Natal - tempo de esperança
Neste país onde a esperança se vai esgotando, faz falta o Natal.
Precisamos de uma luz que nos conduza para bons caminhos, que nos aqueça e nos dê alento.
As mensagens de Natal da Igreja Católica são bem significativas da época que vivemos e foram dedicadas à crise e à ajuda aos mais necessitados.
Os principais líderes da Igreja Católica em Portugal deixam um apelo à partilha – «que os gestos de entreajuda, solidariedade e partilha se multipliquem», à força da família apelando à reconciliação da mesma, à oportunidade de troca de calor humano, à necessidade de cultivar a esperança.
D. Jorge Ortiga vai mais longe e afirma – «é preciso inquietar os políticos, obrigando-os a refletir sobre o papel que devem ter como legítimos representantes do povo».
Esta crise que começou nos Estados Unidos e que rapidamente se instalou na Europa, onde as primeiras vítimas foram a Grécia, a Irlanda e Portugal, tem vindo a agravar-se.
O Governo de Portugal optou por ser um bom aluno da chanceler Merkel, seguindo uma austeridade cega «e que tem deixado impunes os mercados usurários e os mais poderosos, aceitando que cresça a recessão e, avassaladoramente, o desemprego». (1)
Como dizia Carvalho da Silva, «para a Troika e para o Governo, tudo isto são “riscos” ou “sacrifícios necessários”; o programa é perfeito e está a ser executado de forma exemplar, mesmo que se recorra a um austeritarismo nacional de empobrecimento». (2)
Neste Natal os portugueses estão mais pobres, mais tristes, e sem esperança.
Helena Marujo considera que a esperança resulta da integração de três atitudes:
Ter objetivos, acreditar que se consegue atingi-los e possuir a “capacidade de desenhar caminhos para chegar a essas metas”.
Será que os portugueses, neste contexto em que vivemos, conseguem assumir qualquer uma destas atitudes?
«O que se faz sem horizontes para fazer caminhos?
A Vida sem esperança é um deserto árido ou um deambular perdido e sonâmbulo». (3)
Precisamos de cultivar a esperança, mas é necessário que quem nos governa não seja autista, que sinta o seu povo, que aponte caminhos credíveis, que crie condições para que todos possam viver com dignidade e justiça.
Num tempo em que as sociedades democráticas estão em crise é tempo de nos unirmos em torno de causas, de nos organizarmos a nível local na luta pela justiça, pelos direitos humanos, na ajuda aos mais fracos, porque a sobrevivência do nosso país dependerá em muito desta nossa capacidade de sermos fraternos.
Neste Natal de 2012 vamos procurar a estrela que nos ajude a encontrar a esperança!
(1) Boaventura Santos, citado por Mário Soares em “Crónicas de um Tempo Difícil”.
(2) Carvalho da Silva, citado por Mário Soares em “Crónicas de um Tempo Difícil”.
(3) “Natal: Cultivar esperança, resistir à crise”, Agência Ecclesia.
Por:
Fernanda Lage
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