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    Arquivo: Edição de 28-02-2022

    SECÇÃO: História


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    ACONTECEU HÁ UM SÉCULO (32)

    Lisboa em “pé de guerra”

    Em fevereiro de 1922, há um século, a situação político-económica que se vivia em Portugal continuava a ser bastante preocupante. Ainda se faziam sentir as sequelas da “Noite Sangrenta” que ocorrera cinco meses antes e vitimara figuras gradas da República. O governo procurava consolidar o regime com a criação de uma polícia mais atuante, capaz de prevenir novos movimentos revolucionários. Mesmo assim, a 18 de fevereiro de 1922, manifestou-se nova tentativa revolucionária que obrigou o Governo e o Presidente da República a refugiarem-se na Cidadela de Cascais e Lisboa ficou em “pé de guerra”, cercada por uma força militar estimada em 7 mil homens.

    Vários governos republicanos perante sucessivas desordens por motivos políticos, económicos e sociais, entenderam por bem criar polícias que tinham por missão garantir a defesa do regime e impedir a ocorrência de movimentos revolucionários.

    Sidónio Pais, logo em 1917, procurou reorganizar os serviços de polícia. Assim, através do decreto n.º 3673, de 20 de dezembro desse ano, criou uma Polícia Preventiva, que se mantinha na dependência da Polícia de Investigação. Essa polícia tinha por missão, vigiar e prevenir crimes políticos ou sociais, investigar crimes políticos ou sociais, prender os suspeitos desse tipo de crimes e organizar um cadastro de todas as associações políticas e sociais, bem como dos seus membros. Em 1919, a Polícia Preventiva passou a designar-se, Polícia de Segurança do Estado. No dia 4 de fevereiro de 1922 através do decreto n.º 8013 a Polícia de Segurança do Estado (serviços de informação e polícia política da República) passou a denominar-se Polícia de Defesa Social, subordinada ao Ministro do Interior.

    GOLPE OUTUBRISTA ABORTADO

    Tropas de Infantaria 2 vindas de Abrantes, marchando frente aos Jerónimos (Ilustração Portuguesa, n.º 836, 25-2-1922)
    Tropas de Infantaria 2 vindas de Abrantes, marchando frente aos Jerónimos (Ilustração Portuguesa, n.º 836, 25-2-1922)
    A imprensa diária, de 18 de fevereiro de 1922, dava conta do movimento insurrecional que ficaria conhecido como “golpe outubrista” e que foi anunciado nesse dia, por um manifesto de Jaime Cortesão e Raul Proença, do famoso grupo da “Seara Nova” cujo conteúdo era o seguinte: «No momento em que erguemos este grito á consciencia de todos os portugueses bem intencionados, um falso sentimento de solidariedade ameaça atirar mais uma vez para o campo da rebelião ou da insubordinação uma parte do nosso exercito – aquela que constitue a mais firme garantia da Republica. Procura-se libertar da prisão meia dúzia de oficiais, não vendo que por essa maneira se atenta contra a honra desses oficiais, contra a honra do exercito, contra a honra de toda a Nação. Não veem que, por melhor fachada que se apresentasse para um movimento dessa natureza, nunca ninguém acreditaria que ele não teria sido feito para livrar da justiça os supostos responsáveis pelos crimes de 19 de outubro».

    “A Capital”, do dia 20 de fevereiro, abre a 1.ª página com o título a toda a largura que diz o seguinte: “A Patria e a Republica atravessam uma grave crise” e explica. «Os acontecimentos que se estão desenrolando ha quarenta e oito horas a esta parte indicam que estamos em presença de varios perigos para a vida da Republica e para a integridade da Patria. As medidas tomadas pelo governo da mesma forma indicam que se trata de afastar decisivamente esses perigos, restabelecendo a ordem, a tranquilidade, e garantindo a segurança social. Devemos ter confiança no governo, que é um poder legitimo, assim como devemos confiar no Chefe do Estado que é o simbolo da Nação. VIVA A PATRIA! VIVA A REPUBLICA!»

    Já o “Diário de Lisboa”, de 20 de fevereiro de 1922, logo na sua página 1, sob o título “Portugal Enfermo”, dá a notícia de outra tentativa revolucionária na cidade muito por causa da carestia da vida, que se tornava cada vez mais insuportável para a população pobre. Por outro lado, sente-se um vazio de poder, de disciplina e de ordem, que frequentemente caem em intentonas revolucionárias, que não se sabe muito bem onde e quando começam.

    A imprensa também ajuda a este estado de coisas, semeando a desconfiança e levantando sucessivas interrogações. O mesmo “Diário de Lisboa” na página 5 escreve: «Ás 11 da manhã, a cidade e o Chiado (…) estavam tranquilos, de maneira absoluta. A agitação, essa, existia apenas nas colunas dos jornais».

    A GNR, sediada no Quartel do Carmo volta a ser acusada como a autora de mais esta intentona. Mas há quem afiance que são apenas boatos, como boatos são as informações que referem que o governo e o Presidente da República se transferiram para Coimbra, quando afinal, dizem outros, estão apenas a dois passos de Lisboa, em Caxias.

    Mais, adiante, na mesma página, o “Diário de Lisboa” divulga a nota oficial do governo a respeito da frustrada revolução. «O governo, tendo tido conhecimento de que se estava para produzir um movimento de caracter politico e social, tomou todas as medidas tendentes a evitar a sua eclosão e assegurar a manutenção da ordem publica, entre elas, a de mandar vir para Lisboa algumas tropas da provincia, a fim de cooperarem com todas as forças que a capital dispõe na repressão de qualquer movimento. / O governo espera que toda a população se tranquilize confiando nessas unidades, com que ele está encarando a situação no firme desejo de assegurar definitivamente a tranquilidade publica, sem excessos prejudiciais mas com a firmesa que dá uma forte compreensão do seu dever e da justiça que a todos os cidadãos é devida».

    Tropas de Infantaria com Metralhadoras estacionadas na Ajuda (Ilustração Portuguesa, n.º 836, 25-2-1922)
    Tropas de Infantaria com Metralhadoras estacionadas na Ajuda (Ilustração Portuguesa, n.º 836, 25-2-1922)

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    Por: Manuel Augusto Dias

     

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