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Edição de 29-02-2024
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    Arquivo: Edição de 28-02-2013

    SECÇÃO: Opinião


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    Governo sobreviverá à 7ª avaliação?

    No momento em que escrevo estas linhas lê-se na primeira página do jornal “I” que “Sobrevivência do governo está em risco se a troika não travar austeridade”. No desenvolvimento do trabalho jornalístico, Liliana Valente escreve a dada altura que «o executivo de Passos Coelho aposta todas as fichas nesta avaliação [7ª] e numa flexibilização europeia. Numa estratégia de ou vai ou racha, os dois ministros de Estado Vítor Gaspar e Paulo Portas vão debater com os técnicos do Banco Central Europeu, da Comissão Europeia e do Fundo Monetário Internacional o plano que têm vindo a desenhar nos últimos tempos de cortes na despesa pública de cerca de quatro mil milhões de euros».

    Estando ainda por se iniciar os trabalhos da referida avaliação, ninguém saberá o resultado final e, consequentemente, se o Governo resistirá qualquer que seja o desfecho que venhamos a registar. Há, porém, uma certeza para muitos economistas, políticos e comentadores: se o Governo tentar introduzir mais austeridade na vida das pessoas e na atividade das empresas, não só não resolverá o grave problema do défice e da dívida, como agravará o já preocupante índice da recessão da economia previsto para 2013. Comungamos, infelizmente, do pensamento de todos, e são muitos, os que reclamam por outras políticas, conhecidos que são os resultados desastrados das que têm vindo a ser seguidas. Começamos mesmo a recear que no edifício da Presidência Oficial do primeiro-ministro, haja por lá um qualquer vírus de “casmurrice” que impede aos seus inquilinos de enxergarem o desastre das suas políticas. Foi assim com José Sócrates. Quando muitos começaram a dizer-lhe que era preciso arrepiar caminho, ele teimou até ao momento em que a Oposição lhe apontou a saída através da rejeição do PEC IV. É agora com Passos Coelho que, insensível ao drama que a sua teimosia causa a todo o País, continua a afirmar publicamente que o caminho que a governação tem vindo a trilhar é para continuar, custe o que custar.

    A dada altura do programa da RTP “Prós e Contras” de ontem (24/02), o General Pinto Ramalho lembrava que na execução das operações militares não há lugar a experimentalismos, deixando perceber que a prática reiterada dos políticos de avançar com medidas sem se preocuparem com os seus efeitos é coisa que, felizmente, não pode acontecer nas Forças Armadas. Mutatis mutandis, os nefastos resultados do experimentalismo deste governo deveriam aconselhar os seus membros a terem já procurado políticas alternativas, percebendo que, como ontem afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, as terão de anunciar e implementar mais tarde, com o gravame de o fazerem em estado de necessidade, que deveriam e poderiam ter evitado. Quando não aprendemos com os erros dos outros, poderemos ser tudo menos inteligentes.

    Se outros exemplos a vida política nacional não nos oferecesse, bastaria recorrer ao erro de Sócrates em pedir ajuda externa só quando os cofres do Estado estavam praticamente exauridos, obstinação que sujeitou os portugueses à perda de independência económico-financeira, tendo de aceitar condições inscritas num memorando que trouxe como consequência a destruição da economia, o flagelo do desemprego, a ruína de muitos milhares de famílias, o empobrecimento de trabalhadores, pensionistas e aposentados, catapultando para as primeiras páginas dos jornais as ajudas de instituições de assistência social que se têm desdobrado para matar a fome a portugueses que, em menos de dois anos, se viram empurrados da classe média, a que pertenciam, para a de utentes das cantinas e outros serviços das Misericórdias e de outras Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPPS).

    Na nossa história da democracia temos o mau exemplo dos políticos que detêm o poder ignorarem e molestarem as oposições, mesmo em períodos em que deveriam perceber que – devendo a sua preocupação centrar-se na resolução dos problemas dos cidadãos – se lhes imporia incentivarem o diálogo com os representantes destas, com vista a implementarem as reformas necessárias para assegurar uma panóplia de medidas garantistas de estabilidade política, um sistema judicial dinâmico com decisões céleres e compreensivas e de um quadro fiscal razoável e inalterável para um período de dez ou mais anos, a fim de que os investidores possam procurar-nos nas suas opções, por saberem as regras com que podem contar, pelo menos para o período que precisam para conseguirem o “breack-even” das suas apostas.

    Uma última questão: Perante o desacerto do ministro das Finanças nas suas previsões, com consequências graves para os portugueses e a confrangedora imagem do ministro Miguel Relvas, causa de autênticos e repetidos enxovalhos para a instituição Governo de Portugal, Passos Coelho faria bem, e quanto a nós tem pouco tempo para o fazer de forma não dramática, se se libertasse da “canga” que arrosta, dispensando os serviços prestados a Vítor Gaspar e ao do ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares e promovendo uma remodelação ministerial, procurando outros que sejam mais assertivos e menos odiados pelos cidadãos, que possam incutir alguma esperança aos portugueses e proporcionar aos membros do Executivo deslocarem-se a qualquer ponto do país sem necessidade de segurança reforçada, cujo medo impõe às forças da ordem afastarem para bem longe as pessoas que gostariam de estar presentes em cerimónias que lhes dizem muito, como foi o caso que ocorreu ontem em Espinho, junto do Quartel dos Bombeiros Voluntários Espinhenses.

    Por: A. Alvaro de Sousa

     

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