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Edição de 29-02-2024
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    Arquivo: Edição de 15-01-2011

    SECÇÃO: Educação


    O DESAFIO DA VIDA (EDUCAÇÃO & SAÚDE)

    Integração sensorial

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    Foto JEANCLICLAC - FOTOLIA
    Foto JEANCLICLAC - FOTOLIA
    O termo integração sensorial tem um significado especial para os terapeutas ocupacionais, mas é um processo fundamental para todos nós. Nos anos sessenta, Jean Ayres, uma terapeuta ocupacional e psicóloga, estudou o cérebro e a forma como este processava a informação sensorial, para que esta possa ser aplicada na aprendizagem, nas emoções e no comportamento, criando assim a teoria de integração sensorial. Esta teoria é muito aplicada na prática da terapia ocupacional e aplicada no campo da pediatria e da educação infantil.

    Segundo esta teoria, a integração sensorial é um processo que organiza as sensações do próprio corpo e do ambiente envolvente e torna possível a utilização eficaz do corpo nesse ambiente. O cérebro deve seleccionar, promover, inibir, comparar e associar informação sensorial num padrão flexível e constantemente modificado: por outras palavras é a capacidade de organizar a informação para o uso.

    Ayres acreditava que os primeiros 7 anos de vida são um período de rápido desenvolvimento na integração sensorial. O cérebro, especialmente o cérebro novo, é naturalmente maleável, a estrutura e a função tornam-se mais firmes com a idade. O processo de integração sensorial ocorre numa sequência desenvolvimental. Os comportamentos presentes em cada estádio promovem a base de desenvolvimento de outros comportamentos mais complexos. Quando uma disfunção na integração sensorial ocorre, o processo que leva ao desenvolvimento normal da função da integração sensorial é interrompido. O cérebro funciona como um todo integrado, mas é limitado a sistemas que estão hierarquicamente organizados, ou seja, funções de nível superior (como abstracção, percepção, raciocínio, linguagem e aprendizagem) são dependentes da integridade das estruturas de nível inferior e das experiências sensoriomotoras. O bom funcionamento das estruturas superiores depende do bom desenvolvimento e funcionamento das inferiores. O processo de integração sensorial é essencial para uma correcta maturação e desenvolvimento do sistema nervoso central.

    No entanto, algumas crianças apresentam problemas que derivam de falhas na integração sensorial. Quando algum aspecto da integração sensorial não funciona correctamente, a criança pode experienciar stress e dificuldades no desempenho das suas actividades. Dificuldades como manter-se equilibrada numa cadeira, vestir-se, saltar à corda, ou comer de forma apropriada são alguns exemplos de situações que podem advir de problemas na integração sensorial. Dificuldades de aprendizagem ou défice de atenção podem também resultar de problemas neste âmbito. A criança tem consciência destas dificuldades, situação que frequentemente gera frustração. Muitas crianças com problemas deste nível, desenvolvem uma tendência para evitar ou rejeitar desafios motores de forma a evitar o sentimento de frustração por falhar. Se tal comportamento mantiver, a criança pode falhar experiências importantes e essenciais para um bom desenvolvimento, como por exemplo brincar e jogar com os colegas.

    A avaliação da integração sensorial na criança, como todas as outras áreas de terapia ocupacional, requer uma abordagem multifacetada devido à necessidade de perceber não só a condição da criança avaliada, mas também a família e os diferentes contextos em que a criança participa, onde a avaliação no contexto natural, como a escola ou o domicílio são importantes. A avaliação começa com uma compreensão geral das ocupações da criança e família, centrando-se nas preocupações e expectativas da família em relação às potencialidades e desafios que a criança encontra no desempenho das suas actividades diárias.

    Planear um programa de intervenção de terapia ocupacional para a criança com algum problema de integração sensorial requer uma análise cuidada. O processo de avaliação ajuda o terapeuta a decidir qual a melhor intervenção para cada caso, podendo passar por terapia individual, sessões de grupo e/ou consultadoria colaborativa entre pais e professores. A intervenção será sempre delineada com foco no envolvimento em ocupações de forma a suportar e potenciar a participação da criança nos seus contextos do dia-a-dia (casa, escola/infantário, entre outros). Tal situação pode passar pelo aumento da frequência de respostas adaptativas, gradualmente mais complexas, pelo desenvolvimento das competências motoras globais e finas, das competências cognitivas e de comunicação/interacção, ou aumento da auto-confiança e auto-estima, para dar alguns exemplos.

    O objectivo da terapia ocupacional passará sempre por melhorar a condição de saúde da criança e a sua qualidade de vida, através do envolvimento em ocupações e/ou actividades importantes e significativas.

    Por: João Aires (*)

    (*) Terapeuta ocupacional

     

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