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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 20-10-2021

    SECÇÃO: Editorial


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    Abstenção

    Assistimos recentemente a um ato eleitoral, em que o maior vencedor se chama Abstenção. Ora esta constatação, mais evidente no litoral do que no interior, deve merecer a atenção não só dos políticos, como de todos os cidadãos que dão importância ao seu povo e ao seu país.

    Curiosamente, ou talvez não, são as populações do interior, mais envelhecidas e talvez menos instruídas a acorrerem em maior número às assembleias de voto em dia de auscultação popular! Porque será que acontece isto? Qual a explicação para tal comportamento?

    Ora a mim parece-me ser evidente que esse comportamento resulta precisamente do facto de ser uma população mais velha, que conheceu bem o tempo da ditadura quando não se podia abrir a boca, quanto mais votar. Agora que todos podem votar e que os resultados eleitorais são credíveis, continuam a ser os mais velhos aqueles que não perdem a oportunidade de cumprir essa obrigação cívica (alguns com dificuldades de locomoção) e, de assim, poderem contribuir para a escolha democrática dos órgãos do poder local.

    É assim que se compreende por exemplo que a abstenção no litoral do distrito do Porto tenha sido de cerca de 52% enquanto no interior do distrito foi de 34% (menos 18 pontos percentuais).

    Os concelhos considerados para o cálculo médio dos não votantes e dos votantes nos concelhos do litoral do distrito do Porto, nas eleições de 26 de setembro último, foram o Porto (com 48% de votantes), Matosinhos (com 46% de votantes), Gaia (com 47% de votantes), Maia (com 52% de votantes), Gondomar (com 48% de votantes) e Valongo (com 47% de votantes).

    Já os concelhos considerados para o cálculo médio dos não votantes e dos votantes nos concelhos do interior do distrito do Porto, nas mesmas eleições, foram Marco de Canaveses (com 66% de votantes), Baião (com 67% de votantes), Penafiel (com 70% de votantes), Paredes (com 66% de votantes), Paços de Ferreira (com 65% de votantes) e Lousada (com 67% de votantes).

    No concelho de Valongo mais de 52% dos eleitores faltaram à chamada (em 2017 a abstenção tinha atingido 46,31% e já era considerada bastante elevada), sendo a abstenção maior nas cidades (a cidade de Ermesinde foi a campeã da abstenção atingindo 56,29%; Valongo ficou a seguir com 51,29% de abstencionistas, e Alfena contabilizou 49,93% no que toca às abstenções) do que nas vilas de Campo e Sobrado onde a abstenção se cifrou em 45,43%.

    As motivações para não ir cumprir o direito de voto, que deveria ser encarado também como uma obrigação, são mais o comodismo do que outra razão qualquer. O ter que se deslocar à mesa de voto, a eventual espera de alguns minutos na fila, é vista por alguns como uma tremenda chatice (recordo que nas primeiras eleições verdadeiramente democráticas que houve em Portugal, no dia 25 de Abril de 1975, esperámos horas para poder votar e encarámos essa espera com um enorme orgulho e mesmo prazer de contribuirmos para a construção da democracia). Também ajuda ao abstencionismo o descrédito da política e dos políticos que nos últimos tempos tem crescido, por motivos que dariam outro editorial.

    Por: Manuel Augusto Dias

     

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