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    Arquivo: Edição de 30-01-2011

    SECÇÃO: Editorial


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    A casa é o espelho da alma de quem lá vive

    Independentemente dos autores, dos decoradores, das modas, a casa respira sempre a forma de estar e de sentir de quem lá vive, e o mesmo se pode dizer das cidades, das terras, e dos países.

    Isto foi verdadeiro durante décadas e décadas e tende hoje em dia a diminuir.

    As características individuais das pessoas e dos povos têm vindo a sofrer profundas modificações, quer de ordem cultural quer de nível tecnológico. A massificação das economias ajudadas pelos meios de comunicação destinados ao grande público consegue influenciar e orientar de uma forma uniforme e orientada em determinado sentido, influenciando dessa forma a conduta social e cultural dos povos.

    A vida era construída pedra sobre pedra, de sonhos, angústias e memórias, memórias que nos aconchegam, nos aquecem e dão sentido e razão às formas de estar na vida.

    São estas memórias que levam os Ermesindenses a olhar com afecto para os seus antepassados, a orgulharem-se da sua terra e das suas gentes. Homens e mulheres que deram um cunho especial a esta terra, pelo que faziam, pela sua conduta, pelos seus gostos, pela sua cultura. É o caso de “A Voz de Ermesinde”, património vivo que continua a guardar e a divulgar o que de mais significativo por cá se vai passando e já lá vão 51 anos como “A Voz de Ermesinde” e 53 se incluirmos os primeiros anos como “Sopa dos Pobres”.

    A nossa terra, a nossa casa mudou muito, fruto das transformações profundas da sociedade nestes tempos, mas a sua identidade de cidade nascida ao longo da via férrea continua presente, como as marcas ancestrais da sua vida agrícola, e lá continua o rio Leça que movia moinhos e regava os campos. A igreja e o seu largo, marcado com a presença de uma casa de lavoura que teima em resistir, memória da vida agrícola que passou, mas deixou as suas marcas, o Colégio de Ermesinde e a Igreja de Santa Rita, as quintas e as casas das antigas famílias da terra que se vão conservando aqui e ali…

    É desta terra que “A Voz de Ermesinde” continua a ser o arauto e no seu aniversário nós desejamos-lhe muitos anos de vida.

    Mas as casas, as terras, os países, são acima de tudo a imagem de quem lá vive, do que fazem, da sua economia, da sua cultura, da capacidade de inovação e crescimento, da sua organização, da participação colectiva das comunidades, a começar pelas estruturas mais elementares, das famílias, das relações de vizinhança, das organizações culturais, desportivas, administrativas, do poder local ao nacional.

    E hoje, mais do que nunca, esta cadeia faz todo o sentido, nunca a palavra solidariedade foi tão necessária nos últimos tempos, nunca a necessidade de mudar de vida, de fazer contas aos gastos supérfluos, de estarmos atentos aos que nos rodeiam, quer aos que precisam quer aos que gerem mal os dinheiros públicos.

    Saímos ainda há pouco tempo de umas eleições para escolher o Presidente da República e é necessário analisar com seriedade os seus resultados, nomeadamente os votos em branco e abstenções. Serão as abstenções apenas resultado dum desinteresse pela coisa pública ou serão aliados de alguns votos de contestação?

    A alienação dos problemas do País é uma realidade, habituamo-nos a deixar correr que alguém nos haveria de socorrer, hoje percebemos que essas ajudas nos saíram muito caras e temos que ir à vida, não podemos adormecer, esta casa, esta terra será o espelho de quem lá vive.

    Por: Fernanda Lage

     

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