SECÇÃO: Saúde

O que é o vírus Zika?

O vírus Zika é um vírus recente, transmitido pelo mosquito Aedes que foi inicialmente identificado no Uganda, em1947, em macacos. Posteriormente, foi identificado em seres humanos, em 1952, no Uganda e Tanzânia. Têm-se registado surtos da doença do vírus Zika em África, na América, na Ásia e no Pacífico.

Recentemente, no Brasil, as autoridades observaram um aumento das infeções por este vírus na população, assim como um aumento nos bebés nascidos com microcefalia ("cabeça pequena"). As agências que investigam os surtos de Zika estão a encontrar uma evidência cada vez maior sobre a ligação entre o vírus Zika e esta malformação no recém-nascido. No entanto, outras potenciais causas estão igualmente a ser investigadas.

SINAIS E SINTOMAS

O período de incubação (o tempo que decorre desde a exposição ao vírus ao aparecimento dos sintomas) não está estabelecido, mas é provavelmente de alguns dias (varia entre 3 a 12 dias após a picada do mosquito infetado).

A maioria das infeções é assintomática (entre 60 a 80 por cento). Nos casos de doenças com sintomas, estes são ligeiros e caracterizam-se por uma síndrome febril autolimitada, de curta duração e que resolve em aproximadamente 4-7 dias, sem complicações graves, sem letalidade e geralmente sem necessidade de hospitalização. Para além da febre, outros sintomas frequentes são lesões na pele (exantema maculopapular) que muitas vezes começam na face e podem atingir todo o corpo, dores articulares, conjuntivite não purulenta ("olho vermelho"), dores musculares ou dores de cabeça. Menos frequentemente são referidas dor retro-orbitária e queixas gastrointestinais. Estes sintomas são, normalmente, ligeiros e duram 2-7 dias.

TRANSMISSÃO

O vírus Zika pertence ao género dos Flavivírus, transmitido às pessoas através da picada do mosquito do género Aedes (que picam, normalmente, durante a manhã e ao fim da tarde). Trata-se do mesmo mosquito que transmite o dengue e a febre-amarela.

- Transmissão perinatal, provavelmente por via transplacentária ou durante o parto quando a mãe está infetada;

- Transmissão sexual (notificação de um número reduzido de casos).

Existe também um risco potencial de transmissão do vírus Zika por transfusão de sangue e derivados.

Diagnóstico

O vírus Zika é diagnosticado através de análise de sangue específica e do isolamento do vírus em amostras biológica (sangue e urina). O período de virémia é curto. A deteção direta do vírus pode ser realizada durante os primeiros 3-5 dias após o início dos sintomas no sangue e até 10 dias na urina.

O diagnóstico pode ser difícil porque o vírus pode confundido com outros vírus, como o dengue, febre do Nilo Ocidental e febre amarela.

TRATAMENTO

A doença do vírus Zika é, normalmente, relativamente ligeira e não requer um tratamento específico.

Atualmente, não existe qualquer tratamento específico nem vacina para a doença por vírus Zika. O tratamento é sintomático, baseado no alívio da dor e febre, assim como repouso, ingestão de muitos líquidos (para compensar eventual desidratação associada a febre). Se os sintomas piorarem, devem procurar aconselhamento e cuidados médicos.

PREVENÇÃO E RECOMENDAÇÕES

PARA VIAJANTES E GRÁVIDAS

A melhor forma de prevenção é a proteção contra a picada do mosquito. Isso pode ser feito usando repelentes de insetos, usando vestuário preferencialmente de cor clara e que cubra o corpo tanto quanto possível; usando barreiras físicas (como redes, portas e janelas fechadas) e dormir sob a proteção de mosquiteiros. É igualmente importante esvaziar, limpar e cobrir recipientes que possam conter água, tais como baldes ou vasos, para eliminar os locais de reprodução dos mosquitos.

Aplicar repelentes observando as instruções do fabricante, tendo em atenção que: crianças e mulheres grávidas podem utilizar repelentes de insetos apenas mediante aconselhamento de profissional de saúde; não são recomendados para recém-nascidos com idade inferior a 3 meses; se tiver de utilizar protetor solar e repelente, deverá aplicar primeiro o protetor solar e depois o repelente.

Deve dar-se especial atenção e ajuda às pessoas que possam não possam proteger-se devidamente, tais como crianças, idosos e doentes.

A DGS tem disponível no seu site recomendações para os viajantes para áreas afetadas; destacando-se:

• Antes do início da viagem procurar aconselhamento em Consulta do Viajante e no país de destino seguir as recomendações das autoridades locais, devendo também tomar as precauções básicas acima descritas.

• As grávidas devem ser informadas dos possíveis riscos antes de realizar a viagem (em consulta com o médico assistente ou em consulta do viajante);

• Por precaução e até à demonstração de associação entre a doença por vírus Zika e a incidência de malformação em fetos e recém-nascidos, recomenda-se que grávidas que tenham permanecido em áreas afetadas, após o regresso, consultem o seu médico assistente mencionando a viagem.

Por: Daniela Medeiros Coelho*

*Médica interna de Medicina Geral e Familiar