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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 30-05-2012

    SECÇÃO: Editorial


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    Valha-nos Santa Rita!...

    Embora pense que já não há Santa Rita que nos valha, é de tentar recorrer ao seu poder superior para resolver problemas impossíveis, como os das sucessivas crises do nosso país.

    Não me refiro à crise financeira porque essa é mais global, refiro-me a outras, às que todos os dias nos entram porta dentro, sejam elas económicas, sociais, éticas ou culturais.

    Relembro com saudade a passagem dos peregrinos a caminho da Santa Rita: manhã cedo vinham em bando, da Maia, Matosinhos, Gondomar, Santo Tirso, Paços de Ferreira, Porto e até de Gaia e Espinho, para não falar das diferentes freguesias do concelho.

    Há 50 anos a festa de Santa Rita era o grande acontecimento da terra, todos iam à festa, independentemente do seu estrato social, a gente da terra tinha o seu dia preferido na 2ª feira.

    Hoje lembro-me da Santa Rita não pela festa em si mas pela associação que faço à crença do seu poder em ajudar quem precisa e dar solução às questões consideradas impossíveis pelos vulgares mortais.

    Nesta encruzilhada em que vivemos temos que recorrer a tudo, independentemente das crenças de cada um…

    Uma coisa é certa, tudo começou com a crise financeira, crise essa que provou que o sistema capitalista é um sistema instável e que os mercados livres não são de confiança.

    A crise financeira é fruto do predomínio ascendente de uma ideologia neoliberal baseada em mercados autoreguladores que se pautam pela lógica do lucro e que se servem de sistemas financeiros sofisticados e sem escrúpulos sociais.

    Nada foi feito inocentemente, como se explica que tantos bancos tenham permitido que pessoas sem quaisquer meios tivessem adquirido hipotecas que não podiam pagar?

    «Muitos de nós julgávamos, com toda a sinceridade que tínhamos chegado ao limiar de um mundo mais justo e mais fraterno». (1)

    E os Estados, e os seus governos, andavam todos a dormir?

    Viveu-se uma ilusão que nos vai sair muito cara, mas o capitalismo na sua forma tradicional ficou abalado, «a lição do capitalismo em si é a de que nada é permanente». (2)

    Para onde caminhamos? Se caminhamos…

    Boa questão para a Santa Rita resolver!

    Este ano vou à Santa Rita, pode ser que encontre um caminho, uma alternativa menos tecnocrática, menos empresarial, que tenha em conta outros valores para além do lucro, que contemple o ser humano numa perspetiva global, que nos ajude a encontrar soluções benéficas para o mundo que habitamos, e acima de tudo, que quem quer trabalhar encontre um trabalho com dignidade.

    (1) José Mattoso, Levantar o céu – Os labirintos da Sabedoria”, Ed. Temas e Debates/ /Círculo de Leitores, 2012.

    (2) Geoff Mulgan.

    Por: Fernanda Lage

     

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