Hidroterapia: saúde pela água
A utilização da água como um meio de cura data de há muitos séculos, embora apenas no fim dos anos de 1890, a reabilitação aquática tenha passado de uma modalidade passiva para uma que envolvia a participação activa do paciente.
Em muitas culturas, o uso da água mantinha uma ligação estreita com a sua adoração mística e religiosa, e ao seu percebido poder de cura. Por volta de 500 a.C., a civilização grega já não relacionava a água com misticismo e começou a usá-la mais logicamente para tratamentos físicos específicos, através de estações de banho e fontes.
Os registos históricos demonstram que, ao longo do tempo, o valor da utilização da água num programa de tratamento aumentou, e foi Johann S. Hahn (1696-1773) quem ficou conhecido como o pai da hidroterapia moderna, tendo dedicado grande parte da sua prática medicinal ao estudo e aplicação desta terapêutica nos seus próprios pacientes.
Os numerosos princípios físicos (temperatura, pressão hidrostática, flutuação, turbulência, densidade e viscosidade) que governam o comportamento da água são complexos e têm influência no processo terapêutico, sendo o meio aquático facilitador da autonomia e da participação activa do paciente, proporcionando uma enorme variabilidade de experiências motoras e sensoriais, e oferecendo oportunidades estimulantes para os movimentos que não estão incluídos nos programas tradicionais de exercícios em solo.
A atenuação da gravidade facilita o movimento e transmite uma sensação de liberdade, promovendo a autoconfiança e aumentando o potencial funcional do paciente.
A Hidroterapia ou Reabilitação Aquática é indicada em numerosas áreas: pediatria, obstetrícia, reumatologia, disfunções músculo--esqueléticas, patologias neurológicas, patologias cardiovasculares, reabilitação desportiva.
Nos seus efeitos podemos referenciar: manutenção ou aumento das amplitudes articulares (maior liberdade de movimento); facilitação dos movimentos; reeducação, fortalecimento, ou relaxamento muscular; estimulação sensorial; vasodilatação secundária; aumento da circulação periférica, pela pressão hidrostática e temperatura da água; diminuição da dor, possibilitando a realização de exercícios que em terra seriam dolorosos; aumento da capacidade respiratória; estimulação do sistema circulatório, imunitário e digestivo; efeito psicológico, melhorando a autoconfiança do paciente.
Entrar na água é uma experiência única que possibilita a oportunidade de ampliar física, mental e psicologicamente os conhecimentos e habilidades dos pacientes, e ainda permite desenvolver a socialização e a recreação.
«...A água favorece um retorno às sensações da vida uterina e da pequena infância...
O contacto do corpo com a água facilita a construção, reconstrução do indivíduo que age sobre um meio deformável e transformável...» (Michel Piednoir).
Por: Diana Silva/Joana Viterbo (*)
(*) Fisioterapeutas
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