Subscrever RSS Subscrever RSS
Edição de 29-02-2024
  • Edição Actual
  • Jornal Online

    Arquivo: Edição de 28-02-2023

    SECÇÃO: História


    foto
    FACTOS DA NOSSA HISTÓRIA (2)

    Mudança do nome de S. Lourenço de Asmes para Ermesinde

    A implantação da República em Portugal permitiu a chegada ao poder de pessoas ligadas ao movimento republicano um pouco por todo o país, e em Ermesinde, local onde se situava o único Centro Republicano do concelho não foi diferente. Uma vez no poder, os dirigentes locais afetos ao Partido Republicano, logo decidiram mudar o nome da terra, retirando-lhe o nome do santo padroeiro e substituindo “Asmes” por “Ermesinde”, que era o nome da sua estação e esta era conhecida quase em todo o país, por ser local de convergência de duas linhas importantes: a do Douro e do Minho.

    Chegados à implantação da República, Ermesinde é uma povoação muito maior e a sua intersecção ferroviária tornou-se bastante conhecida. Cresceu intensamente o lugar que deu nome à Estação de S. Lourenço de Asmes, mas cresceram também os outros lugares da freguesia. A sua Estação era já uma das mais movimentadas do Norte.

    Assim, e porque “Asmes” era um nome dado a equívocos e a maledicências, e S. Lourenço identificava claramente a fé da maioria do povo, mas não dos republicanos que, na sua maioria, eram anti-eclesiásticos, a Comissão Administrativa da Freguesia solicitou ao Governo Provisório Republicano a substituição do nome antigo da Freguesia para o nome de um dos maiores lugares e para onde estava planeada a construção da Estação – Ermesinde. A construção da Estação só não ocorreu no local planeado, porque o subsolo tinha demasiada água pelo que se tentou construir o mesmo projeto 300 metros mais a norte e aí se encontra ainda hoje, embora profundamente alterada na mudança do milénio.

    A decisão de mudar o nome da freguesia foi tomada na sessão do dia 6 de novembro de 1910. Era Presidente da Comissão Administrativa Republicana da Junta de Paróquia, Amadeu Ferreira de Sousa Vilar. A respetiva ata diz, a este propósito, o seguinte: «O Presidente lembrou a conveniência de se representar ao Ministério do Interior afim de que esta freguesia passe a denominar-se freguesia de Ermezinde, o que foi aprovado por unanimidade».

    Três meses mais tarde (dia 6 de fevereiro de 1911), o Ministro do Interior do primeiro Governo Republicano, António José de Almeida, deferia o pedido da Comissão Administrativa, e, no dia seguinte, o Diário do Governo publicava a referida resolução.

    A ANTIGA IGREJA DE S. LOURENÇO DE ASMES
    A ANTIGA IGREJA DE S. LOURENÇO DE ASMES

    S. LOURENÇO DE ASMES PASSA A DENOMINAR-SE ERMESINDE

    Diário do Governo, n.º 30, de 7 de Fevereiro de 1911

    «Attendendo ao que me representou a Junta de Parochia da freguesia de S. Lourenço de Asmes; e

    Conformando-me com a consulta do Supremo Tribunal Administrativo:

    Hei por bem determinar, nos termos do Codigo Administrativo, que a referida freguesia de S. Lourenço de Asmes, do concelho de Vallongo, districto do Porto, passe a denominar-se freguesia de Ermezinde.

    Paços do Governo da Republica, em 6 de fevereiro de 1911. = O Ministro do Interior, Antonio José de Almeida».

    A Igreja e a República

    Na verdade, com a implantação da República entrou em vigor A Lei da Separação do Estado das Igrejas. Como diz Oliveira Marques (História de Portugal, vol. II, Palas Ed. Lisboa, 1977, pp. 222-224), «A Lei da Separação de 1911 - por muitos considerada a pedra angular do regime - fora precedida de várias outras leis que claramente testemunhavam a política anticlerical da República (...). Esta e outras - a do divórcio por exemplo - causaram um descontentamento geral nas fileiras do Clero (...). A questão religiosa prosseguiu durante os anos de 1911, 1912 e 1913».

    Em Ermesinde, logo que se implantou a República, o Presidente da Junta de Paróquia, Monsenhor Paulo António Antunes, antes de entregar a Administração à nova Comissão Administrativa Republicana afirmou que se congratulava com a nomeação da referida Comissão, a quem muito considerava e que pela sua parte acompanhava o novo regime republicano (cf. ata da Junta da Freguesia, de 27 de outubro de 1910, fl. 19). No entanto, pouco tempo depois, os incidentes com o Pároco sucedem-se. Primeiro, por causa da divisão do cemitério herdada da monarquia, entre católicos e não católicos, mais tarde, por outros motivos.

    Por exemplo, na ata referente à sessão da Junta do dia 20 de agosto de 1911, conta-se o seguinte caso: «numa reunião da commissão escolar quando estava a findar a sessão, entra na sala o Parocho com modos provocadores dizendo que protestava pela commissão ter reunido aquella hora, e que devia suspender a sessão, por vinte minutos, pois que seria esse o tempo gasto em dizer missa, que se lhe tinha faltado ao respeito, e que o que alli dizia esteve para o proclamar ao altar, quando disse missa, mas que o não fez para não faltar ao respeito aos catholicos».

    Na primeira sessão da Comissão Administrativa da Junta da Freguesia de Ermesinde, após o 1.º aniversário da República, o Presidente, Amadeu Vilar, «participou que como era do dominio publico o parocho d’esta freguesia Paulo Antonio Antunes tinha abandonado o seu logar no dia um do corrente mez e em vista d’isso tinha recebido ordem do administrador do concelho para tomar conta da residencia assim como de tudo que pertencia á Igreja o que foi cumprido» (cf. ata da sessão da Junta da Freguesia de Ermesinde, de 15 de outubro de 1911).

    Já antes da implantação da República, o Pároco de S. Lourenço de Asmes tinha tido alguns problemas, chegando mesmo a ser agredido. A referência ao caso, surge-nos na ata da reunião da Junta de 6 de março de 1910, que dá notícia de uma manifestação de simpatia para com Monsenhor Paulo António Antunes. O excerto a que nos referimos diz o seguinte:

    «Ao Presidente Monsenhor Paulo António Antunes, no dia treze de Fevereiro de 1910, foi feita uma extraordinaria manifestação de

    (...)

    leia este artigo na íntegra na edição impressa.

    Nota: Desde há algum tempo que o jornal "A Voz de Ermesinde" permite aos seus leitores a opção pela edição digital do jornal. Trata-se de uma opção bastante mais acessível, 6,50 euros por ano, o que dá direito a receber, pontualmente, via e-mail a edição completa (igual à edição impressa, página a página, e diferente do jornal online) em formato PDF. Se esta for a sua escolha, efetue o pagamento (de acordo com as mesmas orientações existentes na assinatura do jornal impresso) e envie para o nosso endereço eletrónico ([email protected]) o nome, o NIF e o seu endereço eletrónico para lhe serem enviadas ao longo do ano, por e-mail, as 12 edições do jornal em PDF.

    Mas se preferir a edição em papel receba comodamente o Jornal em sua casa pelo período de 1 ano (12 números) pela quantia de 13,00 euros.

    Em ambos os casos o NIB para a transferência é o seguinte: 0036 0090 99100069476 62

    Posteriormente deverá enviar para o nosso endereço eletrónico ([email protected]) o comprovativo de pagamento, o seu nome, a sua morada e o NIF.

    Por: Manuel Augusto Dias

     

    Outras Notícias

     

    este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu
    © 2005 A Voz de Ermesinde - Produzido por ardina.com, um produto da Dom Digital.
    Comentários sobre o site: [email protected].