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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 31-05-2009

    SECÇÃO: Psicologia


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    A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE MENTAL

    Transtorno da Personalidade Dependente

    Este é um espaço de reflexão e diálogo sobre temas do domínio da Psicologia, que procurarei dinamizar com regularidade, trazendo para aqui os principais problemas do foro psicológico que afectam pessoas de todas as idades.

    Na qualidade de psicóloga estou disponível para os leitores de “A Voz de Ermesinde” me poderem colocar as questões que desejarem ver esclarecidas, através de carta para a redacção deste quinzenário ou para o seguinte “e-mail”: [email protected]

    A característica essencial do Transtorno da Personalidade Dependente é uma necessidade invasiva e excessiva de ser cuidado, que leva a um comportamento submisso, aderente e ao medo da separação.

    Este padrão começa no início da idade adulta e está presente numa variedade de contextos. Os comportamentos dependentes e submissos visam obter atenção e cuidados e surgem de uma percepção de si mesmo como incapaz de funcionar adequadamente sem o auxílio de outras pessoas.

    Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Dependente têm grande dificuldade em tomar decisões corriqueiras (por ex., que cor de camisa usar para ir para o trabalho ou se devem levar o guarda-chuva), sem uma quantidade excessiva de conselhos da parte dos outros.

    Estes indivíduos tendem a ser passivos e a permitir que outras pessoas (frequentemente uma única pessoa) tomem iniciativas e assumam a responsabilidade pela maioria das áreas importantes das suas vidas. Os adultos com este transtorno tipicamente dependem de um dos pais ou do cônjuge para decidir onde devem viver, que tipo de trabalho devem ter e com que vizinhos devem fazer amizade. Os adolescentes com o transtorno podem permitir que os seus pais decidam o que devem vestir, com quem devem sair, como devem passar o seu tempo livre e que faculdades devem frequentar. Esta necessidade de que os outros assumam a responsabilidade extrapola os pedidos de auxílio adequados à idade e à situação (por ex., as necessidades específicas de crianças, pessoas idosas e pessoas deficientes).

    O Transtorno da Personalidade Dependente pode ocorrer num indivíduo que possui uma séria condição médica geral ou deficiência, mas, nestes casos, a dificuldade em assumir responsabilidades deve ir além daquela que normalmente estaria associada a esta condição ou deficiência.

    Como temem perder o apoio ou aprovação, os indivíduos com Transtorno da Personalidade Dependente muitas vezes têm dificuldade em expressar discordância relativamente a outras pessoas, especialmente àquelas das quais dependem. Estes indivíduos sentem-se tão incapazes de funcionar sozinhos que preferem concordar com coisas que consideram erradas, a arriscarem a perda da ajuda daqueles em quem procuram orientação. Eles não ficam zangados quando seria adequada essa sua reacção com as pessoas cujo apoio e atenção necessitam, por medo de que se afastem. Se as preocupações do indivíduo relativas às consequências de expressar discordância são realistas (por ex., temores realistas de retribuição de um cônjuge abusivo), o comportamento não deve ser considerado uma evidência de Transtorno da Personalidade Dependente.

    Os indivíduos com este transtorno têm dificuldade em iniciar projectos ou fazer coisas de maneira independente. Carecem de autoconfiança e acreditam que precisam de auxílio para iniciar e realizar as suas tarefas. Esperam que os outros "dêem a partida", por acreditarem que, via de regra, os outros sabem fazer melhor. Estes indivíduos têm a convicção de serem incapazes de funcionar de modo independente e apresentam-se como ineptos e carentes de constante auxílio. Entretanto, tendem a funcionar adequadamente quando recebem a garantia de que receberão supervisão e aprovação de outra pessoa. Podem ter medo de parecer ou de tornar-se mais competentes, por acreditar que isto levará ao abandono. Uma vez que confiam nos outros para a solução de seus problemas, frequentemente não aprendem as habilidades de uma vida independente, desta forma perpetuando a dependência.

    Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Dependente podem ir a extremos para obterem carinho e apoio, chegando ao ponto de se oferecerem para realizar tarefas desagradáveis, se este comportamento for capaz de trazer-lhes os cuidados de que necessitam. Dispõem-se a fazer as vontades dos outros, mesmo que as exigências sejam irracionais. A sua necessidade de manter um vínculo emocional importante frequentemente resulta em relacionamentos desequilibrados ou distorcidos. Podem fazer sacrifícios extraordinários ou tolerar abuso verbal, físico ou sexual (cabe notar que este comportamento deve ser considerado evidência de Transtorno da Personalidade Dependente apenas quando for claramente estabelecido que o indivíduo não dispõe de outras opções).

    Os indivíduos com este transtorno sentem desconforto ou desamparo quando estão sozinhos, pelo medo exagerado de serem incapazes de cuidar de si próprios. Podem "ficar colados" a outras pessoas importantes nas suas vidas apenas para não ficarem sozinhos, mesmo que não tenham interesse ou envolvimento no que está a acontecer.

    Quando um relacionamento significativo termina (por ex., fim de um namoro; morte de um dos pais), os indivíduos com Transtorno da Personalidade Dependente podem sair urgentemente em busca de outro relacionamento que ofereça os cuidados e o apoio de que necessitam. A crença na sua incapacidade de funcionar na ausência de um relacionamento íntimo motiva estes indivíduos a envolverem-se rápida e indiscriminadamente com outra pessoa.

    Os indivíduos com este transtorno em geral preocupam-se com temores de que serão abandonados à própria sorte. Vêem-se tão dependentes dos conselhos e ajuda de outra pessoa, que se preocupam com um eventual abandono da parte desta, mesmo quando tais temores se não justificam.

    Para serem considerados evidências deste critério, os temores devem ser excessivos e irrealistas. Por exemplo, um homem idoso com cancro que se muda para a casa de um filho para obter auxílio, apresenta um comportamento dependente adequado, dadas as suas circunstâncias de vida.

    Por: Joana Dias

     

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