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    Arquivo: Edição de 10-07-2009

    SECÇÃO: Gestão


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    O mundo das empresas em Portugal

    Parece-vos bem isto, peixes? Representa-se-me que com o movimento das cabeças estais todos dizendo que não, e com olhardes uns para os outros, vos estais admirando e pasmando de que entre os homens haja tal injustiça e maldade! Pois isto mesmo é o que vós fazeis. Os maiores comeis os pequenos; e os muito grandes não só os comem um por um, senão os cardumes inteiros, e isto continuadamente sem diferença de tempos, não só de dia, senão também de noite, às claras e às escuras, como também fazem os homens.

    Extracto de “Sermão de Sto António aos Peixes"

    Padre Antonio Vieira

    Ao olhar para o panorama empresarial em Portugal surgiu-me uma imagem do Sermão de Stº. António aos Peixes, que metaforicamente compara o mar com o mundo dos Homens, todavia a ambição e a soberba leva a que os grandes aniquilem os pequenos, muito para além da lógica de sobrevivência, quebrando o equilíbrio da diversidade e das diferenças que caracterizam a imensidão dos mares e oceanos e também das sociedades e do mundo empresarial, que representa uma paleta multicolor que importa evidenciar.

    O mundo empresarial em Portugal e em geral todas as organizações, têm as suas especificidades e os seus objectivos subordinados a diferentes valores. Assim, temos por exemplo as empresas públicas cujo móbil é a prestação de serviços à comunidade e por outro lado as privadas que, para além da sua missão social, atribuem ao lucro um valor fundamental, ele próprio factor de sobrevivência e de renovação permanente.

    Mas, voltando à ideia do Padre António Vieira, o mundo empresarial português tem uma diferença fundamental: são os peixes grandes e os peixes pequenos. E o que é que se tem verificado? É que a gula e a voracidade dos grandes vão aniquilando os pequenos criando assim um desequilíbrio estrutural na nossa sociedade. Tal como dizia Padre António Vieira, o sal conserva, o sal regula, o sal racionaliza e repõe equilíbrios.

    Vos estis sal terrae. Haveis de saber, irmãos peixes, que o sal, filho do mar como vós, tem duas propriedades, as quais em vós mesmos se experimentam: conservar o são e preserva-lo, para que se não corrompa. Estas mesmas propriedades tinham as pregações do vosso pregador Santo Antonio, como também as devem ter as de todos os pregadores. Uma é louvar o bem, outra repreender o mal: louvar o bem para o conservar e repreender o mal para preservar dele. Nem cuideis que isto pertence só aos homens, porque também nos peixes tens seu lugar. Assim diz o grande doutor da Igreja S. Basílio: …

    Extracto de “Sermão de Sto António aos Peixes"

    Padre Antonio Vieira

    As pequenas e micro empresas representam mais de 90% do tecido empresarial português e são responsáveis por mais de metade dos postos de trabalho em Portugal. Será que estes números não são importantes para o equilíbrio social e económico do país? Este universo empresarial está ou não fragilizado? Será justo estas empresas sucumbirem face aos interesses monopolistas dos grandes tubarões que operam no nosso país?

    Já tivemos oportunidade de falar dos grandes interesses financeiros da banca e empresas assimiladas, das gasolineiras e dos carteis em que se organizam, da própria comunicação social que quase sempre está condicionada por interesses económicos e políticos… e mais uma vez: “com papas e bolos se enganam os tolos!...”

    Esta realidade empresarial deveria ser objecto duma maior atenção por quem de direito, pois é aqui que se gera a riqueza do país. Há que identificar necessidades e realidades próprias de cada sector, protegendo o que de facto interessa, atender às fragilidades e regular o sistema evitando desvios indesejáveis.

    As pequenas e micro empresas deviam ser objecto de um quadro regulamentar próprio que pusesse cobro à degradação que tem sido evidente nestes últimos tempos, com politicas fiscais e financeiras que as viabilizassem e que lhes desse espaço para crescer e para se fortalecerem, dando assim eco às energias e iniciativas empresariais subjacentes. A concorrência devia ser assegurada de forma a evitar fenómenos monopolistas que fatalmente condenam à partida as empresas nascentes.

    Politicas de fomento à iniciativa, justiça, segurança e quadros fiscais adequados precisam-se! Para tratar diferentemente aquilo que é diferente.

    Por: José Quintanilha

     

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