SECÇÃO: Animais

Cuidados a ter em férias com os nossos animais

Aproxima-se a passos largos o Verão e com ele a época do ano em que a maioria de nós tira férias. Muitos optam mesmo por passar um período longe de casa com toda a família, incluindo os nossos animais de companhia. Apesar de ser uma altura de alegria e descontracção, estas deslocações sazonais podem acarretar alguns riscos para a saúde dos nossos amigos de quatro patas.

Em primeiro lugar é muito importante garantir que os nossos animais se encontram de boa saúde, com vacinação em dia e desparasitação interna e externa actualizada. Estes simples requisitos são essenciais para que eles possam enfrentar com sucesso todos os desafios que esta altura do ano pode trazer.

Em relação às doenças que devemos prevenir quando vamos de férias as que figuram no topo das nossas preocupações são as doenças transmissíveis por mosquitos – como a Leishmaniose e a Dirofilariose –, e a Febre da Carraça que, tal como o nome indica, é transmitida pelas carraças. Infelizmente para todos nós estas doenças são muito comuns nos destinos de praia favoritos dos portugueses (Algarve e Litoral Alentejano), bem como na maioria das regiões do interior (Trás-os-Montes e Alto Douro, Beira Interior e Alentejo Interior). Para todas estas doenças existem formas seguras e eficazes de prevenir a transmissão.

Quando preparar a viagem propriamente dita não se esqueça de garantir as condições necessárias para que tudo corra bem. Se viajar de carro não se esqueça do cinto de segurança, transportadora ou rede para separar a mala dos lugares dos passageiros. Ao contrário do que muitos de nós pensamos não é permitido viajar com os animais à solta dentro dos carros e muito menos à janela. Pode pôr em risco a segurança deles e a sua. Segundo a lei portuguesa é punível com coima o transporte de animais sem contenção. Depois de devidamente acondicionados devemos ter a preocupação de parar com regularidade e disponibilizar água fresca em quantidade suficiente. Não esqueça de usar trela durante estas paragens. Muitos atropelamentos seriam evitados se tivéssemos este cuidado. Em condições normais, excepto em trajectos superiores a 12 horas, devemos evitar alimentar os nossos animais para prevenir eventuais enjoos. Se o seu cão ou gato sofrem regularmente deste problema existem formas de o prevenir.

Se viajar de transportes públicos deverá certificar-se junto da empresa transportadora sobre as condições exigidas para o acondicionamento de animais de companhia. Será útil consultar a legislação em vigor sobre este assunto para que conheça melhor os seus direitos e deveres (Portaria nº 968/2009 de 26 de Agosto).

Ultrapassada esta etapa será importante prevenir alguns problemas que poderão surgir durante a estadia. Comece desde logo por evitar dar ossos ou restos de comida caseira. Por incrível que pareça muitas das consultas de urgência atendidas em todo o país durante a época estival devem-se à ingestão de ossos e espinhas ou a situações de gastroenterite por intoxicação alimentar. Comida cozinhada e deixada ao calor altera-se rapidamente.

Outro cuidado que deve ser reforçado diz respeito ao uso de trela. Não se esqueça que o facto de mudarmos, ainda que apenas por uns dias, de ambiente pode ser extremamente confuso para o seu animal. Esta confusão, agravada muitas vezes por mais movimento, pessoas, barulho, foguetes, pode contribuir para que ele se assuste e tenha comportamentos que não são habituais. Todo o cuidado é pouco quando se trata de evitarmos atropelamentos, fugas, agressões entre cães, acidentes com outros adultos e crianças. No que diz respeito às fugas será sempre bom pensar em recorrer à identificação electrónica, o famoso “chip”, para podermos ficar mais descansados. Por último, dê especial atenção à exposição solar e ao calor. Os nossos amigos não transpiram, estando por isso mais sujeitos a golpes de calor. Garanta-lhes o acesso incondicional a sombra e água fresca a qualquer hora do dia.

Uma última nota a todos aqueles que estão a planear uma viagem ao estrangeiro. É importante informar-se com antecedência das exigências legais dos países de destino para poder viajar descansado. Não se esqueça que em muitos países os animais de companhia são forçados a quarentena legal se não preencherem todos os critérios.

Se está a pensar em ir de férias com o seu animal de companhia, seja em direcção ao campo ou à praia, cá dentro ou para o estrangeiro, consulte o seu médico(a) veterinário(a) assistente sobre todos estes temas. Ele(a), melhor do que ninguém, poderá ajudá-lo a encontrar as melhores soluções para umas férias sem dores de cabeça.

E já agora, boa viagem! Divirtam-se!!!

Por: Miguel Mateus (*)

(*) Médico veterinário