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    Arquivo: Edição de 31-12-2020

    SECÇÃO: Crónicas


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    A GUERRA COLONIAL PORTUGUESA (16)

    O isolamento político do país relativamente à Política Ultramarina - O emergir dos Movimentos Independentistas de Libertação

    Nascido em 1928, em Golungo Alto, província do Cuanza Norte, Mário Pinto de Andrade foi viver para Luanda, com dois anos de idade e aqui frequentou os seus estudos até que, em 1948, ingressou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, inscrito no curso de Filologia Clássica. Na capital metropolitana, juntamente com outros ativistas políticos africanos, nomeadamente, o angolano Agostinho Neto, o guineense Amílcar Cabral e o são-tomense Francisco José Tenreiro, fundam, em 1951, o Centro de Estudos Africanos que tem como objetivo a reflexão das problemáticas relativas ao continente africano. Perseguido pela PIDE, em 1954, exila-se em Paris, onde vem a privar com outros importantes vultos da política e cultura africanas, de que destacamos Léopold Senghor que, uns anos mais tarde, se viria a tornar presidente da República do Senegal, uma ex-colónia francesa, e Nelson Mandela que veio a liderar a resistência sul-africana ao regime de apartheid e que, um dia, também ele, viria a ser eleito presidente da República da África do Sul.

    Alguns anos após a fundação do MPLA, mais precisamente em março de 1966, já em plena guerra colonial, stricto sensu, e sem outro fim que não o da luta armada, os também angolanos Jonas Malheiro Savimbi e António da Costa Fernandes, dissidentes da FNLA e do Governo de Resistência de Angola no Exílio (GRAE) de que o primeiro havia sido ministro das relações exteriores, fundam, em Muangai, na província do Moxico (Angola), a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA). Recordamos que o objetivo da FNLA era a restauração do antigo Reino ou Império do Congo, um estado pré-colonial que se situava no sudoeste de África e que, no que toca a Angola, abrangia apenas a parte norte do seu território. Ora, tal como a designação do movimento liderado por Savimbi sugere – … Independência Total de Angola – , a sua luta tinha objetivamente um âmbito mais vasto, ou seja, visava a independência da totalidade do território angolano.

    Uma vez que os movimentos já existentes UPA/FNLA e MPLA já estavam a ser apoiados, na sua luta anticolonial, respetivamente, pelos Estados Unidos da América de Dwight Eisenhower/John Kennedy e pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) de Nikita Khrushchev/Leonid Brezhnev, o novel movimento emancipalista, a UNITA, numa primeira fase, sobretudo até à independência de Angola, em novembro de 1975, foi solicitar, e conseguiu-o, o seu apoio à China de Mao Tsé-Tung. Mais tarde, no pós-independência, e na guerra civil que veio a travar com o MPLA, já transformado em partido político e único no poder, teve o apoio dos Estados Unidos da América e da África do Sul (ainda no tempo do apartheid), para além do de outras fontes menos significativas. Aliás, a UNITA, também conhecida pelo Movimento do Galo Negro e o MPLA nunca souberam conviver pacificamente, pois, mesmo antes da independência do país, já se guerreavam, sobretudo no Leste do território, onde aquela sempre teve a sua maior implantação.

    MÁRIO PINTO DE ANDRADE, FUNDADOR DO MPLA
    MÁRIO PINTO DE ANDRADE, FUNDADOR DO MPLA
    Jonas Savimbi, a mais carismática figura da UNITA, foi um político e líder guerrilheiro que nasceu no lugar de Munhango, uma pequena localidade da província do Bié, Angola, no ano de 1934. Frequentou parte do ensino secundário no Huambo (ex-Nova Lisboa), vindo praticamente a concluí-lo em Lisboa, para onde se mudara, com uma bolsa de estudo, tendo em vista vir a cursar medicina. Tal só não aconteceu por não ter obtido aproveitamento na disciplina, então obrigatória, de Organização Política e Administrativa da Nação, o que o impediu de se matricular na universidade. Na capital, teve contacto com outros estudantes africanos que conspiravam contra o regime, propugnando pela defesa da independência das colónias africanas. Daí que, sentindo-se acossado pela polícia política do regime (PIDE), refugiou-se na Suíça, onde se crê ter-se vindo a formar em Ciências Políticas e Sociais.

    António da Costa Fernandes, o outro cofundador da UNITA, também conhecido por Tony da Costa Fernandes, igualmente nascido em Angola, estudou e conviveu com Jonas Savimbi, na Suíça, onde ambos terão concebido a ideia de formar o novo movimento de libertação angolano que, como se disse, vieram a designar por UNITA. Promoveu o recrutamento de combatentes para as suas fileiras junto de refugiados angolanos na vizinha Zâmbia, que chegou a acompanhar para receberem treino militar na República Popular da China.

    Entretanto, e voltando aos anos 50, vão-se sucedendo as conferências afro-asiáticas ou simplesmente africanas cujos participantes vão reiterando o seu empenho na defesa dos direitos dos povos nativos à sua autodeterminação e independência. São os casos, por exemplo, nos últimos dias de 1957, da que teve lugar no Cairo, Egito, com a participação de 35 países, e das que, em meados e nos finais do ano seguinte (1958), ocorreram em Acra, Gana, que acabara precisamente de se tornar um país independente do Reino Unido (ex-Costa do Ouro), desta feita apenas com a participação de países africanos, em que, na esteira das anteriores, é reafirmado o propósito de apoiar os movimentos emancipalistas e manifestada a vontade firme e unânime dos representantes dos povos africanos ainda sujeitos ao domínio colonial de encetarem e/ou prosseguirem formas de luta, inclusive com recurso às armas, capazes de enfraquecer esse domínio.

    Em janeiro de 1960, tem lugar em Tunes, capital da Tunísia ou República Tunisina, a 11.ª Conferência dos Povos Africanos, em que representantes dos Movimentos de Libertação da Angola, Guiné e Moçambique dissolvem o MAC (Movimento Anti-Colonial) e formam a FRAIN (Frente Revolucionária Africana para a Independência Nacional das Colónias Portuguesas).

    Em 13 de junho desse mesmo ano, o MPLA propõe ao governo da nação uma solução pacífica para o problema colonial, mas que vem a ter como resposta a prisão, cerca de duas semanas depois, de dezenas de ativistas angolanos, entre os quais, os dirigentes daquele movimento, Agostinho Neto e Joaquim Pinto de Andrade. A 25 de setembro, ainda desse mesmo ano de 1960, é a vez de o PAIGC propor igualmente uma solução pacífica para o mesmo problema relativamente à Guiné. De referir que, cerca de um ano antes, uma manifestação de estivadores grevistas do porto de Pidjiguiti, nesta colónia da Guiné, havia sido violentamente reprimida, saldando-se o resultado em várias dezenas de mortos.

    (...)

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    Por: Miguel Henriques

     

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