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    Arquivo: Edição de 30-12-2009

    SECÇÃO: Educação


    O DESAFIO DA VIDA (EDUCAÇÃO & SAÚDE)

    Perturbação de Gilles de Tourette, na Infância

    O nosso desafio é esclarecê-lo e ajuda-lo a superar os obstáculos da vida para ser feliz. Somos uma equipa transdiscipliar e é para isso que existimos. Tem o nosso apoio em www.felicity.com.pt ou [email protected]

    Foto SERGIY TIMASHOV
    Foto SERGIY TIMASHOV
    A síndrome de Gilles de la Tourette (SGT) é um transtorno neuropsiquiátrico, de início na infância, caracterizado por fenómenos compulsivos que dão origem a tiques motores e vocais, resultando em problemas sociais, emocionais e de adaptação e integração no meio escolar (Ramalho, Mateus, Souto & Monteiro, 2008; Fen, Barbosa & Miguel, 2001). A causa desta síndrome é genética, contudo os sintomas podem começar a manifestar-se após acontecimentos que causem stress físico ou emocional (Sampaio & Hounie, 2006).

    As perturbações de tiques incluem a Síndrome de Gilles de la Tourette, a perturbação de Tique Motor ou Vocal Crónico e a perturbação de Tique Transitório. Podemos definir tiques como movimento motor involuntário, rápido, recorrente e não rítmico (abrange normalmente grupos musculares definidos) ou produção vocal de início súbito e sem razão aparente (CID-10). Os tiques são por exemplo piscar os olhos, virar a cabeça ou os ombros, fazer gestos com as mãos ou a cabeça. Podem existir casos em que esses movimentos podem ser obscenos ou auto-agressivos (Sampaio & Hounie, 2006).

    O diagnóstico da SGT deve ser cuidado, tendo em conta que esta se pode confundir com a Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção (PHDA), na qual existe impulsividade, dificuldade em manter a atenção e em regular a actividade motora. Torna-se assim necessário perceber se existe apenas uma das perturbações ou co-morbilidade das duas (existência das duas perturbações em simultâneo). É também comum existir co-morbilidade da SGT com outras perturbações tais como as Dificuldades de Aprendizagem, as Perturbações Obsessivo-Compulsivas e as Perturbações de Comportamento (Ramalho, Mateus, Souto & Monteiro, 2008).

    A Intervenção inclui a vertente farmacológica e a vertente comportamental. Uma das técnicas utilizadas é a Técnica da Reversão do Hábito (Azrin & Nunn, 1973) que tem como objectivo a diminuição da complexidade dos tiques, de forma a fomentar a integração social da criança através da instrução acerca da consciência dos tiques. Outra das técnicas utilizadas é o registo de auto-monitorização, em que a criança, os pais ou o professor registam as situações e contextos nos quais os tiques se manifestam e a sua frequência e intensidade, facilitando tanto a intervenção como o auto-controle da criança (Ramalho, Mateus, Souto & Monteiro, 2008).

    É importante haver um envolvimento dos pais e professores e/ou educadores, que muitas vezes têm dificuldade em compreender a SGT e em saber como lidar com a mesma. Desta forma, os profissionais devem educar e desmistificar a intencionalidade voluntária dos sintomas (tiques), dar orientação sobre como devem agir perante esta síndrome, esclarecer dúvidas e fornecer estratégias terapêuticas, para que os mesmos saibam o que é a SGT (sintomas e tratamento). Os pais devem também reforçar positivamente os seus filhos e evitar puni-los (como castigar), aumentando assim a sua auto-estima e ajudando à diminuição dos tiques (Ramalho, Mateus, Souto & Monteiro, 2008; Hounie, Alvarenga, Diniz & Castillo, 2006).

    Também a escola tem um papel fundamental na vida destas crianças. Para promover a sua integração pode-se proceder a algumas medidas: modificar regulamentos e regras não adequadas a estas crianças; combinar com o professor que o aluno possa sair da sala de aula em momentos de grande tensão ou quando necessite de aliviar os tiques; e orientar a equipa pedagógica, os funcionários e os colegas de turma (Hounie, Alvarenga, Diniz & Castillo, 2006). A escola deverá ainda promover o respeito por estas crianças e pelas suas diferenças, evitando a discriminação e fomentando a inclusão e a igualdade de oportunidades (Castillo, Castillo & Souza, 2006).

    Tendo em conta a pouca informação que existe sobre a Síndrome de Gilles de la Tourette, é necessário a sensibilização dos agentes educativos e de toda a comunidade para esta problemática. O aumento de conhecimento irá favorecer a inclusão destas crianças na escola, na família e na sociedade em geral.

    Por: Joana Pinto*

    *(Psicóloga)

     

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