Feliz Natal e Bom Ano Novo
Aproxima-se o Natal, sendo este o último número do Jornal "A Voz de Ermesinde" a sair a público antes dessa que é a festa maior das famílias portuguesas.
É uma festa íntima, familiar, caseira, em que as emoções, a saudade e a esperança habitam em simultâneo o espaço sagrado do interior do lugar que nos é comum e aquele outro espaço, esse invisível, que cada um de nós tem a sós consigo.
É Natal em Portugal - e é igualmente (ou desigualmente?) Natal um pouco por todo o vasto mundo, onde os homens se prometem paz e sossego.
Mas o desejo de paz, próprio do Natal, parece sombrio, nesse plano internacional, com a alteração dos equilíbrios construídos após a Segunda Grande Guerra, que tem garantido a paz nesta parte do mundo que a sorte nos destinou.
E foi sorte mesmo.
Na verdade, num mundo intranquilo e desigual, onde permanecem a sombra e a ameaça das perseguições étnicas e religiosas, ou o confronto militar, ou as ditaduras que colhem nos preceitos de religiões, ou em perversões de tais preceitos, o fundamento para o exercício sinistro do poder temporal, coube-nos, em auspicioso contraponto, este espaço do ocidente europeu onde prevalece um modo de vida civilizado e cosmopolita, que invoca os valores da democracia e dos direitos humanos como fundamento das Instituições políticas e que instituiu o exercício da liberdade individual como o valor supremo que é.
Nessa perspectiva, e mesmo no contexto de integração de um continente e um projecto de paz, como é a União Europeia, Portugal tem tido o privilégio de imunidade relativamente a algumas ameaças que vêm perturbando esse modo de vida cosmopolita que nos distingue.
Temos sido poupados à barbárie terrorista - e também às pulsões malsãs que querem responder a essa ameaça com o regresso das ditaduras e dos nacionalismos mais primitivos.
Mesmo no quadro do nosso pequeno País, esta zona do litoral noroeste onde vivemos, onde se localiza Ermesinde, o fértil Douro Verde, de clima bonançoso, deve ser considerada uma espécie de paraíso, poupada a calamidades como terramotos ou incêndios com a capacidade destruidora dos que este ano enlutaram o País.
Ao mesmo tempo, os indicadores económicos e sociais auguram um clima de crescimento e paz social que ajuda a arrebitar a esperança.
Boas Festas e Bom Ano Novo, pois, para todos.
Ao fim de tanto ajustamento, bem o merecemos.
Por: Henrique Rodrigues
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