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    Arquivo: Edição de 31-12-2020

    SECÇÃO: História


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    MEMÓRIAS DA NOSSA GENTE (18)

    O TEMPO NATALÍCIO

    Recordando “Memórias da Nossa Gente”, nesta edição, descrevo como se vivia o dia de Natal em Ermesinde, e como, nos dias seguintes, se utilizava o canto das Janeiras para dar as “boas festas” às pessoas e famílias amigas, em que se envolviam grupos mais ou menos espontâneos, bandas e associações.

    O Dia de Natal era considerado, como ainda hoje acontece na maior parte das aldeias do nosso país, como a festa por excelência do nosso calendário religioso. Nas casas tradicionais, antes de se dirigirem à igreja, comia-se a chamada «roupa-velha», prato este confeccionado com o resto das batatas, dos legumes e do bacalhau que tinha sobrado da consoada. A missa, nesse dia rezada com mais solenidade, era acompanhada por cânticos alusivos ao Natal e terminava com o também tradicional beijar do Menino, que o celebrante ia buscar ao presépio.

    No almoço do Dia de Natal era utilizado o cabrito, ou o lombo de porco e, nalgumas casas, o peru. A tarde era destinada ao convívio com a família ou ao passeio. Os criados de servir, bem como os jornaleiros das vizinhanças, aproveitavam este dia para o jogo da malha no largo, que sempre existia nas «aldeias dos lavradores». A festa natalícia, por excelência, em Ermesinde, realizava-se no Domingo seguinte - o Menino Deus. Uma tradição de grande importância na vida desta gente, onde a juventude tinha um papel importante a desempenhar, nas manifestações culturais que lhes estão subjacentes.

    AS JANEIRAS

    O GRUPO MUSICAL DA ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA CANTANDO AS JANEIRAS AOS ERMESINDENSES
    O GRUPO MUSICAL DA ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA CANTANDO AS JANEIRAS AOS ERMESINDENSES
    Embora alguns autores chamem a atenção para a confusão que se manifestou em algumas épocas entre as Janeiras e os cantares das boas-festas e até os dos «Reis», nós apenas podemos dizer que em Ermesinde, no período a que nos reportamos neste trabalho, ela não acontecia. Assim, estava bem demarcada no tipo e na forma sobretudo a diferença entre os «Reis», a que se associava a actuação dos grupos de teatro de base religiosa, a que chamavam simplesmente «reiseiros» e os outros cânticos populares, quer eles se efectuassem na véspera de Natal, ou no Ano Novo, denominados simplesmente Janeiras. Esta é a razão que nos leva a colocar em capítulos distintos estas duas manifestações culturais que, como é óbvio têm grandes semelhanças de conteúdos e até de objectivos. Na nossa terra, cantavam-se as Janeiras desde as vésperas do Natal até depois dos Reis. Este período alargava-se quando se tratava da actuação das «troupes». Do que nos foi dado conhecer é possível, em algumas épocas, aqui descortinar dois tipos de cantadores de «Janeiras»: um mais pequeno, mais localizado, que se dirigia às casas mais conhecidas, integrando muitas vezes crianças e outro mais bem preparado, mais numeroso, que se estendia por uma área maior e que perseguia mais a recolha de fundos.

    As quadras eram semelhantes, girando todas à volta do Menino Jesus e da Sagrada Família, embora os primeiros, na introdução, mencionassem o nome do dono da casa, do género: «viva o dono desta casa, senhor...». Cantavam, geralmente nas vésperas das duas principais festas e, na maior parte das vezes, eram convidados para entrar e provar o vinho fino e os biscoitos, ou receber alguma pequena moeda, no caso da criançada.

    A PARTICIPAÇÃO DE BANDAS E ASSOCIAÇÕES

    Estes grupos maiores e mais organizados aceitavam as ofertas, quer elas fossem dinheiro ou outras coisas, como por exemplo bebidas e agradeciam cantando:

    A senhora desta casa

    É bonita e corada,

    Ainda mais bonita é

    Por nos dar a consoada.

    Curioso era, as boas-festas dadas, no dia de S. Silvestre por alguns músicos, saídos das bandas que tinham participado nas cerimónias. Juntavam-se, à noite, dois, ou três, no máximo quatro e acompanhados dos seus instrumentos, dirigiam-se sobretudo às casas dos lavradores, cantando e tocando as «janeiras», com a finalidade de levarem para casa um reforço da sua participação na festa. Todos estes agrupamentos eram acompanhados por instrumentos musicais, que iam dos cavaquinhos, ferrinhos(2) , tambores e violas e castanhas, e até concertinas e instrumentos de sopro nos grupos mais numerosos. Os seus tocadores provinham geralmente de associações e grupos de teatro e são eles que vão estar na base das célebres «trupes».

    GRUPO DE DANÇAS E CANTARES

    Nos últimos anos, alguns grupos ligados a ranchos, ou mesmo a associações de carácter cultural dedicaram-se, no período do Natal e Reis a cantar igualmente as Janeiras. Destes, destacaremos o Grupo de Danças e Cantares de Santa Rita, do Lugar da Formiga(3), que desde há alguns anos, vem dedicando aos ermesindenses, com o objectivo de angariar fundos para o seu rancho e, mais recentemente, o Grupo de Música Tradicional Portuguesa da Associação Académica de Ermesinde (foto deste artigo).

    (...)

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    1 Este artigo (texto e fotos) baseia-se na publicação do autor, “Ermesinde: Memórias da Nossa Gente”. O autor não segue o atual Acordo Ortográfico.

    2 Ferrinhos - Instrumento musical, em aço, de forma triangular, cujo som se obtém batendo nessa estrutura, com uma haste igualmente de ferro.

    3 A letra é adaptada, aliás, algumas quadras são mesmo iguais, de uma conhecida canção religiosa de Natal, cantada pelos «janeireiros» e baseada numa lenda religiosa. A música é, também, praticamente a mesma e, igualmente, foi recolhida por César das Neves (1896).

    Por: Jacinto Soares

     

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