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    Arquivo: Edição de 31-05-2009

    SECÇÃO: Educação


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    O DESAFIO DA EDUCAÇÃO

    Hiperactividade e Défice de Atenção

    O grande desafio que se coloca aos pais é a procura de melhores respostas para as diferentes situações ao longo do desenvolvimento dos seus filhos.

    Este espaço pretende informar e responder a questões generalizadas na área do desenvolvimento da linguagem e da aprendizagem e suas implicações no percurso escolar. Para um maior esclarecimento: [email protected] ou www.elisabetepinto.com

    Na edição de 30 de Março do corrente ano, foi publicado o artigo sobre Hiperactividade e Défice de Atenção, onde se pôde verificar uma breve definição da problemática e explicitação das características mais relevantes na sua identificação. Este artigo tem vindo a gerar o interesse de diversos pais e docentes, no sentido de lhes serem facilitadas informações mais detalhadas acerca das reais dificuldades destas crianças e dos comportamentos ou procedimentos a serem adoptados em relação a elas.

    Deste pedido resultou numa palestra que já teve o seu efeito positivo, contudo é pertinente que aqui sejam descritos alguns tópicos de fácil compreensão para que os demais docentes e pais os possam conhecer.

    De forma sucinta, a Hiperactividade e Défice de Atenção é uma síndrome neurológica, cuja avaliação depende dos factores de exclusão e inclusão observados na criança (já descritos na edição de 30/03/09), por equipa multidisciplinar. Trata-se de uma das perturbações mais frequentemente diagnosticadas em neurologia infantil (Vilariño, 2009). Estas crianças convivem mal com as suas dificuldades de auto regulação cognitiva e comportamental, com a incapacidade de inibir comportamentos inapropriados, com a impossibilidade de se manterem sistematicamente atentas a tarefas ou estímulos, com a incessante busca de estímulos novos, com os imparáveis movimentos dos pés, mãos, braços e cabeça, com a incapacidade de gerir adequadamente os seus espaços e, sobretudo, de organizar o seu tempo (Lopes, 2004).

    Foto JAIMIE DUPLASS
    Foto JAIMIE DUPLASS
    Contudo, os sintomas sofrem alterações à medida que a criança cresce, sendo que alguns se agravam e outros se atenuam. Segundo os investigadores Gutiérrez-Moyano e Becoña (1989) as crianças com idades compreendidas entre os zero e os dois anos manifestam como principais sintomas: (1) descargas mioclónicas durante o sono; (2) problemas no ritmo do sono e durante a alimentação; (3) períodos curtos de sono e despertar sobressaltado; (4) resistência aos cuidados habituais; (5) reactividade elevada aos estímulos auditivos; (5) irritabilidade. Entre os dois e os três anos de idade, assumem como comportamentos de maior relevância: (1) actividade motora excessiva; (2) imaturidade da linguagem expressiva; (3) escassa consciência do perigo; (4) propensão para sofrer numerosos acidentes. Aos quatro e cinco anos de idade, para além de alguns dos já descritos se manterem, acrescentam-se: (1) problemas de adaptação social; (2) desobediência social; (3) dificuldades em seguir normas. A partir dos seis anos de idade, os sintomas que permanecem e se podem agravar são: (1) impulsividade; (2) défice de atenção; (3) insucesso escolar; (4) comportamentos anti-sociais; (5) problemas de adaptação social.

    Na base das questões levantadas pelos que lidam diariamente com esta problemática, encontra-se a necessidade de saberem “como agir”. Perante tais cenários de carácter evolutivo e de trato delicado, o saber tomar a melhor atitude em determinadas situações pode significar a conquista do domínio sobre os interesses e as necessidades destas crianças. Diversos autores Parker (2003), Sena e Neto (2007), Antier (2000), Garcia (2001) e Polis (2008) confluem num mesmo sentido, quanto às atitudes a serem tomadas pelos pais e pelos docentes, tais como: (1) usar um programa de reforço conjunto, para reforçar positivamente comportamentos adequados; (2) exigir consenso / coerência no cumprimento das regras estabelecidas pelo conjunto de professores e/ou membros da família; (3) dar conhecimento, à criança, dos limites a que está sujeita e dos diferentes castigos ou recompensas relativos a cada comportamento e respectivas pontuações; (4) evitar deixar que a criança os convença a desistir da punição; (5) evitar falar demasiado, discutir ou censurar verbalmente a criança, enquanto a conduzem ao local do castigo; (6) não permitir que a criança os intimide fisicamente, no sentido de os convencerem a desistirem de fazer cumprir a totalidade do castigo; (7) manter a postura de optimista, paciente e persistente com a criança; (8) manter e transmitir ânimo perante os obstáculos; (9) reforçar o que há de melhor na criança; (10) evitar comparações entre os filhos/alunos; (11) promover o diálogo com a criança, sobre o que ela sente; (12) dar ordens directas e claras, uma de cada vez; (13) lembrar aos alunos/filhos as regras da escola/casa e promover a sua discussão entre todos, com exemplos de situações em que são ou não cumpridas; (14) utilizar o contacto visual para controlar os comportamentos, manter o ritmo das tarefas e avisar/explicar quando vai passar de uma tarefa para outra.

    A Síndrome de Hiperactividade e Défice de Atenção resulta de forma diferente em cada criança, assim como os procedimentos que adoptamos em cada situação. A forma mais eficaz de contornar os fracassos e multiplicar os sucessos é, sem dúvida, a procura de (in)formação correcta e útil para o dia-a-dia. Aqui fica a sugestão de algumas referências bibliografias de carácter prático que podem ser consultadas quer pelos pais, quer pelos docentes: (1) Sena, S., Neto, O. (2007), “Distraído e a 1000 à hora”, Porto Alegre: Artmed; (2) Parker, H. (2003), “Desordem por Défice de Atenção e Hiperactividade”, Porto: Porto Editora; (3) Polis, B. (2008), “Só o amor o pode salvar”, Lisboa: Verso de Kapa.

    Por: Elisabete Pinto

     

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