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    Arquivo: Edição de 30-06-2009

    SECÇÃO: Psicologia


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    A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE MENTAL

    Transtorno de Personalidade Limítrofe ou Borderline

    Este é um espaço de reflexão e diálogo sobre temas do domínio da Psicologia, que procurarei dinamizar com regularidade, trazendo para aqui os principais problemas do foro psicológico que afectam pessoas de todas as idades.

    Na qualidade de psicóloga estou disponível para os leitores de “A Voz de Ermesinde” me poderem colocar as questões que desejarem ver esclarecidas, através de carta para a redacção deste quinzenário ou para o seguinte “e-mail”: [email protected]

    O Transtorno de Personalidade Limítrofe (TPL), também conhecido como Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é definido como um gravíssimo transtorno de personalidade caracterizado por desregulação emocional, raciocínio “8 ou 80” (“branco e preto”, totalmente bom e totalmente mau) extremo ou cisão e relações caóticas. Com tendência a um comportamento agressivo, também é acompanhado por impulsividade autodestrutiva, manipulação, conduta suicida, bem como esforços excessivos para evitar o abandono e sentimentos crónicos de vazio, tédio e raiva. Por vezes, o transtorno é confundido com depressão ou com o transtorno afectivo bipolar.

    O transtorno borderline é um grave distúrbio que afecta seriamente toda a vida da pessoa acometida causando prejuízos significativos, tanto ao indivíduo limítrofe como às pessoas à sua volta. Frequentemente, eles precisam de ser medicados (antidepressivos, antipsicóticos, ansiolíticos, etc.), para tentar reduzir as consequências incontroláveis que a doença traz. Além disso, o acompanhamento psicológico é muito importante.

    Os sintomas aparecem durante a adolescência ou nos primeiros anos da fase adulta e persistem geralmente por toda a vida. Essa fase pode ser desafiadora para o paciente, seus familiares e para os seus terapeutas, mas na maioria das vezes a severidade do transtorno diminui com o tempo. Pelo facto dos sintomas eclodirem principalmente na adolescência, muitas vezes os pais ou familiares acham que é mera rebeldia própria da idade. Contudo, não fazem ideia que estão diante de um ser com um grave distúrbio.

    ACENTUADA

    IMPULSIVIDADE

    A característica essencial do Transtorno da Personalidade Borderline é um padrão invasivo de instabilidade dos relacionamentos interpessoais, auto-imagem e afectos, e acentuada impulsividade que está presente numa variedade de contextos. Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline fazem esforços frenéticos para evitarem um abandono real ou imaginado. A percepção da separação ou rejeição iminente ou a perda da estrutura externa podem ocasionar profundas alterações na auto-imagem, afecto, cognição e comportamento. Estes indivíduos são muito sensíveis às circunstâncias ambientais. Eles experimentam intensos temores de abandono e raiva inadequada, mesmo diante de uma separação real de tempo limitado ou quando existem mudanças inevitáveis dos seus planos (por ex., reacção de súbito desespero quando o clínico anuncia o final da sessão; pânico ou fúria quando alguém que lhes é importante se atrasa apenas alguns minutos ou precisa cancelar um encontro). Eles podem acreditar que este "abandono" implica que eles são "maus". Esse medo do abandono está relacionado com uma intolerância à solidão e com uma necessidade de ter outras pessoas consigo. Os seus esforços frenéticos para evitar o abandono podem incluir acções impulsivas tais como comportamentos de automutilação ou suicidas. Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline têm um padrão de relacionamentos instáveis e intensos. Podem idealizar potenciais cuidadores ou amantes já no primeiro ou no segundo encontro, exigir que passem muito tempo juntos e compartilhar detalhes extremamente íntimos na fase inicial de um relacionamento. Pode haver, entretanto, uma rápida passagem da idealização para a desvalorização, por achar que a outra pessoa não se importa o suficiente, não dá o bastante, não está "ali" o suficiente. Estes indivíduos podem sentir empatia e carinho por outras pessoas, mas apenas com a expectativa de que a outra pessoa "esteja lá" para também atender às suas próprias necessidades, quando exigido. Estes indivíduos estão inclinados a mudanças súbitas e dramáticas nas suas opiniões sobre os outros, que podem ser considerados, alternadamente, como suportes benévolos ou como cruelmente punitivos. Tais mudanças reflectem, frequentemente, a desilusão com uma pessoa cujas qualidades de devoção foram idealizadas ou cuja rejeição ou abandono são esperados. Pode haver um distúrbio de identidade, caracterizado por uma auto-imagem ou sentimento de self acentuado e persistentemente instável. Mudanças súbitas e dramáticas são observadas na auto-imagem, caracterizadas por objectivos, valores e aspirações profissionais em constante mudança. O indivíduo pode exibir súbitas mudanças de opinião e planos acerca da carreira, identidade sexual, valores e tipos de amigos. Estes indivíduos podem mudar subitamente do papel de uma pessoa suplicante e carente de auxílio para um vingador implacável de maus-tratos passados. Embora geralmente possuam uma auto-imagem de malvados, os indivíduos com este transtorno podem, por vezes, ter o sentimento de não existirem em absoluto. Tais experiências ocorrem, habitualmente, em situações nas quais o indivíduo sente a falta de um relacionamento significativo, carinho e apoio.

    INSTABILIDADE

    AFECTIVA

    Estes indivíduos podem apresentar pior desempenho em situações de trabalho ou escolares não estruturados. Os indivíduos com este transtorno exibem impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente prejudiciais para si próprios. Podem jogar, fazer gastos irresponsáveis, comer em excesso, abusar de substâncias ou dirigir de forma imprudente. As pessoas com Transtorno da Personalidade Borderline apresentam, de maneira recorrente, comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou comportamento automutilante. O suicídio ocorre em 8 a 10% desses indivíduos, e os actos de automutilação (por ex., cortes ou queimaduras), ameaças e tentativas de suicídio são muito comuns.

    Tentativas recorrentes de suicídio são, frequentemente, a razão pela qual estes indivíduos procuram auxílio. Tais actos autodestrutivos são, geralmente, precipitados por ameaças de separação ou rejeição ou por expectativas de que assumam maiores responsabilidades. A automutilação pode ocorrer durante experiências dissociativas e, frequentemente, traz alívio pela reafirmação da capacidade de sentir ou pela expiação do sentimento de ser mau.

    Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline podem apresentar instabilidade afectiva, devido a uma acentuada reactividade do humor (por ex., disforia episódica intensa, irritabilidade ou ansiedade, em geral durando algumas horas e apenas raramente mais de alguns dias). O humor disfórico básico dos indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline muitas vezes é perturbado por períodos de raiva, pânico ou desespero e, raramente, é aliviado por períodos de bem-estar ou satisfação. Esses episódios podem reflectir a extrema reactividade do indivíduo a stresses interpessoais. Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline podem ser incomodados por sentimentos crónicos de vazio. Facilmente entediados, podem estar constantemente a procurar algo para fazer. Os indivíduos com este transtorno expressam, muitas vezes, raiva intensa e inadequada ou têm dificuldade para controlar sua raiva. Podem exibir extremo sarcasmo, persistente amargura ou explosões verbais. A raiva frequentemente vem à tona quando um cuidador ou amante é visto como negligente, omisso, indiferente ou prestes a abandoná-lo. Tais expressões de raiva, frequentemente, são seguidas de vergonha e culpa e contribuem para o sentimento de ser mau. Durante períodos de extremo stress, podem ocorrer ideação paranóide ou sintomas dissociativos transitórios (por ex., despersonalização, mas estes em geral têm gravidade ou duração insuficiente para indicarem um diagnóstico adicional. Estes episódios ocorrem mais comummente em resposta a um abandono real ou imaginado. Os sintomas tendem a ser transitórios, durando minutos ou horas. O retorno real ou percebido do carinho da pessoa cuidadora pode ocasionar uma remissão dos sintomas.

    Por: Joana Dias

     

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