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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 31-03-2022

    SECÇÃO: Editorial


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    Todos somos Ucrânia

    Esta guerra desencadeada pela Rússia de Putin, contra a Ucrânia, que já leva mais de um mês, é a primeira do século XXI em solo europeu e, em virtude do poder da informação digital que marca o nosso tempo, teve o efeito de aglutinar a maior parte dos países europeus e do mundo a favor do povo ucraniano, que viu o seu país, independente e como tal reconhecido por todo o mundo, ser invadido pelo poderoso vizinho russo, a quem esteve ligado vários séculos ao longo da sua existência.

    Na sua história milenar várias foram as guerras contra os países vizinhos exatamente como aconteceu com outros estados europeus e de outros continentes. Falando do nosso país basta lembrar as várias guerras com Castela, com os Califados muçulmanos do Sul (no tempo da Reconquista) ou com a França Napoleónica, no início do século XIX.

    Recordemos que o fim do Bloco Soviético, no início da década de 1990, originou um novo mapa político da Europa de Leste, sendo a Ucrânia um dos novos países que resultou do desmembramento da União Soviética, tendo declarado a sua independência em 24 de agosto de 1991.

    No fim da década de 1980, a União das Repúblicas Socialistas Soviética (URSS), então 2.ª potência mundial, vivia numa situação complicada em termos económicos e sociais. Economia estagnada, pouco respeito pela qualidade de vida da população, investimentos estatais quase exclusivamente no setor militar. Foi neste contexto que chegou ao poder Mikhail Gorbatchev (1985) que adotou a Glasnost (transparência posta na promoção da liberdade de expressão) e a Perestroika (reestruturação da economia baseada no estímulo à iniciativa privada). Mas a URSS sofreu um verdadeiro colapso: faliu economicamente, abdicou do regime político e desmembrou-se, com a independência das antigas 15 repúblicas federadas.

    No final de 1989, após o derrube do Muro de Berlim, a Europa de Leste acompanhou as mudanças políticas da URSS: Hungria, Polónia, Checoslováquia, RDA, Roménia, Bulgária, Jugoslávia e Albânia abandonam o antigo paradigma político de matriz marxista-leninista. Os novos países realizaram eleições livres, abandonaram o antigo regime político e adotaram uma economia de mercado.

    Mas a transição para o novo regime trouxe problemas graves à vida dos cidadãos das antigas repúblicas socialistas, que sofreram uma inflação galopante, viram aumentar o desemprego e assistiram ao surgimento duma enorme clivagem social (aumentou o número de pobres e apareceu um pequeno número de pessoas que enriqueceram rapidamente; na Rússia chamam-lhe “oligarcas” e alguns dos seus nomes são bem conhecidos). Efetivamente, no regime comunista, competia ao Estado assegurar, gratuitamente, o acesso à educação, à cultura, aos bens de equipamento essenciais, enquanto as empresas, também estatais, garantiam as infraestruturas sociais: infantários, hospitais, habitação. Na transição para a economia de mercado, tudo isso se perdeu, bem como todo o sistema redistributivo soviético. Os Estados da Europa Central sofreram menos do que os da Europa de Leste por se encontrarem na órbita da União Europeia (beneficiando do BERD - Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento e dos IDE – Investimentos Diretos Estrangeiros).

    Voltando à situação dramática que atualmente se vive na Ucrânia, é importante que este apoio mundial ao povo ucraniano não esmoreça nunca. Este n.º de “A Voz de Ermesinde” dá-lhe especial destaque, revelando o testemunho de um ucraniano que vive entre nós há vários anos e divulgando algumas das iniciativas locais a favor deste povo, vítima de uma guerra profundamente injusta. Todos os governantes e todos nós cidadãos do mundo livre devemos ser solidários com a Ucrânia, porque hoje são eles, amanhã podemos ser nós, por isso, “Todos somos Ucrânia”!

    Por: Manuel Augusto Dias

     

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