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    Arquivo: Edição de 30-04-2016

    SECÇÃO: Saúde


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    31 DE MAIO: "Dia Mundial sem tabaco"

    Portugal fuma muito?

    Segundo a Direção Geral da Saúde (DGS, 2015) o tabagismo é um dos fatores de risco evitáveis, que mais tira anos de vida saudável, na população portuguesa. Estima-se cerca de 25% da população portuguesa, acima dos 15 anos de idade, seja fumadora.

    O consumo regular de tabaco afeta a qualidade de vida e a longevidade, tendo os fumadores menos 10 anos de vida comparativamente aos não fumadores. Dados relativos a 2013, mostram que cerca de 11% do total de óbitos registados em Portugal, foram atribuídos ao consumo do tabaco (DGS, 2015).

    Será que sabe qual é a composição do cigarro?

    Para além da conhecida nicotina, como elemento constituinte do cigarro, este possui milhares de substâncias na sua composição, como o monóxido de carbono, amónia, alcatrão, acetona, entre outros. Todas estas substâncias têm efeitos tóxicos, irritantes e até mesmo cancerígenos.

    Dependência do tabaco - "..eu viciado? Não!"

    A nicotina é uma substância psicoativa ou seja, atua como estimulante ou depressor no sistema nervoso central, alterando temporariamente o estado de humor e provocando dependência. Tem alto poder aditivo, sendo que após a sua absorção pela mucosa oral e pulmões, atinge o cérebro em cerca de 7 segundos, circulando em toda a corrente sanguínea.

    O consumo contínuo de nicotina vai induzir um efeito de tolerância, o fumador tem necessidade de aumentar o seu consumo, para obter o mesmo efeito psíquico, como redução da ansiedade e sensação de relaxamento (dependência "psíquica"). Porém quando o fumador espaça ou cessa o seu consumo, experiência sintomas de privação, como irritabilidade e agitação (dependência "física").

    Efeitos do tabaco na saúde - "... eu já sei que faz mal!"

    São numerosos os efeitos nocivos do tabaco no nosso organismo, tanto nas pessoas fumadoras como nas expostas ao fumo ambiental do tabaco.

    O consumo do tabaco está relacionado com alterações praticamente em todos os sistemas do no nosso corpo. Existe uma estreita associação entre o consumo do tabaco e um grande número de doenças, incluído doenças oncológicas. O tabaco está relacionado com as três principais causas de morte em Portugal: as doenças do cardiovasculares, cancro e doenças respiratórias.

    Estima-se que as doenças cérebro e cardiovasculares, como o acidente vascular cerebral (AVC), enfarte do miocárdio e angina de peito são 2 a 4 vezes mais frequentes nos fumadores.

    O tabaco tem um impacto significativo nas doenças oncológicas, é um importante fator de risco para o cancro do pulmão (2ª causa de morte devido a doença oncológica, em Portugal), laringe, esófago, estômago, pâncreas, rins, bexiga e colo do útero.

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    Relativamente às doenças respiratórias, estão associadas ao tabaco a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) e bronquite crónica. O efeito deletério no sistema imunitário, aumenta probabilidade de infeções respiratórias, como a pneumonia. O fumador frequentemente experiência sintomas como tosse com expetoração e dificuldade respiratória. O amarelecimento dos dedos e dos dentes nos fumadores, é provocada pelo alcatrão presente no cigarro.

    Tabagismo em grupos específicos

    Tem se assistido à iniciação do consumo, em idades cada vez mais precoces, podendo levar a alterações pulmonares permanentes. Os desfechos do tabagismo na infância e na adolescência são cada vez mais preocupantes. Durante esta fase da vida os pulmões ainda estão em crescimento e o tabaco pode reduzir o seu crescimento e diminuir a função pulmonar.

    O consumo regular de tabaco, especificamente na mulher, traz vários problemas como o risco aumentado de osteoporose; infertilidade; aparecimento de menopausa precoce e de doença cardiovascular, quando a associação pílula-tabaco está presente. Não se deve associar a pílula ao tabaco pois aumenta o risco de AVC, embolia pulmonar e tromboflebite.

    É de extrema importância destacar os riscos associados a exposição ao tabaco durante a gravidez. Aumenta o risco de prematuridade, baixo peso do recém-nascido, hemorragia pós-parto e de mortalidade perinatal.

    Deixar de fumar e os seus benefícios para a saúde

    Deixar de fumar traz inúmeros benefícios pessoais, sejam eles de bem-estar físico e psicológico, financeiro e até mesmo estético. Traduzindo-se numa melhoria do aspeto da pele, redução do mau-hálito e da performance física em atividades desportivas.

    Os benefícios em deixar de fumar não se refletem somente a longo prazo. Sabe-se que uma vez abolido o consumo de tabaco, ao fim de 20 minutos existe um efeito na diminuição do ritmo cardíaco e da pressão arterial; ao final de 12 horas, os níveis sanguíneos de monóxido de carbono normalizam; ao final de 3 meses, as funções respiratória e circulatória melhoram e ao final de 9 meses, assiste-se a diminuição da tosse e falta de ar.

    Os benefícios a longo prazo traduzem-se numa redução, para cerca de metade, do risco de doença cardíaca coronária, ao final de 1 ano de abstinência tabágica; ao final de 5 anos diminui o risco de AVC ficando igual ao de um não-fumador; ao final de 10 anos diminui para metade o risco de cancro do pulmão e os riscos de cancro da boca, faringe, esófago, bexiga, rim e pâncreas diminuem consideravelmente.

    Finalmente estima-se que ao fim de 15 anos sem fumar, o risco de doença cardíaca coronária seja igual ao de indivíduo não-fumador; assim como o risco de desenvolver DPOC cai de forma notável.

    E porque não pedir ajuda?

    Fazer uma mudança tão importante na vida, como deixar de fumar, não é tarefa fácil, envolve mudanças de comportamentos, mas não necessita de ser feita sem apoio. Se é fumador, motivado ou não a parar de fumar, pode procurar aconselhamento junto do seu médico de família. Existem informações práticas, estratégias e recursos disponíveis para o ajudar nesta fase, a não desistir e a evitar recaídas.

    Por: Daniela Medeiros Coelho*

    *Médica Interna de Medicina Geral e Familiar

     

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