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    Arquivo: Edição de 30-06-2022

    SECÇÃO: Editorial


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    Ser português

    No mês em que foi possível celebrar, mais uma vez, o “Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”, desta feita em Braga, onde uma multidão participou nesse evento histórico e patriótico, o orgulho de ser português voltou a irrigar o coração luso. Nas palavras do Chefe de Estado, que se inspirou em Fernão Lopes, o povo tem sido o grande protagonista da nossa história coletiva, o mesmo é dizer, da nossa existência: «sem o povo, sem a arraia miúda, não teria havido Portugal». O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, aproveitou a oportunidade de olhar para a História evocando outras importantes efemérides históricas como sejam os 200 anos da primeira Constituição Portuguesa (1822, que se elaborou na sequência do triunfo da Revolução Liberal no Porto, em 24 de agosto de 1820); os 200 anos da Independência do Brasil (7 de setembro de 1822, através do célebre “Grito do Ipiranga” dado por D. Pedro I, o nosso D. Pedro IV); e os 20 anos da criação do Estado de Timor-Leste.

    Permita-me o leitor que me demore um pouco mais em Timor-Leste. Recordemos a sua história mais recente. No dia 28 de novembro de 1975, depois de alguns conflitos que configuravam o início de uma guerra civil, foi proclamada a República Democrática de Timor-Leste. Contudo, a vizinha Indonésia, com um regime antidemocrático de direita, argumentando não aceitar, por questões de segurança de estado, um país fronteiriço onde imperava o comunismo, decidiu invadir e ocupar, apenas alguns dias depois da declarada independência, mais concretamente a 7 de dezembro de 1975, a nova nação, considerando-a a sua 27.ª província. No período posterior à invasão indonésia, seguiu-se uma das maiores tragédias para o povo maubere. A Indonésia utilizou todas as formas de violência para neutralizar as manifestações de resistência. Estima-se que terão sido mortas duzentas mil pessoas, na sequência de lutas, massacres e chacinas. Outros tantos timorenses conseguiram fugir para a Austrália e para a Europa (muitos para Portugal). A tortura, as proibições e toda a espécie de violências, tornaram-se regra. O português foi proibido e procedeu-se à esterilização forçada de mulheres timorenses. Em simultâneo com esta profunda descaracterização que pretendia tornar irreversível a anexação, a Indonésia e a Austrália decidiram entender-se para, em conjunto, levarem a cabo a exploração das riquezas naturais de Timor, nomeadamente explorando o petróleo detetado no Mar de Timor. Enquanto isso, Portugal contestava junto da Organização das Nações Unidas e no Tribunal Internacional de Justiça. Era-lhe dada razão, mas tudo continuava na mesma. No interior montanhoso de Timor, a guerrilha do povo maubere nunca se rendeu, lutou sempre, apesar de todas as dificuldades logísticas e dos pesados desaires, pelo direito à independência. Xanana Gusmão foi uma das personalidades mais destacadas dessa luta interna (como líder das Falintil - Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor-Leste), Ramos-Horta foi a face mais visível no exterior (lutando pela via diplomática) enquanto D. Ximenes Belo, bispo de Díli, era a voz nunca resignada da Igreja Católica. Esta Igreja, a que pertence a maioria da população timorense, é uma das marcas da cultura portuguesa. No dia 30 de maio, o Papa Francisco nomeou o atual Arcebispo de Díli, D. Virgílio do Carmo da Silva, como 1.º Cardeal de Timor-Leste.

    Na altura em que Timor-Leste celebrava o seu 20.º aniversário como país e dava posse ao Presidente eleito, José Ramos-Horta, Marcelo Rebelo de Sousa, enquanto Presidente da República elogiou in loco a democracia timorense como “um sucesso no mundo”. Refira-se que este novo país, naquela região do mundo, é o único que escolheu como língua oficial a língua do país colonizador e vem evidenciando, em vários momentos, uma enorme empatia com o mundo português. Faz parte, com toda a legitimidade, da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa). A concluir, reforce-se que a língua portuguesa é a 5.ª mais falada no mundo, e a 1.ª mais falada no hemisfério sul.

    Por: Manuel Augusto Dias

     

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