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    Arquivo: Edição de 15-10-2009

    SECÇÃO: Editorial


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    Outono com sol radioso será mesmo bom?

    Não sei se é bom ou mau agoiro este sol radioso de Outono, julgo que foi bom para a época das vindimas e das colheitas, para a realização das feiras de S. Miguel, para as eleições e campanhas eleitorais. Os alunos regressaram às escolas vestidos com roupas de Verão e ar muito festivo, o sol – além de nos aquecer –, irradia felicidade e alegria.

    O sol é bom mas não é suficiente, antes pelo contrário, que digam os povos onde as secas sucessivas e duradoiras transformaram terras cultivadas em desertos.

    Envolvidos em campanhas, debates, análises políticas, desconfianças e mal dizeres nem nos apercebemos que iniciámos um novo ano escolar, em que todos estamos envolvidos, alunos, professores, funcionários, pais e encarregados de educação.

    Resolvida a contenda das eleições surgem-nos os jornais cheios com o ranking das escolas e, naturalmente, as análises e comentários dos mesmos. Nunca será demais reflectir na contradição existente nestes dados em relação às escolas públicas e à sua obrigação de aceitar todos os alunos e de os integrar independentemente do seu percurso escolar. Continuo a louvar e a distinguir muitas escolas que têm que fazer esforços desdobrados par atingir mínimos de rendimento escolar, escolas onde os professores, para além das tarefas normais do ensino, são assistentes sociais, amigos que ajudam e encaminham muitos jovens, perfeitamente abandonados de afecto e sem regras mínimas de convivência social, para quem a escola é uma obrigação que não entendem, nem é valorizada pela família.

    Porque o dia 16 de Outubro é Dia Mundial da Alimentação não podia deixar de lembrar a pobreza e a fome no mundo.

    «A Pobreza não é uma inevitabilidade. É uma violação dos Direitos Humanos», apontou Edmundo Martinho, presidente do Instituto de Segurança Social.

    O relatório elaborado pela ONU e Pela FAO para a Alimentação e a Agricultura afirma que mais de um bilião de pessoas passam fome no mundo, na sua maioria mulheres e crianças.

    «A segurança alimentar não diz respeito apenas a alimentos, mas afecta também a nossa segurança global. A fome crónica ameaça indivíduos, a estabilidade de governos, sociedades e fronteiras», observou recentemente Hillary Clinton.

    Numa manifestação realizada pelo CCFD (Comité Católico contra a Fome e pelo Desenvolvimento), em Paris, à frente da Ópera Gamier, havia um cartaz que dizia: «A fome não é uma calamidade, é um escândalo».

    Ainda a propósito do Dia Internacional da Alimentação, Jacque Riout, da FAO, diz numa entrevista realizada em França: «Gastamos 1,34 biliões de dólares todos os anos em armamento. E não podemos dispensar 44 mil milhões para a vida?».

    E continua: «Não se investiu o suficiente na agricultura nos países pobres», e eu acrescentaria e é por aí que temos de começar.

    Abandonou-se a agricultura, por imposição económica, pela invasão das terras por tropas, por falta de braços que se desviaram para a guerra, por falta da qualidade dos terrenos devido às alterações climatéricas ou ao cultivo intensivo de determinados produtos. Tudo isto agravado com uma crise económica e financeira que empurra todos os dias milhares de trabalhadores para o desemprego e para a fome.

    Aumenta o número de desempregados de longa duração e estes não sabem nem têm capacidade para produzir alimentos.

    As nossas aldeias estão despovoadas e os campos ao abandono e não há quem os queira cultivar. Importamos muito e produzimos muito pouco.

    Por: Fernanda Lage

     

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