazes.

    Por: LC

     

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