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    Arquivo: Edição de 15-06-2009

    SECÇÃO: Gestão


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    Altura de eleições

    Recordo-me do tempo em que era dado valor ao voto. Na altura do 25 de Abril dizia-se que uma das maiores conquistas da Revolução dos Cravos eram, indubitavelmente, os direitos de participação, de cidadania e das escolhas das políticas por parte de cada cidadão.

    Este direito de livre escolha, ligado a outros como o associativismo e a participação de todos na vida política, veio dar uma maior plenitude ao ideal de liberdade que então renasceu!...Este foi talvez, o aspecto central das conquistas de Abril.

    Mas como “não há bela sem senão” também surgiram os partidos!...Tal como acontece em outras situações, o surgimento dos partidos e a sua acção tem na sua origem princípios louváveis e que decorrem do próprio direito à associação e comunhão de princípios ideológicos, e permitem a discussão interna de ideias num processo virtuoso de participação política.

    Com o tempo, verificaram-se muitos desvios a este espírito inicial, de onde emerge uma lógica de Poder e que leva à degeneração dos valores iniciais. Com os interesses que gravitam à volta desse Poder, criou-se uma teia de lobbies económicos, obsessões pessoais, demagogias de toda a ordem, apregoando ideais obsoletos, meias verdades…que é o mesmo que meias mentiras, num ambiente envolto em corrupção e escândalos, numa guerra em que vale tudo para atingir o Poder, que cada vez é menos legítimo.

    Será uma crise do sistema económico? e do sistema político? Faltarão agentes reguladores? As regras do jogo social, económico e político estarão devidamente formuladas?… e a Justiça? Aonde estão os princípios de Justiça que levaram à Revolução dos Cravos?

    O Povo é sábio! ... E diz que “com papas e bolos se enganam os tolos”, e é esta demagogia que leva a que nos actos eleitorais a discussão política de ideias seja substituída pelo arremesso de acusações recíprocas e infundadas de uma violência atroz; o contacto dos candidatos partidários com os eleitores tem-se revelado duma falsidade quase obscena e a apresentação de propostas não passa de puras ilusões.

    Em suma, a caça ao voto tem-se revelado uma intrujice que leva ao crescente desinteresse, demonstrado pela abstenção crescente nos actos eleitorais, o que sugere que em vez do voto, o Povo responda com a célebre imagem de Rafael Bordalo Pinheiro, do Zé Povinho, numa imagem perfeitamente à altura face à degradação a que assistimos através dos media; também estes, comprometidos com o sistema e parte interessada, amplificando ou silenciando a seu belo prazer, em função de interesses económicos ou grupos políticos e do share, que se sobrepõem à isenção da informação, a transformam em espectáculo, fomentando e incendiando as emoções.

    Perante todo este vazio, numa atitude politicamente correcta, venho apelar ao voto no dia das eleições … já agora votem no Vazio.

    Por: José Quintanilha

     

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