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    Arquivo: Edição de 30-10-2009

    SECÇÃO: Editorial


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    Dia Mundial da Terceira Idade

    Se analisarmos as diferentes consequências do envelhecimento facilmente reconheceremos que elas são de vária ordem, sociais, culturais e não apenas físicas.

    A aposentação, quando não preparada e assumida, pode provocar sentimentos de inutilidade, de diminuição perante os outros, perda de convívio social, degradação dos padrões de vida, baixos rendimentos económicos, consumo elevado de álcool, deficiente alimentação, isolamento e solidão, contribuindo mesmo para o aumento de suicídio, sobretudo nos homens.

    O trabalho especializado é factor de marginalização e segregação dos idosos. A própria mudança das estruturas familiares desvaloriza o papel do idoso, ele deixou de ser o transmissor geracional do saber. Em muitas civilizações os anciãos eram homens respeitados, consultados em momentos difíceis da vida dos povos, eram eles que conservavam e transmitiam muitos saberes ao longo das gerações.

    Uma sociedade baseada na utilidade imediata marginaliza os não produtivos e esquece o papel das pessoas de idade como guardiães da memória colectiva. A falta de tempo para dialogar, as más condições de habitabilidade, não permitem valorizar convenientemente o papel dos idosos na família, antes pelo contrário, eles são muitas vezes precocemente considerados inúteis, criando nos idosos um sentido profundo de dependência.

    Tive a felicidade de viver longos anos na companhia dos meus avós, com eles aprendi muitas histórias e formas de fazer e contar que passaram de gerações em gerações, hoje consigo avaliar todas essas pequenas coisas de uma forma muito especial.

    Ainda a propósito do Dia Mundial da Terceira Idade Constança Paul do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar dizia: «Não há porções mágicas para um envelhecimento activo e de qualidade, o segredo é fazer o que deve ser feito durante a vida: manter amigos e relações afectivas fortes, participar na vida social, fazer exercício físico e mental, comer de forma saudável, cuidar da saúde».

    A preocupação com o corpo, com a saúde, com o exercício físico, preocupa uma classe generalizada de pessoas, o mesmo não direi no que toca ao exercício mental, onde essa preocupação é muito mais reduzida. Desenvolver ocupações que activem a mente, jogos que conjuguem várias actividades para além das físicas, não resolver demasiado os problemas pessoais dos idosos, dar-lhe alguma liberdade de gestão de pequenas coisas, deixá-los na posse de algum dinheiro, convidá-los a participar na escolha da roupa que vão vestir, dos alimentos que vão comer, isto para aqueles que têm capacidade de viver nas suas casas com a ajuda de familiares ou funcionários. Por vezes a nossa ajuda pode ser demasiada e contribuir para o apagamento de alguma vitalidade que ajuda a dar sentido à vida, uma pequena ocupação pode fazer toda a diferença.

    «Não ter nada para fazer é a felicidade das crianças e a infelicidade dos anciãos», Victor Hugo.

    Por: Fernanda Lage

     

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