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    Arquivo: Edição de 18-06-2014

    SECÇÃO: Opinião


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    Cheira a poder, regressam as vedetas

    Os resultados das eleições europeias estão a produzir as habituais reações de políticos, analistas e comentadores, cada um vendo os resultados à luz do que defenderam antes ou em linha com os objetivos de hoje.

    É assim que vemos, ouvimos e lemos que para alguns verificou-se uma inquestionável vitória sem que surja quem interprete os resultados como uma derrota. Mesmo no BE, que sofreu uma hecatombe, o discurso é mitigado fazendo sobressair as qualidades excecionais da sua militante eleita, desvalorizando a perda de dois dos seus anteriores três representantes em Estrasburgo.

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    Das diversas leituras parece-nos que as mais corretas são as que referem que o eleitorado protestou contra o Governo e as suas medidas de austeridade. E não foi só em Portugal que o fenómeno ocorreu. Em todos os demais Estados europeus, os eleitores aproveitaram as eleições para mostrarem um cartão amarelo aos respetivos governos, independentemente da cor política, sendo o caso francês o que mais campainhas fez tocar, pela importância que a França tem na manutenção da União Europeia. Não sendo segredo para ninguém que União Europeia sem a França é pura miragem, a espetacular vitória da extrema-direita francesa de Marine Le Pen, que defende a saída da França do acordo de Schengen e a retirada de benefícios aos emigrantes, é razão mais do que suficiente para os verdadeiros amantes da democracia refletirem rápida, e sabiamente, de quanto têm sido erradas as políticas impostas aos europeus que têm conduzido a menos crescimento e mais desemprego, como há dias lembrava o Nobel da Economia Joseph Stiglitz, encontrando outras soluções que tragam de volta a prosperidade que os europeus já conheceram.

    Teimar em políticas de austeridade a que vêm sujeitando os povos que se sentem cada vez mais pobres, que olham para o universo dos detentores do capital e os veem mais ufanados, enquanto as dívidas dos Estados não param de aumentar, será caminhar a passos largos para algo trágico que ocorreu em meados do século passado, que o projeto europeu visou evitar.

    Voltando à nossa “paróquia” nacional como interpretamos o que aconteceu no passado dia 25? Quanto a nós os portugueses, zangados com os governantes, retiraram-lhes qualquer confiança que ainda pudessem manter, sujeitando os partidos da coligação PSD/CDS-PP ao humilhante resultado de não “faturar” mais do que 27,71%. Mas se não se reveem nas políticas de Passos Coelho e Paulo Portas, a sua sabedoria sussurra-lhes que o putativo candidato a primeiro-ministro não lhes inspira nem maior nem melhor confiança. E, vai daí, direcionou o seu voto para duas forças políticas tradicionalmente fora do arco da governação e maior abstenção do que a já demasiada alta que se tinha registado nas idênticas eleições de 2009.

    Se concordarmos com esta leitura, estaremos de acordo com o regresso das “vedetas” que, cheirando-lhes a poder, se apressam a estar no lugar certo na hora certa, que é como quem diz, representar o Partido Socialista quando forem marcadas as próximas eleições legislativas, convencidos que se substituírem António José Seguro pelo seu homónimo socialista António Costa, conseguirão congregar o descontentamento dos portugueses apresentando-lhes uma figura que rotularão de competente, sério, com provas dadas no Governo e na gestão da maior autarquia portuguesa, apagando a dúvida que esteve presente nas eleições europeias, que terá levado muitos eleitores a não privilegiarem o Partido Socialista na sua opção de voto de protesto.

    A estratégia de António Costa e seus camaradas próximos é percebida. Dúvidas é se desta vez conseguirá apear o atual secretário-geral. Seria bom para Portugal e para os portugueses que tivesse êxito. Como desejável seria que para as bandas da S. Caetano à Lapa os militantes se mobilizassem no sentido de entregar as rédeas do partido a Rui Rio para, do entendimento de ambos resultasse a tão falada e desejada reforma do Estado.

    Por: A. Alvaro de Sousa

     

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