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    Arquivo: Edição de 20-11-2017

    SECÇÃO: Opinião


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    Imitemos Marquês de Pombal

    Fez no passado dia 1 de Novembro 262 anos que ocorreu o sismo, conhecido pelo Terramoto de 1755, tragédia que destruiu parte significativa de Lisboa, matando mais de dez mil pessoas, não deixando pedra sobre pedra na baixa lisboeta, desgraça que levou Sebastião José de Carvalho e Melo a reconstruir a zona afetada, introduzindo novas, largas e programadas artérias com edifícios modernos para a época, em vez de se limitar a restaurar velhas habitações para que tudo ficasse como anteriormente ao "tsunami", que se seguiu ao sismo.

    A tragédia dos incêndios registada este ano, designada por Pedrógão Grande e 15 de Outubro, matou mais de 100 pessoas e milhares de animais, consumiu árvores e vegetação numa área de mais de 500 mil hectares, reduziu a cinzas casas de férias e de primeira habitação, dezenas de empresas desapareceram e com elas os muitos empregos, directos e indirectos, drama que perdurará por meses e anos nas vidas dos habitantes que revelam coragem de permanecer nas suas localidades, procurando e encontrando forças para enfrentar as consequências dos incêndios que tudo lhes roubou.

    O Governo promete que o Estado não abandonará as vítimas à sua sorte, anunciando apoios de milhões de euros orientados para recuperação dos patrimónios destruídos e apoio financeiros a famílias e empresários, visando atenuar o sofrimento dos que perderam os seus entes queridos e auxiliando os empresários a porem de pé as unidades produtivas, o que conduzirá à retoma dos postos de trabalho, assegurando, na medida do possível, executar carteiras de encomendas e manutenção de clientes.

    São medidas que, se cumpridas, afectarão o Orçamento do Estado que, ou tinha folgas que não eram assumidas pelo Governo, ou então o défice previsto será inevitavelmente agravado, concorrendo para o aumento da dívida pública que os portugueses terão de suportar, mais ou menos dolorosamente, nos próximos anos.

    Não estando em causa a bondade das medidas anunciadas pelo Governo, será inteligente que se aproveite a oportunidade para ordenar as áreas florestais, redesenhar o edificado das vilas e aldeias e, na substituição dos equipamentos industriais, se opte por aquisição de novos e tecnologicamente avançados, sendo legítimo que se pergunte: onde ir buscar os recursos financeiros sem aumentar a dívida ou os impostos? A resposta é intuitiva: eliminando despesas que não afectem o normal funcionamento do Estado, implementando decisões que metam na "gaveta" por muitos anos investimentos desnecessários na actualidade.

    Damos exemplos: redução do número de deputados, de vereadores municipais e de membros das assembleias, acabando nestas com as inerências dos presidentes de junta; eliminar ou reduzir drasticamente as subvenções concedidas aos partidos, quer as que se destinam ao funcionamento das suas "máquinas", quer as atribuídas a título de financiamento de campanhas eleitorais. Para se ter noção do quanto custa aos contribuintes as subvenções aos partidos, bastará recordar que no período de 2012/2016, as transferências com origem no orçamento da AR atingiram a elevada soma de 123.461 milhões de euros, verba que transferida da AR para a recuperação dos danos dos incêndios, em cinco anos voltaríamos a ter o país completamente recuperado.

    Relativamente à paragem de investimentos desnecessários, recordamos os anúncios de novos hospitais, novos aeroportos, TGV, etc. Abandonemos a obsessão por elefantes brancos, resolvendo agora as graves e medonhas consequências dos fogos, eliminando as dívidas do Estado aos seus fornecedores, suprindo as faltas de pessoal e reparando os edifícios públicos degradados, designadamente, nos sectores da saúde, educação e justiça. Depois da tragédia dos incêndios, o que se pede aos políticos é que imitem a visão e tenacidade do Marquês de Pombal.

    Por: A. Alvaro de Sousa

     

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