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    Arquivo: Edição de 20-11-2017

    SECÇÃO: Património


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    Ainda a palavra “Ermesinde” (10)

    Falemos agora da seguinte na lista, Ermesinda Fernandes, (1037-1048).

    Como já vimos anteriormente o primeiro reino da reconquista foi o das Astúrias, fundado por Pelágio (718-737). Alargado o território transformou-se em Reino das Astúrias e Leão.

    Os reis ásture-lioneses foram alargando os domínios cristãos, que atingiram o rio Mondego (Afonso III), e, ao mesmo tempo, iam repovoando terras e reconstruindo igrejas e mosteiros, ficando célebre na parte ocidental o Mosteiro de Guimarães - com grandes propriedades rústicas e muitos castelos por todo o Norte de Portugal (Portucale).

    Porém (no século X), devidos às discórdias existentes, nobres que se revoltavam, tentando ter mais benesses ou poder, fez com que os chefes cristãos enfraquecessem, e Almançor aproveitou e tirou partido disso, tomando a ofensiva e destruindo Leão, a capital, e reduzindo o reino cristão, novamente, ao último extremo.

    Seguidamente, Fernando I, o Magno, rei de Leão e Castela, notabilizou-se na luta contra os Muçulmanos recuperando muitas terras, entre as quais Coimbra (1064), alargando assim definitivamente, os limites da reconquista até ao Mondego. Este monarca desenvolveu o território entre Douro e Mondego, o qual aparece designado por Portucale, separadamente da Galiza, com dois condados - Portucale e Coimbra - gozando de autonomia administrativa, com magistrados próprios.

    Fernando I, ao falecer (1065), repartiu os seus domínios pelos filhos: Sancho ficou com Castela, Afonso com Leão e Astúrias, e Garcia com a Galiza, transformada em reino independente.

    ALFONSO VI
    ALFONSO VI
    Por esta altura era frequente os ataques dos normandos em toda a costa norte da península, pelo que já em 1040, o bispo de Santiago de Compostela D. Crescónio, preocupado com as invasões, tinha mandado fortificar Compostela e Pontevedra, mandou reconstruir a igreja de Iria Flavia , que era a cabeça da sede episcopal e que tinha sido arrasada por Almanzor.

    A partir de 1077,Afonso VI, rei de Castela e Leão se intitulou ImperatortotiusHispaniæ (Imperador de toda a Hispânia), da tradição visigótica, a aliança com a igreja para a reconquista. Já era bispo D. Diego Peláez quando com a aprovação de Afonso VI decidem e iniciam a construção da grande basílica de Compostela era o ano de 1075. Nos fins do século XI aparece a dirigir a Igreja Hildebrando, monge de Cluny, eleito papa com o nome de Gregório VII (1073-1085).

    Os ataques normandos nas terras francesas iniciaram-se muito cedo, muito antes do ano 1000 , pelo que o rei franco Carlos III concedeu terras a um nobre norueguês, onde este criou o condado de Ruão, posteriormente transformado em ducado da Normandia.Os Normandos da Normandia francesa, com o duque Guilherme, invadem a Inglaterra e conquistam-na (1066), na batalha de Hastings.

    Este era o contexto histórico em que vivia a nossa D. Ermesenda Fernandes, filha de Fernando Sandines e de Elvira, tendo casado com o conde Gonçalo Forjaz, filho do conde de Coimbra, Froila Gonçalves (994-1017), "ComiteGundisaluofiliusFroilaetuxorimee Ermesenda filia FredenanduetIeloira"e neto do conde de Coimbra, Gonçalo Moniz (928.981), recordam-se deste que era irmão da Ermesenda Moniz (962) aqui já retratada.

    FroilaGonçalves (VeilaGunsalvi), ca 935-1006, conde de Coimbra, que não conseguiu conter as invasões de Almançor (995 e 997). Mas depois aliou-se a ele, apoderou-se de Sever do Vouga e governava Montemor-o-Velho quando em 1017 foi vencido pelo conde Mendo Luz, que ocupou o território sob a autoridade de Alfonso V. Deve ser o VeilaGunsalvi que com um exército de mouros e cristãos em 997 conquistou o castelo da Maia, (castelo este que segundo A. Almeida Fernandes situar-se-ia onde hoje é Ermesinde), donde assolou o território entre Douro e Ave. Froila e/ou Veila será que são a mesma pessoas ou duas pessoas diferentes. Segundo, José Mattoso, seriam duas pessoas diferentes e até irmãos. Sendo seu pai, Gonçalo Moniz (GunsalvusMuniz), ca 909-981, conde de Coimbra. Documentado como neto de D. Serracina. Teve bens em Sevilhão, doou várias terras ao mosteiro da Vacariça em 1006. Doou ao mosteiro do Lorvão as vilas de Cerzedo, Padalares e Serpins em 961, e Treixedo e outros bens em 981. Documenta-se que tinha propriedades em Leça. Aparece em vários documentos régios de Ordonho II, Ramiro II e Sancho I, o Gordo, que mandou envenenar 965. No tempo do abades Árias de Guimarães teve conflitos armados com o conde Gonçalo Mendes Cc sua prima D. Tota (Tutadomna ou Mumadona) Froilaz, referida acima.

    GREGÓRIO VII
    GREGÓRIO VII
    Os pais de Ermesenda Fernandes, Fernando Sandines que foi casado com Elvira, este por sua vez era filho de Sandino Soares, e neto de D. Soeiro Gondesinde, com bens espalhados por estas regiões até Coimbra. Como já referido numa crónica anterior em os dois irmãos, Sandino e Gondesindo, fazem em 964, doação a um diácono de nome Sandino e ao presbítero Gudesteu, a quarta parte da "villa" de Espindelo, vizinha de Sever, na outra parte do Vouga, entre as "villas" Ceterini e Idolo (hoje Cedrim e Ribeiradio).

    Em relação ao Soeiro Sandines, sabemos que não teve descendência,e todos os seus bens foram doados ao mosteiro do Lorvão, conforme documento datado 982 (testamento?), e executado, escrupulosamente pelo seu irmão Fernando, pai de Ermesenda, os bens doados foram as Villas de Recardaens, Antolim e Ventosa junto de Águeda, e a villa de Bellina junto ao Vouga, e ainda "hereditatenostra… invillaRrial… territoriumPortugalense" em 1037.

    Como verificamos tanto a família de Ermesenda, assim como do marido Gonçalo viviam nesta região, com muitas propriedades bordejando o rio Douro. O último registo que temos de Ermesenda é pelo ano 1048, "invilla…GemumditerridorioPortugalemsis" e confirmado por "Ermesinda prolixFredenamdo, ExemenaprolixFredenando". Apesar de José Mattoso nos informar que uma "comitissadomna Ermesenda" ter vendido uma propriedade em Penso (Braga), antes de 1100.

    Como podemos constatar que esta Ermesenda Fernandes faz parte da nobreza do norte de Portugal, comprovadamente viveu nesta região, pois os bens que possuía estendiam-se desde a região de Braga até Coimbra. Não tendo conseguido obter mais informações desta senhora, que pertenceu à família nobre de "Ribadouro", uma das cinco famílias da nobreza mais antiga de Portugal.

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    1 O Mosteiro terá sido construído sobre um pequeno templo, antes do século IX, por sua vez construído sobre um anterior estabelecimento romano havendo vestígios arqueológicos de ocupações pré-românicas e românicas. Este conjunto terá passado a mosteiro nos finais do século XI, tendo sido entregue no século XII aos cónegos regrantes de Santo Agostinho.

    2 Abu Amir Muhammad ibnAbdullahibnAbi Amir, al-Hajibal-Mansur, mais conhecido por Almançor, (n. c. 938, numa família árabe da área de Algeciras - m. 8 de agosto de 1002) foi o governador do al-Andalus (designação em árabe da Península Ibérica).

    3 …in Legioneet in suisterminis, et in Gallaecia, et in Asturiis, et on Portugalle, tale sit semper judicium… (Cânon VIII do Concílio deCoiança, de 1050).

    4 https://pt.wikipedia.org/wiki/Iria_Flávia

    5 Foi uma das figuras mais notáveis da nobreza eclesiástica da Galiza medieval. Foi bispo de Santiago de Compostela, e contribuiu para a grandeza dessa diocese e do Senhorio de Santiago no século XI.

    6 Rollo cercou Paris em 886, conseguindo os francos derrotá-los, assinando um tratado "Saint-Clair-sur-Epte" em que este se torna vassalo do rei Carlos III, e que se converte ao cristianismo, e baptizado com o nome de Roberto.

    7 Normandia deNorthmen (do latinNormanni).

    8 Este Fernando Sandines foi fruto do casamento de Sandino Soares com D. Ximena, havendo deste casamento dois filhos, o Fernando Sandines e Soeiro Sandines.

    Por: Carlos Marques

     

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