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    Arquivo: Edição de 30-04-2023

    SECÇÃO: Editorial


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    Abril, tempo de esperança

    Antes do revolucionário Abril de 1974, houve, há 50 anos, o Abril de 1973, com a realização do último Congresso da Oposição Democrática e a fundação do Partido Socialista, na Alemanha.

    O III Congresso da Oposição Democrática de Aveiro juntou cerca de 4 mil congressistas. Ao longo de 5 dias (de 4 a 8 de abril), no Cine-Teatro Avenida, da cidade do Vouga, foram apresentadas 160 teses, subordinadas a diversos temas de ordem política, nos mais diferentes sectores da realidade portuguesa, no contexto da preparação para as eleições legislativas de 1973 (28 de outubro), como sejam a realidade económica, social, laboral, saúde, educação, cultura, juventude, urbanismo e habitação, desenvolvimento regional e administração local, organização do estado e direitos humanos.

    Na sessão inaugural intervieram José Manuel Tengarrinha, Maria Barroso, Álvaro Seiça Neves, Santos Simões, Joaquim Felgueiras, António Manuel da Silva Cardoso e Manuel Mendes Coelho. Enquanto decorria o Congresso da Oposição Democrática em Aveiro, registaram-se manifestações no Porto e em Coimbra. Na capital do Norte houve explosões em dois departamentos militares, enquanto na cidade do Mondego se registaram manifestações de estudantes, com as respetivas cargas policiais. Este Congresso de Aveiro terminaria com uma violenta carga policial quando muitos congressistas faziam uma romagem à campa de Mário Sacramento, o médico, escritor e nome grande da oposição ao Estado Novo que esteve por detrás da organização destes Congressos da Oposição Democrática.

    O Primeiro Congresso teve sobretudo um pendor Republicano, decorreu no dia 6 de outubro de 1957, no Teatro Aveirense, com o objetivo de comemorar o 47.º aniversário da Revolução Republicana. Doze anos depois (1969), em plena “Primavera Marcelista”, realizou-se o II Congresso Republicano de Aveiro, ao longo dos dias 15, 16 e 17 de maio de 1969, também como preparação para as eleições legislativas desse ano, que se realizaram no dia 26 de outubro e contou com a participação de cerca de 1500 congressistas vindos de todo o país. Entre estes, destaco os nomes de Mário Soares, Jorge Sampaio, João Bénard da Costa, Tavares Rodrigues, Virgínia Moura, Emídio Santana e Óscar Lopes. Neste Congresso, em que foi homenageado Mário Sacramento (falecido no Porto a 27 de março), são abordadas 60 teses, onde se analisa e caracteriza a situação económica, social e cultural, de Portugal, e se defende o fim da guerra colonial, a liberdade de imprensa, o fim da censura, a igualdade de direitos das mulheres, uma nova lei eleitoral e eleições livres.

    O partido do Governo (União Nacional) conseguiu eleger todos os deputados, enquanto os movimentos da oposição, com apenas 133 mil votos não elegeram nenhum. Em 1973, os resultados foram idênticos: a Ação Nacional Popular (partido do Governo) elegeu todos os deputados.

    No dia 19 de abril de 1973, na Alemanha, foi fundado o atual Partido Socialista. Os seus fundadores, alguns deles congressistas de Aveiro, comungavam das ideias republicanas e mostravam-se claramente anti Estado Novo. Na sua maioria pertenciam à burguesia instruída, e eram tanto das grandes cidades como das vilas que representavam o Portugal rural. O seu socialismo era um desejo de mudança democrática que desse voz a todos e devolvesse aos portugueses os direitos e liberdades, há tanto tempo reprimidos.

    Nessa medida, podemos considerar que o III Congresso de Aveiro e a fundação do Partido Socialista foram eventos que antecederam cerca de um ano, o retorno da Liberdade e da Democracia, concretizados a 25 de Abril de 1974.

    Por: Manuel Augusto Dias

     

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