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    Arquivo: Edição de 30-09-2005

    SECÇÃO: Editorial


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    A rentrée política e o regresso às aulas

    O regresso às aulas coincide, mais ou menos, com a chamada rentrée política, que neste ano de 2005 tem sido muito agitada. São as eleições autárquicas que se aproximam, as candidaturas para Presidente da República, mas também as reacções de alguns sectores da população a certas medidas tomadas por este Governo.

    A oposição serve-se desse descontentamento para ver se tira daí alguns dividendos para as próximas eleições.

    Dentro dos partidos também há divergências e assistimos ao aparecimento de listas de independentes encabeçadas por militantes partidários, candidatos à Presidência da República do mesmo partido.

    Os partidos gastam os últimos cartuchos na perspectiva de conseguirem mais uns votos.

    São promessas, ataques, jogos de interesses e de poder, fazem-se afirmações inconcebíveis. Quando leio os jornais, vejo televisão ou estou atenta às rádios, dou comigo a pensar: Mas este país está na Europa?

    Todos estão de acordo: a educação é fundamental. Temos que apostar na formação.

    Essa formação é necessária para professores e alunos.

    Temos que nos actualizar, precisamos de espaços condignos e de equipamentos, e aí as autarquias também têm a sua responsabilidade.

    A colocação dos professores não correu mal, as escolas abriram de acordo com o calendário escolar mas, no seu interior, os professores estão descontentes.

    Quando se é professor a tempo inteiro, por convicção e não por obrigação, as horas, os dias não contam. O prazer de preparar uma aula diferente, o sentir dos alunos pregados nos nossos olhos, o ajudar a ultrapassar uma dificuldade é tão gratificante que eu nunca sei qual é realmente o meu horário de trabalho, é o tempo que for necessário.

    Longe de ser uma excepção, conheço muitos professores assim. Tenho um amigo que diz que só conhece uma profissão onde sempre que se encontram duas ou mais pessoas não falam doutra coisa que não seja das aulas e dos alunos.

    Também sei que há muitos professores por engano, por necessidade de ter um emprego, costumo chamar-lhes funcionários do ensino.

    Aliás como noutras profissões, há melhores e piores. Por isso considero de uma grande injustiça a imagem que hoje em dia se passa nos meios de comunicação social dos professores.

    Obrigar os professores a permanecer na escola sem objectivos, sem um projecto de escola, não vai adiantar nada. Não chega termos os professores nas escolas, se não houver condições para desenvolver tarefas que envolvam professores e alunos.

    Os professores são confrontados hoje em dia com uma infinidade de problemas que ultrapassam em muito as suas competências e obrigações.

    Muitos pais demitiram-se completamente do seu papel de educadores e entregam os filhos às escolas. A escola, por sua vez, não tem capacidade nem vocação para resolver todos os problemas sociais com que os alunos se debatem.

    A escola não pode resolver sozinha questões de fundo que se prendem com o desemprego, a instabilidade social, o direito a uma habitação condigna, o acesso à cultura, a falta de afecto e de valores. Condições sem as quais os nossos alunos não se integram na escola nem na sociedade.

    Por: Fernanda Lage

     

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