Subscrever RSS Subscrever RSS
Edição de 31-03-2024
  • Edição Actual
  • Jornal Online

    Arquivo: Edição de 30-09-2010

    SECÇÃO: Educação


    O DESAFIO DA VIDA (EDUCAÇÃO & SAÚDE)

    Deglutição, já ouviu falar?

    O nosso desafio é esclarecê-lo e ajuda-lo a superar os obstáculos da vida para ser feliz. Somos uma equipa transdiscipliar e é para isso que existimos. Tem o nosso apoio em www.felicity.com.pt ou [email protected]

    Foto MICHAEL JUNG - FOTOLIA
    Foto MICHAEL JUNG - FOTOLIA
    Numa criança acontece cerca de 600 a 1000 vezes por dia, em adulto entre 2000 a 2600. É mais frequente durante o dia, mas mesmo durante a noite acontece. Os portuenses gostam de o fazer acompanhados de umas tripas ou de um bom vinho do Porto, os lisboetas com um pastel de nata e os madeirenses com o famoso bolo do caco. Já consegue adivinhar? Pois é, Deglutição é o nome técnico utilizado para o acto de engolir. A verdade é que esta função nem sempre recebe o valor devido e só no momento em que sofre alterações é que a sua importância no nosso dia-a-dia é valorizada.

    Apesar de parecer simples, este processo exige uma grande capacidade de coordenação motora de vários grupos musculares, para transportar o alimento desde que este entra na boca até ao nosso estômago.

    Numa breve explicação, levar o alimento até ao estômago acontece em quatro fases: Fase preparatória: corresponde ao início do processo digestivo, através da salivação, movimentação de língua e mastigação do alimento; Fase Oral: ainda uma fase consciente e voluntária, acontece a partir do momento em que o bolo alimentar está formado. Este é reunido sobre a língua e “espremido” para a faringe. Nesta transição para a próxima fase acontece ainda a subida da laringe e paragem respiratória por um tempo máximo de 1,5 segundos (principalmente nos homens, é possível observar, em frente a um espelho, o movimento que acontece na “Maça de Adão”); Fase Faríngea: consciente mas já involuntária, em que o bolo alimentar continua a ser “espremido” em direcção ao esófago, com movimentos ondulatórios da parede da faringe e encerramento da abertura para o espaço nasal; Fase Esofágica: nesta fase o bolo alimentar dá entrada no esófago e é transportado até ao estômago por movimentos peristálticos, numa acção involuntária e inconsciente.

    Ao longo da vida algumas doenças podem interferir com este processo, entre as quais alterações do sistema nervoso central (Acidente Vascular Cerebral, Doença de Parkinson, Esclerose Múltipla, Esclerose Lateral Amiotrófica, etc.), doenças neuromusculares (Miastenia Gravis) ou lesões estruturais (traumas, carcinoma, cicatrizes provenientes de cirurgia). É comum que estas patologias tragam dificuldades e em cada patologia com características diferentes. No caso de um indivíduo que sofra um AVC, por exemplo, as complicações podem ir desde dificuldade de mastigação ou movimentação de língua até à diminuição de reflexos que podem condicionar a alimentação por via oral ou até mesmo, em alguns casos levar a uma pneumonia por aspiração.

    Mesmo quando não existem patologias associadas, com o envelhecimento normal podem ocorrer algumas alterações da deglutição que afectem a qualidade de vida do indivíduo e em específicos aspectos nutricionais e/ou psicossociais. Algumas alterações morfológicas assim como diminuição da força muscular e reflexos, são, na maioria dos casos, os aspectos negativos que influenciam o processo. Alguns sinais de alerta para estas alterações podem ser:

    Tem dificuldade em mastigar a comida?

    Perde alimento pela boca enquanto come?

    Perde saliva pela boca?

    Depois de engolir ainda fica com comida na boca?

    Tem dificuldade em engolir a comida?

    Precisa de beber líquidos para empurrar a comida?

    Depois de engolir tem necessidade de tossir ou limpar a garganta?

    Quando engole sente que a comida fica presa na garganta?

    Engasga-se muitas vezes?

    Depois da refeição fica com a voz diferente?

    Na ocorrência de algum destes sinais deverá recorrer a profissionais especializados, nomeadamente o médico otorrinolaringologista, médico estomatologista, médico gastrenterologista e/ou terapeuta da fala.

    Na maioria das situações é possível diminuir os efeitos provocados por essas alterações. Alguns exemplos de estratégias que podem minimizar o impacto das alterações decorrentes do envelhecimento normal podem ser:

    Antes de iniciar a refeição o paciente deve ser colocado numa posição correcta;

    O alimento deve ser oferecido em pequenas quantidades;

    Deve-se evitar que o paciente levante a cabeça para introduzir o alimento na boca;

    A pessoa que auxilia a alimentação deve estar sempre sentada ao alimentar alguém;

    A pessoa que auxilia deve ficar ao nível dos olhos do paciente;

    A pessoa que auxilia a alimentação não deve ter pressa;

    Durante a alimentação deve-se conversar com o paciente, no sentido de perceber se existe algum problema;

    Devem ser adoptadas as manobras de deglutição recomendadas para cada paciente pelo Técnico que acompanha o caso.

    A deglutição é mais do que o acto de engolir, é um mecanismo que poderá envolver o indivíduo a nível social e pessoal. Este poderá interferir em situações de exposição relacionadas com a alimentação (refeições em locais públicos) e também com o próprio prazer que o acto nos permite. Um acompanhamento adequado nestas dificuldades pode garantir ao indivíduo a continuidade de momentos de prazer.

    Por: Fábio Reis (*)

    (*) Terapeuta da fala

     

    Outras Notícias

     

    este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu
    © 2005 A Voz de Ermesinde - Produzido por ardina.com, um produto da Dom Digital.
    Comentários sobre o site: [email protected].