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    Arquivo: Edição de 15-03-2010

    SECÇÃO: Gestão


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    Os PME Invest em tempos de crise (2)

    Deparamo-nos hoje em dia com a circunstância de uma crise económica grave decorrente de uma crise financeira internacional, e duma crise monetária. De facto, a força do euro face às outras moedas, especialmente o dólar americano tem afectado gravemente a actividade económica dos países da zona euro, já que a concorrência dos produtos vindos de outras zonas do mundo detêm logo uma vantagem, só pelo facto de serem comprados numa moeda mais fraca do que o Euro.

    Ainda nos lembramos da desvalorização deslizante do escudo que muito beneficiou a economia portuguesa, nomeadamente o sector exportador há algumas décadas atrás. Estas são as adversidades de natureza monetária. Mas como se não fosse suficiente, também fomos surpreendidos com uma crise financeira grave. A este propósito, quando se fala em sectores financeiros ou financiamentos, tem que se falar inevitavelmente de confiança. Normalmente a confiança está suportada nas Garantias dadas e que estão por detrás de qualquer financiamento. Ora, a principal contrapartida dos financiamentos são as garantias; os juros são apenas um prémio de risco.

    Com a crise mundial, esta confiança foi abalada, e com ela a actividade económica em geral, com os resultados que estão à vista: falências, desemprego, insegurança, instabilidade social e politica…

    É neste cenário que surgem as linhas PME Invest. Esta foi uma medida eminentemente politica, sem qualquer implicação económica.

    As primeiras linhas ainda tiveram algum alcance económico, uma vez que obrigavam a utilização para fins de Investimento; mas a partir do 3º PME Invest, bastava a intenção de utilização desses fundos em incrementos do fundo de maneio, para reestruturação financeira.

    Acontece que, quem faz a gestão destes fundos são as entidades bancárias, que estão de certa forma implicados nas relações financeiras das Empresas, ou seja, são também parte interessada. É portanto um jogo viciado à partida. De facto, o que se veio a verificar é que as propostas de financiamento foram utilizadas por dois tipos de empresas:

    Empresas que não precisavam de financiamento;

    Empresas em forte risco de crédito mal parado.

    No caso dos primeiros utilizadores a adesão que foi uma operação de oportunidade, pois ficava disponível um crédito a um custo: juro bonificado bastante apetecível e a possibilidade de aplicar a uma taxa bastante superior, gerando assim uma mais-valia especulativa sem quaisquer vantagens para efeitos económicos.

    No segundo caso, as propostas foram feitas no sentido de substituir operações de crédito em curso com taxas de juros seguramente menos favoráveis do que as do PME Invest, e com prazos também mais alargados, mas, acima de tudo com garantias mais seguras. Também nestes casos a alavanca financeira não teve efeitos em termos económicos pois do que se tratou foi apenas da substituição de créditos.

    Quem ganhou com tudo isto? Foram sempre os mesmos: aqueles que foram os responsáveis pela crise financeira.

    Este pacote de medidas, apesar de ser favorável para quem utiliza pela bonificação do juro, não traz qualquer penalização para quem os propõem. Pelo contrário! O juro é comparticipado pelo Estado (que afinal somos todos nós) e o mais importante, é que têm um acréscimo de garantia dada por uma empresa financeira: Norgarante, por exemplo, cujas comissões também são comparticipadas pelo Estado (que afinal somos todos nós). Estando avalizado 75% dos montantes pela tal empresa de Garantia Mútua, os bancos não prescindem dos avales pessoais pelo total do financiamento, e por vezes aproveitam para ganhar mais algum, obrigando à utilização de seguros de vida pela totalidade dos empréstimos, apesar do risco ser apenas de 25% dos respectivos contratos.

    Nos segundos casos, ou seja no processo de substituição das operações em curso por estas da PME Invest, mais uma vez se propõem trocar garantias menos seguras por garantias mais sólidas, já que a Norgarante é participada maioritariamente pelo Estado ou empresas públicas. E mais, a redução a prazo do nível de endividamento dessas empresas em quem os bancos não confiam e temendo transformar-se em mais mal parado.

    De facto os PME Invest foram uma jogada politica e financeira que apenas aproveitou o lobby bancário e sem qualquer repercussão na actividade económica do nosso País.

    Por: José Quintanilha

     

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