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    Arquivo: Edição de 20-12-2009

    SECÇÃO: Opinião


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    Regionalização

    O repetível e inconsequente tema, que dá título a este artigo, volta a ocupar os deputados socialistas que, reunidos em Beja, resolveram eleger a regionalização como questão das suas alegadas preocupações. Mas como é recorrente, para além das dúvidas que alguns dirigentes socialistas têm acerca das virtudes da divisão administrativa do país, logo os sociais-democratas se apressaram a declarar que há outras preocupações para os tempos imediatos, não estando disponíveis para discutir a regionalização antes das próximas eleições presidenciais que, como sabemos, ocorrerão somente em 2011, com a actual legislatura parlamentar, então, praticamente a meio da sua normal vigência.

    Percebendo-se o incómodo que uma eventual regionalização do país provoca a parte significativa da classe política, não será exagero ver no timing avançado pelo PSD a solução ideal para que o assunto fique a marinar pelo menos mais quatro anos, assim como se entenderá que, chegados ao momento seguinte à eleição presidencial, logo alguém venha argumentar que a coisa é demasiado importante e séria para que possa ser decidida sem um amplo e demorado debate, que o reduzido tempo que faltará para o ocaso da legislatura em curso não aconselhará abrir o respectivo dossier, até porque já se estará em vésperas de pré--campanhas eleitorais para as eleições legislativas e autárquicas, as quais não devem ser perturbadas com qualquer outro tema.

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    Como prova da convicção que temos de que a regionalização entre nós dificilmente conhecerá as páginas do Diário da República, recuperamos um “rascunho” que escrevemos em 2007 onde, a dada altura, entendíamos que o estado a que o país chegou é, essencialmente, fruto do sistema organizativo que políticos medíocres teimam em manter, dele resultando que haja uma área, a chamada grande Lisboa, que conhece bons níveis de vida, superiores à média da União Europeia, e substancialmente maiores quando comparados com os do resto do País. Por isso, não custa entender que sempre que se fala em novamente referendar a Regionalização, a classe política “residente” na Capital logo aponte todo o seu arsenal bélico para disparar em todas as direcções com os recorrentes argumentos: que o país é pequeno para ser retalhado em regiões administrativas; as regiões são mais um poleiro para os políticos e um custo adicional a suportar pelos contribuintes; os Portugueses já disseram que não querem as Regiões; se outra consulta for feita os resultados não serão diferentes, pelo que não se deve gastar dinheiro com a iniciativa, etc.. Mas o que de verdade há em todo este interesseiro e egoísta “vozeirão”, é o oculto e incontido desejo de manter uma situação político-administrativa que lhes continue a assegurar condições de manter e aumentar o seu nível de vida, oferecendo, magnanimamente, pequenas migalhas ao resto dos cidadãos para que se mantenham vivos, ainda que cada vez mais pobres, como historicamente mais convém aos detentores do poder e aos beneficiários do OE e dos fundos comunitários.

    E, noutro passo do “apontamento”, protestávamos que uma nova consulta referendária fosse precedida das seguintes decisões políticas: que as Regiões serão em número idêntico às actuais CCRs, o mesmo acontecendo quanto às áreas geográficas e sedes; definição clara das competências a atribuir e das fontes de financiamento de cada uma delas; respeito pelos resultados obtidos em cada região, reconhecendo o direito a regionalizar-se quem vote pelo “SIM”, para o que a pergunta deverá ser do género: “Concorda com a instituição em concreto da região administrativa prevista para a sua área de recenseamento?”.

    Uma consulta realizada neste ambiente será séria e possibilitará aos cidadãos de cada Região pronunciarem-se responsavelmente sobre o sistema organizativo que pretendem; não tolherá opções divergentes que possam existir em outras regiões do País; permitirá que a Comissão Nacional de Eleições elabore uma brochura com as mensagens dos defensores do “sim” e do “não” de cada Região, enviando-a atempadamente para a residência de cada eleitor; e, a partir daí, cada um terá a organização político-administrativa que a maioria escolher no respectivo acto de consulta, sem a cominação de o considerar (o referendo) não vinculativo se a ele não ocorrer, pelo menos, 50% dos eleitores inscritos, sendo oportuno lembrar que, se as eleições são válidas com qualquer percentagem de participantes, por que razão haveremos de exigir uma maioria qualificada para validar um referendo sobre a Regionalização?

    Mas será que algum dia os políticos permitirão que os portugueses digam se, efectivamente, querem ou não um país regionalizado, aspirando à subida do nível de vida que as regiões autónomas têm conhecido e ao desenvolvimento que os países organizados em regiões exibem? Não será necessário recordar que há países europeus regionalizados, não obstante se confinarem em áreas territoriais mais reduzidas que a do Portugal continental.

    Por: A. Alvaro de Sousa

     

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