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    Arquivo: Edição de 15-02-2010

    SECÇÃO: Educação


    O DESAFIO DA VIDA (EDUCAÇÃO & SAÚDE)

    Fisioterapia na Intervenção Precoce

    O nosso desafio é esclarecê-lo e ajuda-lo a superar os obstáculos da vida para ser feliz. Somos uma equipa transdiscipliar e é para isso que existimos. Tem o nosso apoio em www.felicity.com.pt ou [email protected]

    Foto SERGEY CHIRKOV - FOTOLIA.COM
    Foto SERGEY CHIRKOV - FOTOLIA.COM
    O desenvolvimento da criança é um período de mudanças complexas e interligadas, no qual ocorre um crescimento e maturação a diferentes níveis. É nesta fase que se definem muitas características fundamentais que vão permanecer para o resto da vida, sendo o aperfeiçoamento motor o ponto de partida de todo o desenvolvimento. A independência adquirida com o andar e com a manipulação de objectos amplia a visão do mundo do ser humano, contribuindo e levando-o a progredir continuamente. Cada transformação e progresso dependem das experiências vividas; a interacção dinâmica e contínua da criança, tal como da experiência proporcionada à mesma, pelos pais e pelo contexto social, são a base deste crescimento. Por este motivo, na intervenção precoce, avalia-se não só a criança, mas também a família, contexto social e padrões de interacção entre eles.

    Na intervenção precoce, a Fisioterapia tem como objectivo o desenvolvimento de competências físicas, através da estimulação do sistema sensório-motor. O fisioterapeuta procura desenvolver capacidades motoras através de técnicas terapêuticas de neuroestimulação e neurodesenvolvimento. Desde o nascimento é essencial proporcionar à criança vivências de movimentos e posturas normais, com o objectivo de prevenir a instalação de padrões de movimentos anormais que possam vir a ser prejudiciais.

    A estimulação motora e sensorial é fundamental para o desenvolvimento de competências e habilidades físicas, para tal, o fisioterapeuta utiliza pegas manuais que proporcionam estímulos sensoriais específicos, com o objectivo de despertar uma resposta comportamental ou motora desejada. Assim, através de uma abordagem ludoterapêutica, proporciona à criança a experiência de movimento ou postura normal, para que estes sejam assimilados pelo sistema nervoso, isto é, para que a criança adquira aquele movimento como normal e o use diariamente. Por vezes, em alguns casos torna-seimportante estimular os vários sistemas sensoriais, desafiar a gravidade e dar a conhecer à criança novas experiências e movimentos, para tal recorre-se a bolas, rolos e jogos.

    A inclusão de todos os que lidam com a criança no tratamento torna-se fundamental neste processo de implementação de novos movimentos e sensações; a intervenção não deve limitar-se apenas as sessões de tratamento, esta deve ser contínua e adaptada ao contexto em que a criança está inserida.

    As alterações motoras na infância não estão relacionadas apenas com lesões neurológicas, como no caso da paralisia cerebral, um atraso no desenvolvimento motor pode também ter como factores de risco biológicos: o baixo peso à nascença, distúrbios car­diovasculares e respiratórios, infecções neonatais, desnutrição, pre­maturidade ou até mesmo a obesidade.

    É importante estarmos conscientes que cada criança apresenta o seu próprio padrão de desenvolvimento, isto porque as características inerentes a cada uma são constantemente influenciadas pela relação com o ambiente circundante e experiências proporcionadas pelo mesmo. Um bom desenvolvimento motor reflecte-se na vida futura da criança, nos aspectos sociais, intelectuais e culturais, pois as dificuldades motoras levam muitas vezes à exclusão social.

    O ambiente positivo age como facilitador do desenvolvimento motor  normal, pois possibilita a exploração e interacção com o meio. Contudo, o ambiente desfavorável lentifica o ritmo de desenvolvimento e restringe as possibilidades de aprendizagem da criança. Paralelamente aos factores de risco biológicos, as desvantagens ambientais podem influenciar negativamente a evolução do desenvolvimento motor. Desta forma, nos primeiros anos de vida é fundamental a promoção de actividades desenvolvimentais, pois estas podem ser um meio de prevenção de atrasos ou deficiências motoras que ocorram devido a um inadequado contexto ambiental. Estratégias podem ser adoptadas pelos familiares, gestos simples como a partir do 6º mês de idade dar preferência à posição de gatinhar (em vez de sentada ou deitada) ou colocar a criança no chão (em vez de estar no carrinho de bebé) são essenciais para a estimulação motora. Ao longo de todo o desenvolvimento devem ser proporcionadas brincadeiras que impliquem movimento, novas sensações, novos desafios. Nunca devemos esquecer que só a mexer é que se explora, só a explorar é que se conhece, só conhecendo se desenvolve e cresce.

    Como não só de movimento se vive, é fundamental não esquecer que a criança é um ser humano cuja sua personalidade está a ser construída, apresenta sentimentos, pensamentos, desejos e medos igualmente importantes para o seu desenvolvimento enquanto pessoa. No próximo artigo abordaremos o papel da Psicologia na equipa de Intervenção Precoce.

    Por: Cristina Camacho (*)

    (*) Fisioterapeuta

     

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