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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 15-09-2010

    SECÇÃO: Educação


    O DESAFIO DA VIDA (EDUCAÇÃO & SAÚDE)

    Maus tratos à criança

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    Foto MARZANNA SYNCERZ - FOTOLIA
    Foto MARZANNA SYNCERZ - FOTOLIA
    Os maus-tratos à criança são considerados um dos maiores problemas sociais da actualidade Um estudo da UNICEF revela que todos os anos morrem cerca de 3.500 crianças, com menos de 15 anos em consequência de maus tratos nos países desenvolvidos. Contudo, só um pequeno número de casos é denunciado e investigado.

    Face a este número torna-se essencial abordar este tema e destacar os principais sinais de alerta dos maus tratos, de forma a que haja uma maior atenção sobre esta problemática e consequentemente um aumento da detecção dos casos existentes.

    É de salientar que o conceito de mau trato é muito abrangente, porque inclui não só as formas activas de violência contra a integridade física e psicológica da criança, como ainda as formas de privação, omissão ou negligência que comprometem o seu crescimento e desenvolvimento. Pode-se falar de diferentes tipos de maus tratos: maus-tratos físicos, negligência, abuso sexual e abuso emocional.

    Os maus tratos físicos abrangem todos os tipos de violência física, intencional, designadamente as acções não acidentais de um adulto que provoquem dano físico ou doença na criança ou a coloquem em risco iminente de as vir a sofrer. Os principais sinais dos maus tratos físicos são: lesões em lugares pouco comuns aos traumatismos de tipo acidental para a faixa etária da criança, como equimoses ou outros ferimentos na face; lesões desenhando marcas de objecto; queimaduras ou cicatrizes com bordos nítidos, como as queimaduras de cigarros, e com localizações múltiplas, sobretudo na palma das mãos, planta dos pés, genitais e nádegas; marcas de mordeduras e perda de cabelo; e doenças recorrentes inexplicáveis ou situação crítica não explicável pela história anterior.

    A negligência caracteriza-se por um insucesso parental na protecção face aos perigos e na satisfação das necessidades básicas da criança. Os acidentes e as necessidades não atendidas da criança constituem os indicadores desta forma de mau-trato. As crianças vítimas de negligência apresentam como sinais: atraso ou baixo crescimento, cabelo fino, arrefecimento persistente, mãos e pés avermelhados; carência de higienização, tais como sujidade, alimentação e/ou hábitos horários inadequados; vestuário desadequado em relação à época e lesões consecutivas a exposições climáticas adversas; cárie dentária; unhas quebradiças; infecções leves, recorrentes ou persistentes ou outra doença crónica que não mereceu tratamento médico; hematomas ou outras lesões inexplicadas a acidentes frequentes por falta de supervisão de situações perigosas; e, atraso no desenvolvimento sexual. Estas crianças podem apresentar um atraso em todas as áreas da maturidade, como a motricidade, socialização e linguagem; perturbações do apetite e comportamentos estranhos, como o roubo de alimentos e tendência a enfartar-se com comida; perturbações do sono, sonolência, apatia, depressão, hiperactividade e agressividade; problemas de aprendizagem e absentismo escolar; tendência à fantasia e comportamentos anti-sociais, Nestes casos há uma falta persistente dos pais ou cuidadores na procura ou acompanhamento dos menores na escola e nos cuidados de saúde.

    O abuso sexual traduz-se pelo envolvimento do menor em práticas que pretendem atingir a satisfação sexual do adulto ou jovem mais velho, nas quais este terá uma posição de poder ou autoridade sobre o menor. Os principais sinais do abuso sexual incluem: corrimento vaginal persistente ou recorrente; lesões cutâneas: rubor e inflamação. Ao nível do apetite podem apresentar anorexia e bulimia e ao nível do sono terrores nocturnos; podem ainda apresentar incontinência na urina e fezes e dores abdominais inexplicadas e recorrentes Em termos comportamentais as crianças vítimas de abuso sexual muitas vezes manifestam obediência exagerada aos adultos e preocupação em agradar, pobre relacionamento com outras crianças e comportamentos agressivos. Apresentam normalmente comportamentos sexualizados: interesse e conhecimentos desadequados sobre questões sexuais (traduzidos, por exemplo, pelo uso de linguagem específica e desapropriada para a idade); masturbação compulsiva e desenhos ou brincadeiras sexuais explícitas.

    O abuso emocional constitui um acto de natureza intencional caracterizada pela ausência ou inadequação persistente, activa ou passiva, do suporte afectivo e do reconhecimento das necessidades emocionais do menor. Este tipo de violência é um dos mais difíceis de caracterizar. Pode manifestar-se através de humilhações, indiferença, ameaças, discriminação, abandono temporário, insultos verbais, etc. Os principais sinais são: deficiências não orgânicas de crescimento, com baixa estatura, infecções, asma, doenças cutâneas, alergias; e auto-mutilação (por exemplo arranhar-se). As crianças vítimas deste tipo de abuso podem apresentar anorexia e bulimia, terrores nocturnos, incontinência na urina e fezes, falar em vez alta durante o sono e usar a posição fetal; gaguez; tonturas, dores de cabeça, musculares e abdominais sem causa orgânica aparente; e interrupção da menstruação na adolescência. Poderão apresentar ainda atraso no desenvolvimento da linguagem; perturbações da memória para as experiências do abuso; baixa auto-estima e sentimentos de inferioridade; alterações de concentração, atenção e memória e dificuldades de aprendizagem. A nível emocional poderão chorar de forma incontrolada; apresentar sentimentos de vergonha e culpa, medos concretos ou indeterminados; timidez; inadequação na maturidade, desinteresse total pela sua pessoa, higiene, roupa, aspecto.

    Os maus tratos têm repercussões bastante graves no desenvolvimento da criança, sendo assim importante intervir o mais precocemente possível. É essencial a existência de cooperação, não só das instituições competentes neste domínio, e dos profissionais que com elas trabalham, como também, da população em geral, das próprias crianças e das suas famílias. Compete a cada um de nós estar alerta e denunciar as possíveis situações.

    Por: Joana Pinto (*)

    (*) Psicóloga

     

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